sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O calendário Juliano vigente até final do século XVI, já não atendia mais as necessidades da contagem do tempo pois estava defasado em quase uma semana. Foi então que o Papa Gregório XIII, através da bula papal chamada de "Inter Gravíssimas" criou o calendário atual, chamado de gregoriano que ajustava o ano civil ao ano solar.


Papa Gregório XIII



A origem do nome calendário vem do latim  calendarium que marcava as calendas que indicavam as datas religiosas.

O calendário gregoriano foi criado em 24 de dezembro de 1582, e inseriu a festa pagã em homenagem ao Sol. O solstício de inverno no Hemisfério Norte acontece entre 21 e 22 de dezembro, a noite mais longa. A partir daí os dias começam a durar mais e o Sol volta a reinar. Nas culturas antigas, ditas pagãs, era uma época de fertilidade e fartura, não por acaso o nascimento do Cristo foi consagrado para 25 de dezembro.


O calendário gregoriano é divido em 12 meses com 28, 29, 30 ou 31 dias. O mês de Fevereiro é composto de 28 dias e 29 dias no ano bissexto.


Os meses são:

Janeiro - homenagem ao deus Janus que tem uma face para o passado e outra para o futuro.




Fevereiro - origem na festa pagã chamada de Februália ou Purificação, onde eram oferecidos sacrifícios aos mortos para apaziguá-los.



Março - homenagem ao deus da guerra romano Marte, ou Apolo na mitologia grega.



Abril - a versão mais aceita é originado no latim aperire, relacionado a abertura das flores na primavera do hemisfério Norte.



Maio - homenagem à deusa Maia, deusa da fecundidade, mãe de Hermes, o mensageiro dos deuses.

deusa Maia


Junho - homenagem à deusa Juno, esposa de Júpiter e defensora das mulheres.

Juno

Julho - homenagem a Júlio César, ditador romano e criador do Império Romano.

Júlio César

Agosto - homenagem a outro imperador romano Augusto César, que reformou as estruturas do Império Romano.


Augusto César

Setembro - Era o sétimo mês do calendário romano, antes da reforma de Pompílio. Outubro era o oitavo mês, Novembro o nono mês e dezembro o décimo mês do calendário romano antes da reforma de Pompílio.


Numa Pompílio

Hoje comemoramos o réveillon, palavra que vem do francês réveiller, que significa acordar ou reanimar.

Normalmente acordamos para um novo início, um novo recomeço.



Fontes:



agenciabrasil.ebc.com.br
google.com
significados.com.br
brasil.elpais.com


 Nosso blog atingiu a marca de 100 mil visualizações!



Desejamos a todos um Feliz 2022 com muita saúde, paz e sucesso.






quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 Vamos falar hoje da obra Tristão e Isolda.


Fruto de mitos celtas da Idade Medieval transmitidos por via oral entre os povos celtas e normandos, conta e história do cavaleiro Tristão da Cornualha, península da Grã Bretanha, e a princesa escocesa Isolda.





Órfão de pai e mãe desde cedo, Tristão foi criado pelo cavaleiro Rohalt, quem achava ser seu verdadeiro pai. É sequestrado  por comerciantes irlandeses e abandonado na Cornualha.


Seu pai adotivo o localiza e conta toda a verdade para ele. Tristão descobre também que o rei da Cornualha é seu tio Marco da Cornualha.




Seu tio Marco está noivo da bela Isolda, mas o rei tem uma dívida com Moholt, um cavaleiro, que segundo alguns textos é irmão de Isolda. Nessa dívida todos os anos o rei deve enviar ao guerreiro Moholt  300 jovens castos, 150 rapazes e 150 donzelas.

Para livrar o tio dessa infame dívida Tristão aceita duelar com Moholt e o mata, sendo ferido por ele com uma lança envenenada.

Nesse ponto a lenda se assemelha com Édipo Rei de Sófocles que mata a Esfinge para livrar Tebas de uma dívida semelhante e depois descobre que o rei de Tebas Laio e a rainha Jocasta são seus pais verdadeiros.




Ferido e moribundo com o veneno, Tristão vai para a Escócia para morrer. Lá, ele é ajudado pela princesa Isolda, sem saber tratar-se da noiva de seu tio Marco.

Tristão é encarregado de trazer a noiva para a Cornualha, e na viagem de volta se apaixonam. (semelhante a lenda de Lancelot e Guinevere, do Rei Arthur).

Isolda ca com Marco,mas a paixão arrebatadora por Tristão faz com que ambos virem amantes.






No final o casal é descoberto e Tristão foge e se casa com outra mulher, filha do Duque da Bretanha, também chamada Isolda, a das mãos brancas.

Tristão é novamente ferido em combate e pede a sua amada Isolda, a loura,  que o socorra.

Combinam que se o navio que vier da Cornualha estiver com velas brancas, é um sinal que Isolda está nele, se vier com velas pretas, porém, significa que Isolda não vem.

Enciumada, Isolda, a das mãos brancas, manda o barqueiro estender velas negras, e diz a Tristão que sua amada Isolda, a loura está morta. Desesperado Tristão toma um veneno e morre. Isolda chega e ao vê-lo estendido no chão o beija apaixonadamente, sorvendo parte do veneno e morrendo também. (Essa passagem lembra o clássico de Shakespeare : Romeo e Julieta)

Essa linda e triste história de amor inspirou vários artistas durante vários séculos. 

Em 2006 chegou aos cinemas uma nova versão, Tristan & Isolde, produzida por Ridley Scott, estrelada por James Franco e Sophia Myles.


Here without you - 3 Doors Down
Filme de 2006 - Tristão e Isolda


Richard Wagner compôs a ópera Tristão e Isolda baseado na história.


Tristão e Isolda - Wagner



Fontes:



wikipedia.org
google.com
youtube.com
todamateria.com.br
infopedia.pt
infoescola.com

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Vamos falar hoje do romance do escritor paraibano José  Américo de Almeida, a Bagaceira.




A bagaceira foi publicado em 1928 e é considerado ao lado de Macunaíma de Mário de Andrade o inicio do romance regionalista do Modernismo brasileiro.

"Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurreição de cemitérios antigos — esqueletos redivivos, com o aspecto terroso e o fedor das covas podres. Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas. Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos do seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão do s maus fados. Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo. Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mão s abanando. Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos — doentes da alimentação tóxica — com os fardos das barrigas alarmantes.. Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma . Eram os retirantes. Nada mais. (Cap. I pag.8)


Bagaceira é o resto de cana moída nos engenhos que ficam ao redor da moenda. 

Dagoberto, dono do Engenho Marzagão, aceita receber retirantes que fugiam da seca.


Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. N ã o tinham press a em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos do seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão do s maus fados. Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo. (p 8).

 

Para Dagoberto, o ato de acolher aqueles miseráveis era misto de piedade e de usurpação de uma mão de obra barata, que deveriam se sentir agradecidos por trabalharem no engenho.

Dentre esses retirantes estavam a jovem Soledade, seu pai, Valetim Pedreira e seu afilhado Pirunga.

Lucio, estudante da capital, filho de Dagoberto, passa suas férias na fazenda, e pouco a pouco, cresce uma afeição dele por Soledade.

Seu pai, no entanto, tem outros planos e estupra Soledade fazendo-a sua amante.

"Lúcio sabia da pureza do sertão; por isso andando com Soledade, nos descampados, respeitava-a, 'com a ideia fixa da honra sertaneja'. E, um dia percebendo-lhe certas malícias inquietou-se: '- Já teria o pudor deteriorado pela contaminação da bagaceira ?" (p.76)

É uma história de sofrimento e dor dos caboclos que são obrigados a deixarem sua terra natal, romper os laços umbilicais de sua existência e viverem da caridade, vendendo seu trabalho por uma choupana e um pedaço de carne de charque e farinha.

Como dizia Valentim Pedreira: "Ninguém pergunta ao retirante de onde vem ou para onde vai. É um homem que foge do seu destino."

O romance segue sua saga com outros retirantes, outras vidas que tiveram roubadas sua dignidade e suas raízes.

No fim desolado por outra leva de retirantes sem destino e perspectivas Lúcio lamenta que seus ensinamentos não melhoraram em nada a vida daqueles pobres coitados.




"Lúcio espiou para baixo e viu a estrada coalhada de sertanejos expulsos de suas plagas pelo clima revoltado. Voltou-se para a população amotinada: — A vossa submissão era filha da ignorância e da miséria. Eu vos dei uma consciência e um braço forte para que pudésseis ser livres.  Relanceou a vista pela paisagem do trabalho organizado. Só a terra er a dócil e fiel. Só ela se afeiçoara ao seu sonho de bem-estar e de beleza. Só havia ordem nessa nova face da natureza educada por sua sensibilidade construtiva. E recolheu-se com um travo de criador desiludido: — Eu criei o meu mundo ; ma s nem Deus pôde fazer o homem à sua imagem e semelhança.. (p.141/142 - capítulo final).


Fontes:

de Almeida, José Américo -A Bagaceira - Ed. José Olympio
wikipedia.org
esquerdadiario.com.br
nossomundoliterario.com.br
blogletras.com




quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

 Vamos falar hoje do radialista, ator, compositor e apresentador Vicente Leporace.





Vicente Federice Leporace (seu nome completo) nasceu em São Tomás de Aquino, no sul de Minas Gerais, sendo que posteriormente sua família acabou se mudando para a cidade de Franca, interior do estado de São Paulo, onde estudou, fez amigos e onde trabalhou como radialista na rádio local.


Quando estourou a Revolução Constitucionalista de 1932, Vicente Leporace estava com 20 anos de idade e acabou, assim como milhares de jovens da época, se engajando no conflito.
Mais tarde, iniciou sua carreira, a convite do famoso apresentador Blota Júnior, na Rádio Clube Hertz, na cidade de Franca onde morava, emprego onde exerceu diversas atividades desde varredor de estúdio a rádio ator.
Depois juntamente com seu amigo e ator Xisto Guzzi foram para a cidade de Santos, no litoral paulista onde trabalhou em cassinos e cafés e também como radialista na Rádio Atlântica de Santos.

Em 6 de maio de 1937, na capital paulista foi anfitrião para festa de inauguração da Sociedade Brasileira de Rádio Difusão, a PRH-9, na companhia do maestro e compositor José Nicolini,  muito conhecido na rádio por aquela época.
Dentro dessa emissora de rádio, Vicente Leporace passou a inovar o elenco, contratou cantores e inclusive o grupo “Demônios da Garoa”, fazendo a audiência crescer cada vez mais.

Em 1949, recebeu o convite dos diretores Tito Batini e Mário Civeli para integrar ao elenco do filme “Luar do Sertão”, juntamente com Fernando Baleroni, Nhá Barbina, Nena Batista e Isaura Bruno, entre outros.
Um ano depois atua em seu segundo filme “A Vida é Uma Gargalhada”, uma comédia sob a direção de Mário Santos, onde Vicente trabalhou ao lado de Arrelia, Randal Juliano, Adoniran Barbosa e Dupla Ouro Preto, entre outros.

No início da década de 50 foi para a rádio Record, a PRB-9 de São Paulo, onde passou a apresentar o programa “Jornal da Manhã”, onde além de apresentador, também redigia as notícias.
Paralelamente ao rádio, continuou suas atuações no cinema em filmes como “Sai da Frente” (1952), “Sinhá Moça” (1953), “Uma Pulga na Balança” (1953), “Nadando em Dinheiro” (1953), “Na Senda do Crime” (1954), “É Proibido Beijar” (1954) e “Carnaval em Lá Maior” de 1955.

Nesse mesmo ano veio para a televisão, na TV Record, canal 7 de São Paulo, onde iniciou o seu programa “Gincana Kibon”, que estreou no dia 17 de abril de 1955, onde Vicente comandou e apresentou esse programa infantil, dominical, na qual eram exibidos números de diversas escolas infantis de danças, também jovens instrumentistas e diversos jogos, e a cada programa era sorteado um aniversariante para comemorar a data com um bolo gelado da Kibon, que era a patrocinadora do programa.
Durante esse período Vicente Leporace dividiu o palco com Clarice Amaral, Cidinha Campos e Durval de Souza, entre outros, em diferentes épocas.

Paralelamente ao programa “Ginkana Kibon” na TV Record, Vicente Leporace também passou em 1962, a atuar como jornalista e radialista, pela Rádio Bandeirantes – PRH-9 de São Paulo, onde passou o apresentar o programa “O Trabuco”, diariamente na parte da manhã, onde Leporace lia as notícias publicadas nos jornais daquele dia e também fazia comentário com muita ironia e inteligência, que por muitas vezes acabaram na justiça.

Vicente Leporace e Clarice Amaral (Grande Ginkana Kibon)




Em 1968, criticou as áreas governamentais e por muito pouco quase todo o seu programa seria proibido pelos militares e censores da época.


O Trabuco 




Mas, o programa teve prosseguimento e tornou-se um símbolo em defesa dos oprimidos e um refrão ficou muito famoso quando dizia “Assino e Dou Fé!”, e durou por 16 anos.

Durante os anos 50 e 60, Vicente Leporace também compôs algumas música juntamente com Hervé Cordovil, canções como “Jangada”, “O Rei do Samba”, “Onde Estou?” “Pode Ficar”, “Porque” e “Prelúdio”, canções essas que foram gravadas por Jorge Goulart, Elza Laranjeira, José Tobias, Leny Eversong, Silvio Caldas e Carmélia Alves, entre outros.



Prelúdio - Silvio Caldas


Em 1966, Vicente continuou seu programa na rádio “O Trabuco”, e também foi para a extinta TV Excelsior de São Paulo, onde voltou a trabalhar como ator, na novela “Redenção”, que ficou no ar entre maio de 1966 à maio de 1968, considerada a novela mais longa do Brasil, com roteiro de Raimundo Lopes e direção de Waldemar de Moraes e Reynaldo Boury.
A história foi sobre um jovem médico que chegou na cidade de Redenção e despertava a paixão de três lindas jovens, Lola, Marisa e Ângela com que ele acaba se casando, que era filha do sapateiro Carlo, interpretado por Vicente Leporace.

Miriam Muller, Vicente Leporace e Lélia Abramo
Novela Redenção




Vicente continuou seu programa na rádio e em 1969, também assinou um contrato com a TV Bandeirantes, canal 13 de São Paulo, onde passou a apresentar o jornal “Titulares da Notícia”, ao lado de Maurício Loureiro Gama, José Paulo de Andrade, Lourdes Rocha, entre outros, um programa que já havia sido um sucesso pela rádio.
Ainda em 1969 , Vicente Leporace atuou como narrador do documentário “O Gigante, a Hora e a Vez do Cinegrafista”, do diretor Mário Civelli.

O programa “O Trabuco” foi apresentado por Vicente Leporace até o sábado do 15 de abril de 1978, e curiosamente nesse programa ele comentou sobre um possível problemas de saúde, ironizando a possibilidade de alguns políticos de se enfartarem diante da notícia que seria comunicada na segunda-feira sobre o anúncio dos próximos governadores.
Mas ironicamente quem acabou sendo vitimado acabou sendo o próprio Leporace, que acabou falecendo no dia seguinte, dia 16 de abril de 1978, aos 66 anos de idade.

Dentre os sonhos não concretizados por Leporace ficaram a edição de um jornal de bairro em Santo Amaro, em São Paulo, que teria circulação diária e que chegou a ser registrada como “O Trabuco”, o mesmo nome de seu programa de rádio, mas infelizmente nunca se concretizou.

Vicente Leporace faleceu de edema pulmonar por volta das 19 horas e 30 minutos, em sua residência na Água Branca, em São Paulo, após o jantar, quando conversava com familiares.
Ele tinha 66 anos e era casado com Ivone de Biasi Leporace, com quem teve dois filhos: Eduardo e Liana.
Seu corpo foi velado no Teatro Bandeirantes, na avenida Brigadeiro Luís Antônio e foi sepultado no Cemitério da Lapa, em São Paulo.


Fontes:
alemdaimaginacao.com
wikipedia.org
google.com
youtube.com
ampulhetavirtual.blogspot.com

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 Mar morto de Jorge Amado.




O romance do escritor baiana Jorge Amado foi publicado em 1936, quando ele tinha 24 anos.

O livro fala sobre o personagem Guma e sua amada Livia, e a dura vida do mar, velhos marinheiros que remendam velas, os mestres de saveiros, o povo pobre e preto do cais da Bahia.


É doce morrer no mar - Dorival Caymmi

" É doce morrer no mar.... Lívia soluça. Ampara Judith no seu peito, mas soluça também, soluça pela certeza que seu dia chegará e o de Maria Clara e o de todas elas. A música atravessava o cais para chegar até elas."

O romance fala sobre a dura vida dos pescadores, dos perigos de suas investidas noite afora no mar escuro. Fala de suas crendices, seus santos, suas superstições.

O livro tem personagens como Rosa Palmeirão, prostituta dona de bar e muito valente e ousada.

"Rosa Palmeirão tem navalha na saia.
Tem brincos no ouvido e punhal no peito.
Não tem medo de rabo-de-arraia.
Rosa Palmeirão tem corpo bem feito."

Tem a bela mulata Esmeralda, mulher de Rufino, amigo de Guma, que se insinua para Guma.

"- Não quer entrar, vizinho  ?

- Tou bem, vizinha]

Ela convida com um sorriso:

-Entre. Sentado fica mais à vontade.

Ele relutou. Estava bem ali mesmo, não demoraria entrar em casa, Livia não devia tardar. Esmeralda falou :

- Tá com medo dela ou de Rufino ? Rufino tá viajando..." (p.138)


A traição de Guma o atormenta no decorrer da história. Ele traiu sua mulher e seu amigo. Rufino desconfia de Esmeralda e conta para Guma, que sofre ainda mais.

Com o tempo Esmeralda deixa de assediar Guma, o que o deixa enciumado sabendo que certamente, agora, ele tem outro amante.]


Um dia Rufino procura Guma.


"- Ela me botou chifre !

- Quem ?

- Corno, é o que eu sou.

E explicou: 

- Eu já tava com a pulga atrás da orelha. Botei os olhos em cima, acabei descobrindo a safadeza. Hoje achei uma carta dele.

- Quem era ?

- Um marinheiro do Miranda. O navio saiu hoje, por isso ele não engole um pedaço de ferro.

- O que é que tu vai fazer ?

- Eu vou ensiná a ela. Brincou com a minha amizade. Eu gostava daquela mulata um pedaço, seu mano.

- O que tu vai fazer ? Tu não vai se desgraçar por causa dela ?" (p.168)

 

Rufino sai com Esmeralda de barco, revela que sabe de tudo e que vai matá-la. Sabendo que vai morrer a mulata conta tudo para ela, inclusive de Guma.

Rufino a mata e depois se atira no mar. 

 

Guma fazia transporte de roupas de contrabando para o árabe Toufick. Iam até o navio que ancorava longe do quebra mar e de lá tiravam as sedas. Era noite de temporal. Com Guma iam Toufick, Haddad e um outro árabe jovem, Antônio filho do patrão F.Murad.


A tempestade aumenta e as ondas destroçam o saveiro. Os tubarões atacam e matam Haddad, Guma nada com Toufick nas costas. Já na praia encontra F. Murad que implora que ele salve seu filho, Antônio. Extenuado, Guma volta para o mar e resgata Antônio, os tubarões os perseguem. Sem forças Guma deixa Antônio à vontade das ondas, que o levam para a praia. Guma no entanto é alcançado pelos tubarões e desaparece.


"Foi aqui que o corpo de Guma desapareceu. Mestre Manuel para o saveiro, baixa as velas. No Viajante sem Porto estão Dr. Rodrigo, Manuel, o velho Francisco, Maneca Mãozinha, Maria Clara, e Lívia sem lágrimas." (p.215)


" - Vejam! Vejam! É Janaína.

Olharam e viram. Dona Dulce olhou também da janela da escola. Viu uma mulher forte que lutava. A luta era seu milagre. Começava a se realizar. No cais os marítimos viam Iemanjá, a dos cinco nomes. O velho Francisco gritava, era a segunda vez que ele a via.

Assim contam na beira do cais." (p. 227)



Fontes:

Mar Morto - 1935 - Amado Jorge - Círculo do livro
esquinadacultura.com.br
jorgeamado.com.br
wikipedia.org
palavradofinfgidor.blogspot.com
youtube.com


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

No dia 16 de dezembro de 1865 nascia, no Rio de Janeiro, o jornalista e escritor Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Bilac é considerado o mais importante dos poetas parnasianos do Brasil. Apesar de ter ingressado nos cursos de medicina e de direito, não concluiu nenhum deles. Ele preferia a vida de jornalista, poeta e as rodas de boêmia e de literatura do Rio. Por conta de sua profissão e de seu contato com intelectuais e políticos arranjou o emprego de inspetor escolar. Na vida pessoal, foi apaixonado por Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Mas, o casamento não aconteceu, pois a família dela não acreditava em um futuro promissor ao lado de Bilac.







Ele voltou a noivar, desta vez com Maria Selika, mas este relacionamento também não evoluiu para um casamento. Com isso, ele nunca se casou e nem teve filhos. Republicano e nacionalista, ele escreveu a letra do Hino à Bandeira (1907) e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Por conta disso, foi preso e ficou quatro meses na cadeia. No fim da sua vida e reconhecido, Bilac recebeu o título de professor honorário da Universidade de São Paulo. Também foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon, em 1907. Bilac morreu no dia 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro.


Letra do Hino à Bandeira Nacional 
Letra: Olavo Bilac /Música Francisco Braga


Salve lindo pendão da esperança! 
Salve símbolo augusto da paz! 
Tua nobre presença à lembrança
 grandeza da Pátria nos traz. 


Recebe o afeto que se encerra
em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra, 
Da amada terra do Brasil! 

Em teu seio formoso retratas 
Este céu de puríssimo azul, 
A verdura sem par destas matas, 
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
 
Recebe o afeto que se encerra 
Em nosso peito juvenil, 
Querido símbolo da terra, 
Da amada terra do Brasil! 

Contemplando o teu vulto sagrado, 
Compreendemos o nosso dever, 
E o Brasil por seus filhos amado, 
poderoso e feliz há de ser! 

Recebe o afeto que se encerra 
Em nosso peito juvenil, 
Querido símbolo da terra, 
Da amada terra do Brasil! 

Sobre a imensa Nação Brasileira, 
Nos momentos de festa ou de dor, 
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor! 

Recebe o afeto que se encerra 
Em nosso peito juvenil, 
Querido símbolo da terra, 
Da amada terra do Brasil!



Fontes:
seuhistory.uol.com.br
marinha.mil.br
letras.mus.br

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

 

Vamos abordar hoje a peça Mandrágora de Nicolau Maquiavel.





Maquiavel é um escritor italiano conhecido mundialmente por seu livro O Príncipe no qual faz reflexões sobre como se deveria governar um território e por isso, ainda é muito consumido por aspirantes a políticos e para os que gostam desses assuntos. Nascido no ano de 1469 o escritor presenciou uma Europa que acabara de sair da Idade Média por isso em suas obras critica os antigos costumes e tem uma visão, relatada em seus escritos, dessa nova fase que a humanidade ocidental estava a iniciar; seus pensamentos modernos fazem dele um dos maiores estudiosos do período do Renascimento, onde explorou áreas como a filosofia, história, música e literatura. No que diz respeito a esta última existem três títulos que foram traduzidos para o Brasil: Belfagor, o Arqui-diabo; A Mandrágora; e O Príncipe.




Mandrágora é uma planta da família da Solanaceae de origem eurasiana, herbácea, acaule, dotada de flores campanuliformes (forma de sino) e frutos bacáceos. Seus frutos amarelos, carnosos. arromáticos e tóxicos eram chamados de "as maçãs do diabo" pelos árabes devido a supostos efeitos afrodisíacos. As várias crendices e lendas ao redor desta planta provavelmente se originaram do fato de ela possuir uma raiz principal bifurcada bastante ramificada, muitas vezes assemelhando-se à forma humana.




No Filme Harry Potter e a Câmara Secreta a planta é citada como tarefa dos alunos que devem replanta-las em outros recipientes.


Maquiavel



A Mandrágora é uma comédia escrita pelo italiano Nicolau Maquiavel. Considerada uma obra-prima do Renascimento italiano. Composta de um prólogo e cinco atos, é uma sátira poderosa à corrupção da sociedade italiana da época. O título da peça faz referência a mandrágora uma planta cujas raízes são atribuídas propriedades afrodisíacas. Acreditava-se que a obra havia sido escrita em 1518, mas estudos recentes apontam que pode ter sido escrita quatro anos antes. Foi publicada pela primeira vez em 1524.


Conta a história do jovem florentino Calímaco, que por conta de uma aposta, conhece e passa a desejar furiosamente uma mulher casada que não consegue ter filhos com seu marido. Para conquistá-la, com ajuda de um jovem embusteiro, de um frei sem escrúpulos e da mãe da recatada esposa, ele finge ser médico e receita um tratamento a base de mandrágora, uma planta afrodisíaca.

Mandrágora


A história se passa em Florença em 1504. Calimaco, recém chegado de Paris apaixona-se por Lucrécia, que é casada com o ingênuo doutor Messer Nicia, um doutor da lei amargurado por não ter tido um filho. Calímaco, com a ajuda do servo Siro e do astuto amigo Ligúrio, finge ser um médico famoso e convence Messer Nicia de que a única maneira de fazer sua esposa engravidar seria obrigá-la a tomar uma infusão de mandrágora. Entretanto diz que o primeiro homem que mantiver relações sexuais com ela morrerá envenenado. Nicia recusa-se de imediato, porém Ligúrio intervém e encontra, rapidamente, uma solução ao raptarem um rapaz e fazê-lo ter um encontro com sua esposa, o que deixa Nicia um pouco tranquilizado, porém perplexo pois alguém terá que deitar-se com sua esposa. Ligúrio trama com Calímaco para que este vista-se de rapaz e que tenha uma noite com sua paixão. Calímaco, vestido de rapaz, é golpeado e trazido a casa de Nicia e, enfim é trazido até o leito de Lucrécia. Esta por fim, é convencida por frei Timóteo a consumar o ato adúltero, e no momento em que é revelada a verdadeira identidade de Calímaco, ela concorda finalmente em tornar-se sua amante. Após a noite do engano, Calímaco, desta vez fazendo-se de médico novamente, consegue de Nicia, satisfeito com a futura paternidade, autorização para habitar em sua casa.





A estrutura da peça teatral evidencia a crítica social de Maquiavel à vida e à política florentina. O enredo social é formado primeiramente por um doutor em Direito, Nícias Calfúcio que, segundo Maquiavel, (…) em Boécio (Buezio) aprendeu normas legais .O neologismo italiano Buezio, adaptado pelo tradutor para o português como Boiécio, é uma tentativa de Maquiavel de, no “Prólogo”, dar ao espectador – ou leitor – uma alusão à estupidez de Nícias que, mesmo sendo doutor, é engenhosamente enganado pelo jovem Calímaco, figura cheia de virtùe de fortuna, que nos faz lembrar o protótipo político estabelecido por Maquiavel na obra O Príncipe: César Bórgia, filho do Papa Alexandre VI.


Além destes, constituem o enredo os seguintes personagens: um corrupto frade servita, Frei Timóteo; o servo fiel Siro; Ligúrio, amigo e mediador do romance com Lucrécia; Sóstrata, sogra do doutor Nícias, e Lucrécia, a esposa deste; além de uma mulher anônima que aparece em cena breve mas, extremamente, importante junto ao frade servita, na Cena 3 do Terceiro Ato.
     

                       A Mandrógara - Prólogo
"Que Deus vos salve, ouvintes meus benignos, pois depender parece do agrado que eu vos der essa
bondade. Se guardando silêncio vós seguirdes, conhecer podereis novo caso surgido nesta terra.
Atentai no cenário, tal como se apresenta: esta é a nossa Florença (de outra feita será Roma ou
Pisa); e a coisa é de se morrer de riso. Esta porta que fica à minha destra é a casa de um doutor,
que aprendeu muitas leis lendo Boiécio

2. Aquela rua que vedes lá na esquina é a Rua do Amor,
onde quem cai não se levanta mais. Conhecereis depois, pelo trajo de um frade, qual abade ou
prior mora no templo que está posto em frente, se não fordes embora antes do tempo.
Um mancebo, Calímaco Guadagni,
3
que chegou de Paris, mora acolá, naquela porta à esquerda.
Entre os demais alegres companheiros traz ele claras marcas do primado no garbo e no donaire.
Uma jovem prudente acendeu-o de amor e, por isto, enganada foi, tal como ouvireis; e eu
desejara que enganadas como ela fôsseis vós.
A comédia intitula-se A MANDRÁGORA; por quê, isso dirá a representação, tenho certeza. Não
desfruta o autor de muita fama; se não rirdes, no entanto, aceitará pagar-vos um bom trago. Um
amante infeliz, um doutor pouco astuto, um frade de má vida, um parasito fértil em malícia, hoje
serão vosso passatempo. Se julgais o assunto pouco digno, por leve em demasia, de quem
pretende ser grave e sisudo, perdoai-o, por isso que se empenha, nesses vãos pensamentos, em
mais brando tornar seu triste tempo, pois não pode voltar seu rosto a outra parte, vedado que lhe
foi o talento mostrar noutras façanhas e obter o galardão de tais fadigas."




No Brasil, a peça ganhou versões de diversos encenadores e grupos conceituados. Em 1962, Augusto Boal a montou no Teatro de Arena, com Paulo José e Maria Alice Vergueiro no elenco.

Com Paulo José, Dina Sfat e Ney Latorraca



Depois, em 1975, Paulo José encenou o texto, com participação de Dina Sfat e Ney Latorraca. Mais recentemente, o Grupo Tapa, sob direção de Eduardo Tolentino, também levou a peça aos palcos.



Fontes:
wikipedia.org
spescoladeteatro.org.br
google.com
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

 Modo Indicativo e Modo Subjuntivo:


No modo indicativo o fato expressado é dado como certo.


Eu vou, eu ando, ele viaja, ela correu, eles comprarão.

O Indicativo divide-se em Presente, pretérito perfeito, imperfeito, mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.


Presente: Como o próprio nome sugere, refere-se a uma ação no momento atual.

Eu ando, tu andas, ele anda, nós andamos, vós andais, eles andam.


Pretérito perfeito: refere-se a uma ação realizada no passado e já concluída.

Eu comprei uma bicicleta. 

A ação foi concluída, a bicicleta já foi comprada.


Pretérito imperfeito: refere-se a um fato passado, mas não concluído.

Eu esperava ansioso a chegada do Natal.

Esperava indica uma forma do passado ainda não concluída. Eu esperava, não esperei, que seria o pretérito perfeito.


Pretérito mais que perfeito: Registra uma ação que ocorreu no passado antes de outra já passada.

Eu hesitara diante de uma situação de perigo.

Hesitara mostra uma ação antes do ato de hesitar, ou seja, o mais que perfeito indica uma ação anterior à ação passada.

É construído a partir da 3ª pessoa do plural do pretérito  perfeito, tirando a desinência "m" e acrescentando a desinência corresponde a cada pessoa.

Ex: Ele cantam (pretérito perfeito) - tiramos o "m"e acrescentamos o "ra"

Eu cantara

tu cantaras

ele cantara

nós cantáramos

vós cantáreis

eles cantaram


Futuro do presente: Indica fatos certos ou prováveis no futuro.

Ex: As aulas começarão amanhã

O que será feito no futuro.

Honrarás pai e mãe.


Futuro do pretérito: Indica fatos posteriores ao momento em que se fala.

Ex: Gostaríamos de revê-lo mais tarde.

Ainda ficarei um pouco mais de tempo.

Desejaríamos ouvi-lo sobre negócios.


No modo subjuntivo o fato é expresso de forma incerta ou duvidosa.

Se estudasse mais teria passado de ano.


Presente do subjuntivo:

Pode indicar um fato no presente de forma duvidosa ou um desejo.

Ex: Espero que tenhas comido bem. (duvida)

Que você seja muito feliz.(desejo)


Pretérito perfeito: Só ocorre na forma composta.

Exprime um fato no passado (supostamente concluído)

Ex: Não creio que ele tenha ido bem na prova

Pretérito imperfeito do subjuntivo: Exprime uma condição.

Ex: Se eu tivesse dinheiro compraria o carro.


Pretérito mais que perfeito do subjuntivo: Exprime uma ação que poderia ter ocorrido.

Ex: Se ele não fosse tão severo, teríamos contado para ele.

Sempre ocorre na forma composta.


O modo subjuntivo futuro exprime uma ação possível uma condição.

Ex: Se você estiver disponível faremos a reunião amanhã.

Uma ação no futuro em relação a outra ação no futuro (forma composta)

Quando você tiver terminado a tarefa me avise.



Fontes:



Cunha, Celso - Gramática do português contemporâneo - 1976 - Ed. Bernardo Alvares S.A. - Belo Horizonte - MG
portugues.com.br
educamaisbrasil.com.br
mundoeducacao.uol.com.br

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