quarta-feira, 8 de maio de 2019





“Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? 

“Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?”

Segregado por seus pares, no Senado, Catilina ouve o duro discurso acusatório de Marcus Tullius Cícero - então Cônsul de Roma com poderes excepcionais conferidos pelos Senadores romanos (pintura de Cesare Maccari, 1888).




“Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? 
Quam diu etiam furor iste tuus nos eludet? 
Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia? 
Nihilne te nocturnum praesidium Palati, nihil urbis vigiliae, nihil timor populi, nihil concursus bonorum omnium, nihil hic munitissimus habendi senatus locus, nihil horum ora voltusque moverunt? 
Patere tua consilia non sentis, constrictam iam horum omnium scientia teneri coniurationem tuam non vides? 
Quid proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris, quos convocaveris, quid consilii ceperis, quem nostrum ignorare arbitraris? 
O tempora, o mores! 
Senatus haec intellegit. Consul videt; hic tamen vivit. 
Vivit?”




Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há-de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas?


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Marco Túlio Cícero (Marcus Tullius Cícero) (03/01/106 a.C. - 07/12/43 a.C.) foi o mais brilhante advogado romano, fantástico orador, doutrinador e humanista sensível – a ponto de sua enorme compreensão humana dos fatos políticos ter-lhe custado momentos críticos de hesitação e mudanças, isso em um período marcado por crises republicanas, ascenção da ditadura de Caio Júlio César (Caius Julius Caesar) e a consequente morte da República – que tanto defendera.

Cícero, a par de sua carreira de advogado, foi questor em 75 a.C. (com 31 anos), Edil em 69 a.C. (com 37 anos), e Pretor em 66 a.C. (com 40 anos). Presidente do Tribunal de “Reclamação” e Cônsul eleito, quando tinha apenas 43 anos.

Foi exercendo o consulado que Cícero destruiu a conspiração liderada por Lúcio Sérgio Catilina, para derrubar a República.

O Senado concedeu a Cícero o Senatus Consultum de Re Publica Defendenda – algo parecido com os poderes excepcionais no Estado de Sítio.

Nessa condição, Cícero fez Catilina deixar voluntariamente a cidade – varrido por quatro discursos memoráveis, chamados Catilinárias, que até hoje são exemplos estupendos de oratória.

As Catilinárias formam um conjunto acusatório, expondo as tramas, conspirações, corrupções e até mesmo excessos pessoais de Catilina e seus seguidores. Denunciam simpatizantes de Catilina no Senado Romano, qualificando-se como patifes, corruptos e maus pagadores, que viam Catilina como uma espécie de esperança desesperada.


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Catilina




Cícero, ao invés de decretar a execução, exigiu que Catilina e os seus seguidores deixassem a cidade. Quando acabou o seu primeiro e memorável discurso, Catilina saiu do Templo de Júpiter Estator. Nos discursos seguintes, já sem a presença de Catilina, Cícero dirigiu suas catilinárias ao Senado Romano

A crise, contudo, não se resolveu com o exílio voluntário de Catilina, pois a conspiração continuou. Entra em cena o tribuno Caio Júlio César, que impediu a aplicação da pena de morte a Catilina e seus seguidores e pregou a prisão perpétua dos conspiradores, contrariando outro grande Senador, Catão, que defendeu a pena de morte e obteve a aprovação do Senado.


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Cícero discordava de César e Catão – ele entendia que Catilina e os conspiradores, ainda que nefastos, mereciam um julgamento formal. Porém, sem outra saída senão aceitar a ordem do Senado, ordenou que os conspiradores fossem levados a Tuliano, onde foram estrangulados.

Constrangido com o espetáculo das execuções, Cícero fez questão de acompanhar o ex-cônsul Públio Cornélio Lêntulo Sura, um dos conspiradores, a Tuliano. Por salvar a República Romana, Cícero recebeu o título honorífico de “Pai da Pátria”. Porém, passou o resto da vida temendo ser julgado ou exilado pelo fato de ter condenado cidadãos Romanos à morte sem julgamento.


Por suas desavenças públicas com Marco Antônio, Cícero caiu em desgraça, vindo a ser assassinado quando se dirigia para o exílio na Macedônia.



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Assassinato de Cícero


O discurso de Cícero é atual até os dias de hoje, onde políticos e administradores fazem da coisa pública algo a ser fruto de seus próprios interesses, e se utilizam do poder que é emanado do povo, e deveria servir ao povo, uma coisa privada com fins de ilicitude, desperdício e corrupção.






Fontes:

arqnet.pt/portal/discursos
ambientelegal.com.br/cicero
wikipedia.org
google.com.br

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