Vamos falar hoje sobre Comunas.
A Europa em meados do século XIX borbulhou com numerosas teorias revolucionárias, incluindo o socialismo (que precede as ditaduras comunistas) e o próprio comunismo.
Comuna é um substantivo feminino. O termo tem sua origem, provavelmente, no Francês commune, que significa “cidade”.
Comuna significa uma comunidade local, tanto urbana ou um local emancipado, ou seja, que se torna um município – sendo que, portanto, possuirá autonomia administrativa.
Antigamente, também, o termo comuna indicava uma associação de burgueses de uma mesma localidade que possuíam direito de governar a si próprios.
Na China, “comuna popular” indica um organismo (uma comunidade independente) criada pela Revolução Chinesa, a fim de cuidar de seus interesses. Pode-se também designar um organismo que é composto por várias aldeias a fim de melhorar a agricultura e para coordenar os trabalhos de interesse geral.
Na Itália, o termo comuna quer dizer uma unidade básica de organização territorial, isto é, um município. Já na França, comuna é a menor subdivisão administrativa do território. Em Portugal, há as “comunas universitárias”, que são as residências que oferecem habitação e clube para estudantes universitários e para a administração de conselho.
Enquanto isso, no Brasil, “comuna” é popularmente utilizada para referenciar algo relacionado ao comunismo.
Comuna na Idade Média
Um movimento dos burgueses durante o período de Baixa Idade Média (séculos XI a XV) foi chamado de “Movimento Comunal”, procedente das “Comunas”.
Este movimento foi organizado pelos burgueses que estavam lutando pela libertação das cidades que estavam sob domínio feudal, principalmente pela cobrança de taxas dos habitantes dos burgos realizada pelos senhores feudais. Essa ação trazia impedimentos sobre o livre trânsito de mercadorias, o que, consequentemente impossibilitava o desenvolvimento comercial.
O processo de emancipação das cidades podia ocorrer através do pagamento dos habitantes aos senhores feudais – que assim, concediam as “Cartas de Franquia” (assim libertando de seus domínios) – ou também por meio de guerras travadas entre os burgueses e os senhores feudais. As cidades que já possuíam autonomia administrativa e econômica foram chamadas de “Comunas Medievais” ou “Cidades Francas”.
A Comuna de Paris — considerada por alguns estudiosos a primeira república proletária da história — adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores. Tanto Marx quanto Engels argumentaram que a Comuna de Paris foi um exemplo da ditadura do proletariado.
Há discordância sobre a duração efetiva de tal movimento como governo efetivamente estabelecido. Há os que sugerem que o mesmo perdurou por apenas dez dias ou se se manteve por setenta e dois dias. Seu desmantelamento se deu com extensa execução dos dissidentes.
As revoluções de 1848 que ocorreram em vários países (incluindo a França) tiveram diferentes causas e resultados, mas não foram consideradas revoluções proletárias de estilo comunista. Quando Marx e Friedrich Engels publicaram a primeira edição de “O Manifesto Comunista” em fevereiro de 1848, nenhuma dessas revoluções seguiu exatamente seu formato.
A Comuna de Paris foi montada na sequência da Guerra Franco-Prussiana e no fim do Segundo Império francês. A Guarda Nacional tinha defendido Paris durante a guerra, e não aceitou que o exército tomasse posse da cidade após a conclusão do conflito. O exército e o recém eleito governo parlamentar se retiraram temporariamente à Versalhes em 18 de março de 1871.
A Comuna de Paris se dissolveu durante a “Semana Sangrenta” de 21 a 28 de maio de 1871, quando o exército retornou a cidade, assumindo o controle da região.
A Comuna de Paris conquistou direitos para os trabalhadores como :
- Controle de preços de gêneros alimentícios;
- Ampliação dos prazos para o pagamento dos aluguéis;
- Fixação de remuneração mínima dos salários dos trabalhadores;
- Medidas voltadas para a melhoria nas condições de habitação popular;
- Adoção de medidas de proteção contra o desemprego;
- Criação do Estado Laico, através da separação entre Estado e Igreja;
- Administração das fábricas da cidade feita pelos operários (autogestão);
- Administração do governo municipal de Paris feita pelos próprios funcionários públicos (autogestão);
- Estabelecimento de ensino gratuito para todos.
Isso é claro, desagradou muito a burguesia e a elite francesa que contratou com um exército formado por ex-prisioneiros e remanescentes da Guarda Nacional.
Assim como durante o período da comuna, em sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na perspectiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20 000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80 000 mortos. 40 000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de fato membros da Comuna.
As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.
A insanidade e a violência sempre são efeitos e não causas dos acontecimentos.
A perversão, o preconceito, a discriminação e a exploração do Homem pelo Homem, e principalmente a falta de solidariedade e a ganância, levam aos mais escabrosos casos de genocídio e criminalidade da História Mundial.
Muitos dos direitos sociais e trabalhistas que uma sociedade civilizada possui hoje, em dia foi fruto de grandes batalhas e grandes sacrifícios.
Ainda que a Comuna tenha durado apenas 72 dias, e sucumbido em batalha; ela conseguiu dissolver as instituições repressoras, substituindo-as por instituições democráticas, capazes de manter o funcionamento administrativo da cidade, tudo isso com uma guerra civil em curso e após a derrota para a Prússia. A Comuna lança diretrizes de governo e de gestão coletiva dos meios de produção; esses êxitos em condições tão adversas é que foram celebrados. Representam avanço e nova orientação do movimento operário. Comemora-se também a luta das mulheres por igualdade que teve muito destaque na Comuna de Paris, e que no Brasil começou a evoluir apenas recentemente. Aliás, a própria sociedade da Europa Ocidental ainda era atrasada, só haverá emancipação feminina legal na segunda metade do século XX, muito depois da sociedade socialista russa.
Fontes:
wikipedia.org
google.com.br
significadosbr.com.br/comuna
epochtimes.com.br/comuna
suapesquisa.com
historianativanet.wordpress.com
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