sexta-feira, 10 de maio de 2019



O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. 


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O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto).

Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega que perpassa o movimento.



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Profundas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o período, tais como a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.

O balanço - Nicola Lancret




O movimento tem características reformistas, pois seu intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma nova organizaçõ econômica liderada pelo pensamento burguês.

Ao passo que os textos produzidos no período convencionado de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental).

Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:

a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia.

b) ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.



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Tomás Antonio Gonzaga


Apaixonou-se por Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília. Inspirado em sua própria história de amor, escreveu sua obra mais importante: Marília de Dirceu.



Com forte cunho autobiográfico, os versos de Marília de Dirceu fazem referência ao amor proibido de Maria Joaquina Doroteia Seixas e do poeta, que se vê refletido nos versos como o pastor Dirceu.

Dirceu é, portanto, sujeito lírico de Gonzaga, e canta seu amor pela pastora Marília, sujeito lírico de Maria Joaquina. Era uma convenção da altura cultuar as musas como sendo pastoras.



É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho e mais que um trono.



Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.


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Claudio Manoel da Costa


Toda a sua criação literária de Cláudio Manuel da Costa está em Obras Poéticas, obra que reúne a produção lírica do poeta, sonetos, éclogas, epicédios, cantatas e outras modalidades, e que dá início ao Arcadismo Brasileiro. Essa publicação marcou a fundação da Arcádia Ultramarina, uma instituição cultural onde os poetas se reuniam para escrever e declamar seus poemas.

Destes penhascos fez a natureza
 O berço em que nasci! Oh, quem cuidara
 Que entre penhas tão duras se criara 
Uma alma terna, um peito sem durez


Arcádia Ultramarina

Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundada em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana.
Principais características

- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas(gênero satírico).

O Uraguai, poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas, antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores. O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.



Cartas Chilenas é uma obra escrita pelo poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). Trata-se de uma das obras satíricas mais emblemáticas desse período.

Ela é composta por diversos poemas que ficaram conhecidos na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), Minas Gerais, no contexto da Inconfidência Mineira.

Por esse motivo, os textos que circulavam na cidade no final do século XVIII, foram marcados pelo anonimato de seu autor. Durante muito tempo, foram analisadas as cartas para saber quem era o real escritor.

A obra recebe esse nome pois Critilo (pseudônimo do escritor) é morador da cidade de Santiago no Chile, que na verdade é Vila Rica, em Minas Gerais. Ele escreve 13 cartas para seu amigo Doroteu, que na verdade é Tomás Antonio Gonzaga, outro Inconfidente.



O foco central da obra é revelar a corrupção de Luís da Cunha Meneses, governador da Capitania de Minas Gerais. Ele governou o Estado entre os anos de 1783 e 1788.

Nas cartas, ele é referenciado como o “Fanfarrão Minésio”.


- influência da filosofia francesa;

- mitologia pagã como elemento estético;

- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;

- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;

- pastoralismo: poetas simples e humildes;

- bucolismo: busca pelos valores da natureza;

- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;

- tom confessional;

- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;

- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.
Termos em latim

O uso de expressões em latim era comum no neo-classicismo. Elas estavam associados ao estilo de vida simples e bucólico. Conheça algumas delas:

Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.

Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;

Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos;

Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.

Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios.


Fontes:
culturagenial.com
todamateria.com.br
soliteratura.com.br
google.com.br
passeiweb.com

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