terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Angustia de Graciliano Ramos.




Graciliano Ramos nasceu no estado de Alagoas em 27 de outubro de 1892, e faleceu no Rio de Janeiro em 20 de março de 1953. Sua obra mais conhecida foi Memória do Cárcere.

Foi prefeito no município de Palmeiras dos Índios em Alagoas, entrou no PCB em 1945, sua obra faz parte do estilo Naturalista. O livro Angustia é considerado pelos críticos como sua melhor obra.

Livro - Angustia


"Julgo que ainda não me restabeleci completamente. Das visões que me

perseguiam naquelas noites compridas umas sombras permanecem, sombras que

se misturam à realidade e me produzem calafrios.

Há criaturas que não suporto. Os vagabundos, por exemplo. Parece-me que

eles cresceram muito, e, aproximando-se de mim, não vão gemer peditórios: vão

gritar, exigir, tomar-me qualquer coisa.

Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos. Passo diante de

uma livraria, olho com desgosto as vitrinas, tenho a impressão de que se acham ali

pessoas, exibindo títulos e preços nos rostos, vendendo-se. E uma espécie de

prostituição. Um sujeito chega, atento, encolhendo os ombros ou estirando o beiço,

naqueles desconhecidos que se amontoam por detrás do vidro. Outro larga uma

opinião à-toa. Basbaques escutam, saem. E os autores, resignados, mostram as

letras e os algarismos, oferecendo-se como as mulheres da Rua da Lama."


Angústia é um romance publicado por Graciliano Ramos em 1936. Nesta época Graciliano estava preso pelo governo de Vargas e contou com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego, para a publicação. 

A obra apresenta um narrador em primeira pessoa, Luís da Silva, funcionário público de 35 anos, solitário, desgostoso da vida e que acaba se envolvendo com sua vizinha, Marina. Com traços existencialistas, Luís mistura fatos do passado e do presente, narra num ritmo frenético como um grande monólogo interior. 



"Se pudesse, abandonaria tudo e recomeçaria as minhas viagens. Esta vida
monótona, agarrada à banca das nove horas ao meio-dia e das duas às cinco, é
estúpida. Vida de sururu. Estúpida. Quando a repartição se fecha, arrasto-me até o
relógio oficial, meto-me no primeiro bonde de Ponta-da Terra.


Que estará fazendo Marina? Procuro afastar de mim essa criatura. Uma
viagem, embriaguez, suicídio. . . Penso no meu cadáver, magríssimo, com os
dentes arreganhados, os olhos como duas jabuticabas sem casca, os dedos pretos
do cigarro cruzados no peito fundo. Os conhecidos dirão que eu era um bom tipo e
conduzirão para o cemitério, num caixão barato, a minha Carcaça meio bichada.
Enquanto pegarem e soltarem as alças, revezando-se no mister piedoso e cacete
de carregar defunto pobre, procurarão saber quem será o meu substituto na
Diretoria da Fazenda."

(P.5,6)


O leitor de Angústia certamente lembrará de Crime e Castigo, de Dostoiévski, pois em ambos há as angústias de um crime, o medo de ser pego, a febre; em Angústia o crime é o clímax, enquanto em Crime e Castigo é o ponto de partida para a história, e a personagem consegue a redenção.


Outra influência marcante é a dos naturalistas brasileiros, especialmente à Aluízio Azevedo, o determinismo e a animalização do homem. O narrador não quer ser um rato, luta contra isso; compara-se o tempo todo os homens aos bichos, porcos, formigas, ratos, e usa-se verbos de animais para as reações humanas.

"Um galo no galinheiro pôs-se a arrastar a asa a uma franga.
Eu estava fazendo ali a mesma coisa, apenas com mais habilidade e mais
demora. A franga não aparecia. Quem lá se ligasse a ela faria negócio mau, seu
Ramalho tinha razão. Se ele, que era pai, sustentava opinião assim, imaginem.
Sovaco raspado, unhas cor de sangue e sobrancelhas que eram dois traços.
Mulher pelada. Para que diabo uma pessoa arrancar as sobrancelhas.
De repente a franguinha surgiu dentro do meu reduzido campo de
observação. Como disse, eu apenas enxergava uns dez ou quinze metros do
jardim. Primeiramente distingui as biqueiras vermelhas de uns sapatos, aqueles
sapatos que, segundo a declaração de seu Ramalho, custavam cinqüenta mil-réis
e duravam um mês. Para ir ao quintal, sapato de sair e meia de seda esticada no
pernão bem feito. Ótimas pernas. As coxas e as nádegas, apertadas na saia
estreita, estavam com vontade de rebentar as costuras."

(p.58)

"Luís tentou êxito profissional no Rio de Janeiro, mas, diante do fracasso, fixa-se em Maceió, espaço da narrativa. Vive uma vida comezinha e pouco significante até apaixonar-se por sua vizinha, Marina, o que lhe traz lampejos de satisfação. Marcam casamento, e Luís gasta os poucos vinténs de suas economias para comprar o enxoval."

"Contudo, seus planos são frustrados ao descobrir que Marina estava traindo-o com Julião Tavares, sujeito rico, eufórico, eloquente, com aspirações literárias e constante ar de superioridade. O ciúme passa, então, a tomar posse de Luís, que, enganado e humilhado, mergulha em si mesmo e no transtorno da derrota.

Imerso em uma condição financeira miserável, sem condições de pagar as próprias contas, rodeado por ratos e pelos próprios fantasmas do passado, Luís vê-se incapaz de afastar Marina e Julião Tavares do pensamento. Ora seguia a moça, ora seguia o rival. Certa feita, descobriu que Julião estava envolvido também com uma outra mulher.

A obsessão com as lembranças e a fragmentação subjetiva angustiante de Luís levam-no a maquinar o assassinato de Julião Tavares. Até que, em uma de suas perseguições, Luís encontra a oportunidade perfeita e estrangula Julião. Tomado de euforia e de súbita felicidade, sentiu-se repentinamente forte, não mais insignificante — naquele momento, seus sofrimentos evanesceram-se."

"No entanto, esse lapso de alegria e reconciliação consigo dura muito pouco: rapidamente a angústia volta a instalar-se em Luís, tomado pelo desespero de ser descoberto. Ele volta para casa, completamente perturbado, toma uma garrafa de cachaça e adormece. Não comparece ao trabalho no dia seguinte. Livra-se dos vestígios que o ligariam à cena do crime e deita-se, adoentado e transtornado mais uma vez pelas lembranças, sufocado pela angústia."

"Olhei os quatro cantos numa ansiedade, certo de que a testemunha ia de
repente dobrar a esquina e avançar na rua. Viria com passo firme, de cabeça
baixa. Quando passasse por mim, levantaria os olhos – e estaria tudo perdido.
Para que então aquele desespero, aquela agonia?
- Será o que Deus quiser. O que tem de ser tem muita força.
Era melhor voltar. Tive a ideia absurda de voltar, sentar-me outra vez no
bueiro, conversar com o vagabundo, pedir-lhe outro cigarro. E depois seguir em
frente, sempre em frente, parar debaixo da árvore que sustentava Julião Tavares.
Quando a polícia chegasse, eu contaria tudo:
- Não me matem de fome nem me deem água de bacalhau. Eu me explico.
Foi assim.
Ninguém teria interesse em descobrir incongruências nas minhas palavras.
Voltar, esperar tranquilamente as grades úmidas e pegajosas. Embrutecer-me-ia
por detrás delas, tornar-me-ia criança, ouviria as histórias ingênuas de algum José
Bafa, que me diria as virtudes da oração da cabra preta. Teriam encontrado Julião
Tavares esticado no caminho escuro? Estariam metendo uma colher na boca de
Julião Tavares? No sertão introduzem uma colher de prata na boca do homem
assassinado - e o criminoso que não sabe orações fica preso: desorienta-se e
acaba voltando para junto da vitima. Outros homens e outras mulheres tinham
passado por baixo do galho, cortado a corda, levado Juhão Tavares para uma
casa da travessa mais próxima. Estava lá o cadáver emborcado, com uma colher
de prata na boca. E eu regressaria, com medo da testemunha, que ia aparecer na
esquina. Tudo se sumiu de chofre."


"O relato de Luís da Silva corresponde em tempo e espaço ao momento em que Graciliano escreve o romance: Maceió, após o Golpe de 1930. O autor havia finalizado a revisão da última versão manuscrita no dia 3 de março de 1936. Na tarde desse mesmo dia, Graciliano Ramos foi preso pelo exército de Getúlio Vargas, acusado de subversão e associação ao comunismo, permanecendo encarcerado por quase um ano."


Fontes:

wikipedia.org
brasilescola.uol.com.br
beduka.com
dosc.google.com
Ramos, Graciliano - Angustia - 1936


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Literatura Portuguesa:


A literatura portuguesa é dividida em três eras: Medieval, Clássica e Moderna. O período medieval é marcado pelo surgimento dessa literatura, com a obra Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós (século XII), além das cantigas trovadorescas, de textos de cunho didático ou religioso, das novelas de cavalaria e das obras de autores humanistas, como Sá de Miranda (1481-1558) e Gil Vicente (1465-1536).


Era Medieval

O Trovadorismo português ocorreu durante os séculos XII a XV. As cantigas trovadorescas portuguesas, de origem provençal (pois foi em Provença, no Sul da França, que nasceu o Trovadorismo europeu), estavam ainda linguisticamente associadas ao galego-português, idioma falado em Portugal e na Galiza, uma vez que a fundação de Portugal aconteceu no século XII. Assim, do galego-português originou-se a língua portuguesa, no século XIV.

São inúmeros os autores de poesia trovadoresca em Portugal. Os mais conhecidos são: Dom Dinis (1261-1325), que reinou em Portugal de 1279 a 1325, e João Garcia de Guilhade (século XIII), possivelmente um cavaleiro a serviço de uma família de linhagem nobre.


A Cantiga da Ribeirinha

No mundo non me sei pareiha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois, eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen hei
Valia d’ua Correa.

No mundo não conheço quem se compare
A mim enquanto eu viver como vivo,
Pois eu moro por vós – ai!
Pálida senhora de face rosada,
Quereis que eu vos retrate
Quando eu vos vi sem manto!
Infeliz o dia em que acordei,
Que então eu vos vi linda!
E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
As coisas ficaram mal para mim,
E vós, filha de Dom Paio
Moniz, tendes a impressão de
Que eu possuo roupa luxuosa para vós,
Pois, eu, minha senhora, de presente
Nunca tive de vós nem terei
O mimo de uma correia.
(Paio Soares de Taveirós)


A “Ribeirinha” a que se refere um dos nomes da cantiga é Maria Pais Ribeiro, amante de D. Sancho I, rei de Portugal entre 1185 e 1211. O poema foi provavelmente dedicado a ela (que seria a “filha de don Paai Moniz”) e tem todas as características típicas de uma cantiga de amor.

No teatro, o principal nome é Gil Vicente considerado o criador do teatro português e autor de, entre outras peças, Auto da barca do inferno (1517).







O período clássico compreende as obras de autores dos seguintes estilos de época: Classicismo, Barroco e Arcadismo. Já o período moderno engloba o Romantismo, o Realismo-Naturalismo, o Simbolismo, o Modernismo e a literatura contemporânea portuguesa. Além disso, a partir da colonização do Brasil, a influência da literatura portuguesa na literatura brasileira tornou-se evidente.

Era Clássica:

O período renascentista em Portugal compreende os séculos XVI a XVIII, com influências do Renascimento italiano, do Barroco espanhol e do Iluminismo francês. O principal nome do Classicismo português é Luís Vaz de Camões (1524-1580): além de sua poesia lírica, é autor também do poema épico Os Lusíadas (1572) e dos autos Anfitriões (1587) e El-rei Seleuco (1645).


Camões




O Barroco português, oficialmente, durou de 1580 a 1756. Devido à forte influência dos poetas espanhóis Luis de Góngora (1561-1627) e Francisco de Quevedo (1580-1645), o Barroco português é chamado também de Escola Espanhola.

Seus principais autores são:

Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), pioneiro do Barroco português: A primavera (1601), novela pastoril;

Jerónimo Baía (1620-1688): obra compilada no Cancioneiro Fénix Renascida, como o poema “Ao menino Deus em metáfora de doce”;

António Barbosa Bacelar (1610-1663): poemas reunidos no Cancioneiro Fénix Renascida, como o soneto “A uma ausência”;

António José da Silva (1705-1739), “o Judeu”: além de dramaturgo, é atribuída a ele a autoria da novela Obras do diabinho da mão furada;

Gaspar Pires de Rebelo (1585-1642): Infortúnios trágicos da constante Florinda (1625);

Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793): Aventuras de Diófanes (1752);

Pe. António Vieira (1608-1697): autor integrante tanto da literatura portuguesa quanto da literatura brasileira, com sua obra Os sermões (1679);

D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Obras métricas (1665);

Soror Violante do Céu (1601-1693): Romance a Cristo Crucificado (1659);

Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas portuguesas (1669).




O Neoclassicismo ou Arcadismo português ou, ainda, Arcádia Lusitana teve início em 1756 e, oficialmente, terminou em 1825. 

Seus principais autores são:

Correia Garção (1724-1772): comédia Assembleia ou Partida (1770);

Manuel du Bocage (1765-1805), cuja obra se caracteriza por uma transição para o Romantismo: Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina (1791);



Bocage



António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799): O Hissope (1768);
Marquesa de Alorna (1750-1839): Ensaio sobre a indiferença em matéria de religião (1820);

Francisco José Freire (1719-1773), ou o Cândido Lusitano: Arte poética (1748).



Era Moderna

O Romantismo português foi dividido em três fases. A primeira fase (nacionalista) começou em 1825 e terminou em 1840. Os principais autores são Alexandre Herculano, autor de Eurico, o presbítero (1844), e Almeida Garret (1799-1854), cujo poema Camões (1825) iniciou o Romantismo português. Além disso, Garret foi o fundador do Teatro Nacional, com as peças Um auto de Gil Vicente (1838), O Alfageme de Santarém (1842) e Frei Luís de Sousa (1843).

Almeida Garret


A segunda fase (ultrarromântica) durou de 1840 a 1860, e seu principal nome é Camilo Castelo Branco (1825-1890), autor do famoso Amor de perdição (1862), além de Soares de Passos (1826-1860), autor de Poesias (1856). Já a terceira fase (pré-realista), iniciada em 1860 e finalizada em 1870, traz autores como Júlio Dinis (1839-1871), autor de As pupilas do Senhor Reitor (1867), e Antero de Quental (1841-1891), autor de Odes modernas (1865). Esse último é considerado, por alguns pesquisadores, um escritor realista.


A Questão Coimbrã foi o marco inicial do movimento realista em Portugal. Ela representou uma nova forma de fazer literatura, trazendo à tona aspectos de renovação literária aliado as ideias que surgiram na época em torno de questões científicas.

Antonio Feliciano de Castilho



O primeiro grupo envolvido na Questão Coimbrã, liderado por Castilho, era formado por intelectuais que defendiam sobretudo o status quo literário. Tinham uma visão tradicional, academicista e formal.

O segundo grupo, formados pelos jovens estudantes de Coimbra, propunha denunciar a sociedade e mostrar a vida do homem de maneira mais realista. Por isso, se posicionaram contra a postura formal, conservadora e acadêmica da Escola Romântica.

Os estudantes alegavam a falsidade contida na literatura romântica e propunham uma transformação artística, cultural, política e econômica.


Antero de Quental





A Questão Coimbrã, começa, dessa forma, com uma ácida crítica de Castilho sobre os estudantes de Coimbra, os novos literatos.

Ele fez os comentários após ler as obras publicadas naquele ano dos escritores Antero de Quental (Odes Modernas) e Teófilo Braga (Tempestades Sonoras).

Além disso, após ser atacado por Castilho, Antero de Quental escreve uma das obras mais emblemáticas do Realismo Português intitulada “Bom Senso e Bom Gosto”.

Ela foi escrita em 2 de novembro de 1865 e representou uma resposta à Feliciano de Castilho num tom sarcástico e irônico.



Já o Realismo-Naturalismo português ocorreu de 1865 a 1900. Seus principais autores são:

Eça de Queirós (1845-1900): Os Maias (1888);

Cesário Verde (1855-1886): O livro de Cesário Verde (1901);

Fialho de Almeida (1857-1911): Os gatos (1889-1894);

Guerra Junqueiro (1850-1923): A morte de D. João (1874).

Na sequência, o Simbolismo português, iniciado em 1890 e finalizado em 1915.

Seus principais autores são:

Eugénio de Castro (1869-1944): Interlúnio (1894);

Camilo Pessanha (1867-1926): Clépsidra (1920);

António Nobre (1867-1900): Só (1892).





O Modernismo português também foi dividido em fases. Assim, a geração de Orpheu, primeira fase do Modernismo português, durou de 1915 a 1927. Seus principais autores são:

Fernando Pessoa (1888-1935): Mensagem (1934);

Fernando Pessoa



Mário de Sá-Carneiro (1890-1926): Dispersão (1914);

Almada Negreiros (1893-1970): A engomadeira (1917).


O Presencismo, segunda fase do Modernismo português, aconteceu entre 1927 e 1940.
Seus principais autores são:

José Régio (1901-1969): As encruzilhadas de Deus (1936);

João Gaspar Simões (1903-1987): Elói ou Romance numa cabeça (1932);

Branquinho da Fonseca (1905-1974): O barão (1942);

Miguel Torga (1907-1995): Ansiedade (1928).



Ainda como parte do Modernismo português, o Neorrealismo durou de 1939 a 1974. 

Seus principais autores são:
Soeiro Pereira Gomes (1909-1949): Esteiros (1941);

Ferreira de Castro (1898-1974): A selva (1930);

Alves Redol (1911-1969): Gaibéus (1939).

E, por fim, os principais autores da literatura contemporânea portuguesa são:

José Saramago (1922-2010): O evangelho segundo Jesus Cristo (1991).O único escritor em língua portuguesa que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.

José Saramago



António Lobo Antunes (1942-): Da natureza dos deuses (2015);

Miguel de Souza Tavares (1952-): Madrugada suja (2013);

Jacinto Lucas Pires (1974-): O verdadeiro ator (2011);

Inês Pedrosa (1962-): Os íntimos (2010).




Fontes:

blog.portaleducacao.com.br
portugues.com.br
google.com
todamateria.com.br

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Vamos falar da belíssima canção de Jimmy Webb interpretada por Richard Harris, cantor e ator mais conhecido por sua interpretação do mágico Dumbledore de Harry Potter e a Pedra Filosofal e a Câmara Secreta.


Richard Harris

McArthur Park - 1968




“MacArthur Park” foi escrita por Jimmy Webb, autor de hits como “Up-Up and Away” e “By the Time I Get to Phoenix”. Originalmente, trata-se da porção final de uma cantata de 22 minutos composta por Jim no verão de 1967. Ele ofereceu a música a Bones Howe, produtor da banda californiana The Association. Rejeitada pelo grupo, “Mac Arthur Park” foi parar nas mãos de Richard Harris, que deu à canção uma interpretação dramática. É que Richard Harris (o professor Dumbledore dos dois primeiros filmes de Harry Potter) era também ator. Depois dele, outros mais de duzentos artistas regravaram o sucesso. Uma das mais famosas versões é a da rainha da disco music Donna Summer, de 1978.


A canção tem uma letra esquisita e de difícil interpretação.
A estrofe que cita bolos derretendo, cobertura verde e uma receita secreta até hoje dá o que falar.

Someone left the cake out in the rain

(Alguém deixou o bolo na chuva)

I don’t think that I can take it

(Eu acho que não vou aguentar)

‘cause it took so long to bake it

(Porque demorou muito para assar)

Quem iria deixar um bolo na chuva ?

All the sweet, green icing flowing down

Toda a verde e doce cobertura indo embora)
Toda cobertura derreteu na chuva, o que isso quer dizer ?

 A versão mais polêmica diz que os termos seriam referências aos bolinhos de maconha e haxixe apreciados pelos hippies da geração. As especulações inspiraram uma série de paródias. Só os Simpsons citaram a música em três episódios da série. Jimmy Webb, no entanto, nunca assumiu que as drogas tenham sido sua inspiração.


Antes de continuarmos, relembre a tradução literal da polêmica estrofe de “MacArthur Park”:

“MacArthur’s Park is melting in the dark

(MacArthur Park está derretendo no escuro)

All the sweet, green icing flowing down

Toda a verde e doce cobertura indo embora)

Someone left the cake out in the rain

(Alguém deixou o bolo na chuva)

I don’t think that I can take it

(Eu acho que não vou aguentar)

‘cause it took so long to bake it

(Porque demorou muito para assar)

And I’ll never have that recipe again

(E eu nunca vou conseguir essa receita de novo)

Oh, no!

(Ah, não!)”

O autor da canção explicou a estrofe em uma entrevista à revista Q em 1994: “É claro que é sobre o fim de um relacionamento. O bolo e a chuva são apenas metáforas que representam isso. Ou seja, segundo Jimmy Webb, o derretimento da cobertura de um bolo deixado na tempestade, que seria de um relacionamento conturbado, derreteu todo, ou seja acabou!

Pode ser uma viagem difícil de compreender, mas eu escrevi a música no final dos anos 60, quando letras surrealistas estavam na moda”.


MacArthur Park - Donna Summer - 1978


A protagonista do caso de amor citado por Webb seria Susan Ronstadt, prima de Linda Ronstadt, cantora americana da mesma geração de Jimmy Webb. O músico revelou a inspiração no ano de 2004, quando seu hit completou 45 anos, em entrevista ao Los Angeles Times: “Eu e Susan costumávamos nos encontrar para almoçar, andar de pedalinho e alimentar os patos no MacArthur Park, que fica no bairro de Westlake, em Los Angeles. Ela trabalhava em uma corretora de seguros no outro lado da rua. Não há nada de psicodélico nessa letra; ela tem um significado muito real para mim. Até o bolo era um objeto real: nós sempre víamos grupos comemorando aniversários”. Um pouco diferente da história contada em 1994, quando o bolo era apenas uma metáfora, não?

A música MacArthur Park, ela originalmente fazia farte de uma cantata de vinte e dois minutos, composta por Jimmy. A parte final desta cantata é que se tornou a música, como a conhecemos no seu formato até hoje. Jimmy Webb, foi o único compositor a receber o Grammy, seja pela música como também pela letra, coisa de gênio

Shiloh Noone, autor de Seeker’s Guide to the Rhythm of Yesteryear (espécie de biografia dos ritmos musicais) foi, em 2004, o primeiro a afirmar que, devido a problemas com a lei, Jimmy Webb teria sido orientado a negar a popular versão de que a cobertura do bolo de “MacArthur Park” fosse feita de haxixe.

Há ainda uma terceira versão “oficial” para o significado da letra. O compositor Colin McCourt, que trabalhava para o chefe da gravadora de “MacArthur Park”, disse ao The Daily Mail em 2011: “Jim era apaixonado por uma garota que o deixou. Meses depois, ouviu que ela ia se casar – no MacArthur Park. De coração partido, ele foi ao casamento, mas escondeu-se dentro de um jardim de inverno. Olhando através do vidro encharcado da janela, o bolo parecia derreter”. Curiosamente, o noivo do casamento era um engenheiro telefônico de Wichita, no Kansas. Seria a inspiração para a música “Wichita Lineman”, outro hit de Jimmy Webb?

De qualquer maneira trata-se de uma música romântica e muito bonita e a versão dada em 2004 por Jimmy Webb parece a mais verossímil.


Fontes:

guiadoscuriosos.com.br
wikipedia.org
google.com
youtube.com
contosamenidadesereflexosdavida.blogspot.com
songfacts.com



sábado, 25 de fevereiro de 2023



Em épocas como essa, onde o Judiciário vem recebendo grande atenção da imprensa no Brasil, vamos comentar um dos maiores erros judiciários do Brasil; o caso dos irmãos Naves.




O caso dos Irmãos Naves foi um acontecimento policial e jurídico ocorrido na época do Estado Novo no Brasil, no qual dois irmãos foram presos e barbaramente torturados até confessar sua suposta culpa em um crime que não cometeram.
Esse caso é conhecido como um dos maiores erros judiciários da história do Brasil e um dos que tiveram maior repercussão, tanto que sua história serviu de inspiração para o filme O caso dos Irmãos Naves, de Luís Sérgio Person.





Considerado o maior erro judiciário do Brasil. Aconteceu na cidade mineira de Araguari, em 1937. Os irmãos Naves (Sebastião, de 32 anos de idade, e Joaquim, contando 25), eram simplórios trabalhadores que compravam e vendiam cereais e outros bens de consumo.

Benedito Caetano




Joaquim Naves era sócio de Benedito Caetano. Este comprara, com auxílio material de seu pai, grande quantidade de arroz, trazendo-o para Araguari, onde, preocupado com a crescente queda dos preços, vende o carregamento por expressiva quantia.


Na madrugada de 29 de novembro de 1937, Benedito desaparece de Araguari, levando consigo o dinheiro da venda do arroz. Os irmãos Naves, constatando o desaparecimento, e sabedores de que Benedito portava grande importância em dinheiro, comunicam o fato à Polícia, que imediatamente inicia as investigações.



O caso é atribuído ao Delegado de Polícia Francisco Vieira dos Santos, personagem sinistro e marcado para ser o principal causador do mais vergonhoso e conhecido erro judiciário da história brasileira. Militar determinado e austero (Tenente), o Delegado inicia as investigações e não demora a formular a sua convicção de que os irmãos Naves seriam os responsáveis pela morte de Benedito.


Tenente Francisco
Vieira dos Santos


A partir de então inicia-se uma trágica, prolongada e repugnante trajetória na vida de Sebastião e Joaquim Naves, e de seus familiares.


Família Naves



                                       

Submetidos a torturas as mais cruéis possíveis, alojados de modo abjeto e sórdido na cela da Delegacia, privados de alimentação e visitas, os irmãos Naves resistiram até o esgotamento de suas forças físicas e morais. Primeiro Joaquim, depois Sebastião.


A perversidade do Tenente Francisco não se limitou aos indiciados. Também as esposas e até mesmo a genitora deles foram covardemente torturadas, inclusive com ameaças de estupro, caso não concordassem em acusar os maridos e filhos.


A defesa dos irmãos Naves foi exercida com coragem e perseverança pelo advogado João Alamy Filho, que jamais desistiu de provar a inocência de seus clientes, ingressando com habeas corpus, recursos e as mais variadas petições, na busca de demonstrar às autoridades responsáveis pelo processo o terrível equívoco que estava sendo cometido.





Iniciado o processo, ainda sob as constantes e ignominiosas ameaças do Tenente Francisco, os irmãos Naves são pronunciados para serem levados ao Tribunal do Júri, sob a acusação de serem autores do latrocínio de Benedito Caetano, ao passo que a mãe dos irmãos, D. Ana Rosa Naves, é impronunciada.


Na sessão de julgamento, a verdade começa a surgir, com a retratação das confissões extorquidas na fase policial, e, principalmente, com o depoimento de outros presos que testemunharam as seguidas e infindáveis sevícias sofridas pelos acusados na Delegacia de Polícia.


Dos sete jurados, seis votam pela absolvição dos irmãos Naves.


A promotoria, inconformada, recorre ao Tribunal de Justiça, que anula o julgamento, por considerar nula a quesitação.


Realizado novo julgamento, confirma-se o placar anterior: 6 X 1. Tudo indica que os irmãos Naves seriam finalmente libertados da triste desdita iniciada meses antes. Ledo engano: o Tribunal de Justiça resolve alterar o veredito (o que era então possível, mercê da ausência de soberania do Júri no regime ditatorial da Constituição de 1937), condenando os irmãos Naves a cumprirem 25 anos e 6 meses de reclusão (depois reduzidos, na primeira revisão criminal, para 16 anos).


Após cumprirem 8 anos e 3 meses de pena, os irmãos Sebastião e Joaquim, ante comportamento prisional exemplar, obtêm livramento condicional, em agosto de 1946.


Joaquim Naves falece, como indigente, após longa e penosa doença, em 28 de agosto de 1948, em um asilo de Araguari. Antes dele, em maio do mesmo ano, morria em Belo Horizonte seu maior algoz, o tenente Francisco Vieira dos Santos.


De 1948 em diante, o sobrevivente Sebastião Naves inicia a busca pela prova de sua inocência. Era preciso encontrar o rastro de Benedito, o que vem a ocorrer, por sorte do destino, em julho de 1952, quando Benedito, após longo exílio em terras longínquas, retorna à casa dos pais em Nova Ponte, sendo reconhecido por um conhecido, primo de Sebastião Naves.


Avisado, Sebastião apressa-se em dirigir-se a Nova Ponte, acompanhado de policiais, vindo a encontrar o “morto” Benedito, que, assustado, jura não ter tido qualquer notícia do que ocorrera após a madrugada em que desapareceu de Araguari. Coincidentemente, dias após sua efêmera prisão e o citado juramento, toda a família de Benedito morre tragicamente, na queda do avião que os transportava a Araguari, onde prestariam esclarecimentos sobre o desaparecimento daquele.


O caso passou a ser nacionalmente conhecido. A imprensa o divulgou com o merecido destaque. A mesma população que, influenciada pela autoridade do delegado, inicialmente aceitava como certa a culpa dos irmãos Naves, revoltava-se com o ocorrido, tentando, inclusive, linchar o desaparecido Benedito.


Em nova revisão criminal, os irmãos Naves foram finalmente inocentados, em 1953.


Como etapa final e ainda custosa e demorada, iniciou-se processo de indenização civil pelo erro judiciário.


Em 1956 foi prolatada a sentença, que mereceu recursos pelo Estado, até que, em 1960, vinte e dois anos após o início dos suplícios, o Supremo Tribunal Federal conferiu a Sebastião Naves e aos herdeiros de Joaquim Naves o direito à indenização.


Em 1967, " O caso dos irmãos Naves" virou filme, estrelado por Juca de Oliveira, Raul Cortês, como os irmãos Naves e Anselmo Duarte como tenente Francisco.


  
O caso dos irmãos Naves




Tião Carrero e Pardinho




A Justiça é antes de tudo um instrumento importante da sociedade para punir aqueles que cometem crimes.
Ela deve ser imparcial, e se ater aos autos.
Numa sociedade democrática, vivendo dentro do Estado de Direito, um juiz é antes de tudo um agente público com a função de julgar. Não precisamos de agentes e autoridades midiáticas.


Os agentes de segurança, por sua vez, devem investigar, e conduzir os casos de modo a apresentar o maior número de provas, para que o Ministério Público apresente uma acusação baseada em fatos concretos.


Quando a justiça não é feita, ou feita de maneira parcial, temos a injustiça.




Fontes:
wikipedia.org
joaovitorleal.jusbrasil.com.br
josecaldas.wordpress.com
cinema.uol.com.br
youtube.com

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Estamos vivendo um grande desastre no litoral Norte de São Paulo, especialmente na cidade de São Sebastião, porém outro desastre, e este muito mais destrutivo e que matou mais de 400 pessoas, ocorreu nas serras de Caraguatatuba em 18 de março de 1967. Na época Caraguatatuba tinha 15.000 habitantes.





“O barulho dos deslizamentos que ocorriam na Serra do Mar era assustador. Mas, foi apenas pela manhã, quando o dia amanheceu, que se pode avaliar o que tinha ocorrido na cidade”, apontou o jornalista Salim Burihan, que mora no Litoral Norte e escreveu um artigo sobre a tragédia.

“Ruas transformadas em rios, casas destruídas, não tinha água, luz, telefone, nem comunicação com as cidades vizinhas e o Vale do Paraíba. Várias pontes que ligavam a cidade aos municípios vizinhos foram levadas pela força das águas que desciam as encostas. A ponte sobre o rio Santo Antônio, a principal da cidade, se deslocou e ficou junto à margem, interrompendo o tráfego de carros e pessoas, Ninguém passava, ninguém chegava e nem saía. Todos os acessos estavam bloqueados ou destruídos.”




Desastre em Caraguatatuba- 1967



Caraguatatuba ficou parcialmente destruída, ilhada e sem qualquer comunicação. A Rodovia dos Tamoios foi quase totalmente destruída em seu trecho de serra.




Segundo Burihan, “quem vivia na cidade naquela época jamais se esquecerá do que viu”. O mar em frente à cidade se transformou num mar de lama e de troncos. Centenas de pessoas perderam a vida. Oficialmente, falaram em 400, mas morreram muito mais, algo em torno de 2.000 pessoas, apontou o jornalista.

De acordo com informações da época, a chuva sobre Caraguatatuba em dois dias (17 e 18 de março) atingiu um índice de precipitação pluviométrica de 580 milímetros – São Sebastião foi atingida por 600 milímetros neste domingo (19).

Na época, a média de precipitação pluviométrica do Brasil, o ano inteiro, variava de 1.000 a 1.200 mm. Ou seja, choveu em Caraguatatuba em apenas dois dias a quantidade de chuva acumulada de seis meses. A tragédia foi considerada a pior já ocorrida no país até então.

Estávamos na época da ditadura militar, e a imprensa foi censurada em divulgar a real extensão da tragédia e real número de mortos.


Caraguatatuba em 1967


O desastre de Caraguatatuba é considerado uma das maiores da história, e foi uma das razões da criação da Defesa Civil no Estado. Após a catástrofe do último fim de semana, a cidade se encontra em estado de calamidade, junto com Ilhabela, Ubatuba, Guarujá, Bertioga e São Sebastião – onde se concentram os maiores estragos.



Fontes:
wikipedia.org
google.com
sampi.net.br
g1.globo.com
youtube.com

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

 Hoje vamos falar de Adjuntos.





Os adjuntos são termos acessórios da oração, não sendo portanto indispensáveis para sua compreensão, mas tornam o sentido e o significado da oração mas específico.

Os adjuntos se classificam em adjuntos adnominal e adverbial.

Nominal: Adjunto Adnominal é o termo que tem valor de adjetivo, servindo para especificar ou delimitar o significado de um substantivo em qualquer que seja a função sintática exercida por este.

Adjuntos adnominal assumem uma função adjetiva, podendo ser formados por adjetivos e numeraispronomes e locuções adjetivas. Esse termo da oração pode ser facilmente confundido com outros dois: o predicativo e o complemento nominal. Apesar da semelhança, eles têm funções diferentes e podem ser identificados na própria oração.

Adjetivos:
O dia ensolarado está contagiante. 
Seu sorriso maroto é lindo.

Nas orações acima os adjuntos adnominais funcionam como adjetivo:
O dia está contagiante (ensolarado dá uma qualidade ao dia, ou seja é um adjetivo) Notem que sem o adjunto a frase já tinha sentido.


Locuções Adjetivas:
O passeio de campo nos deixou exaustas.
A água da chuva regou todas as plantas.

Nas orações acima, as locuções adjetivas, poderiam ser substituídas por adjetivos. (de campo - campestre; da chuva pluvial).

Pronome adjetivo:
Minha culpa é meu segredo
Este teu olhar felino incendeia (Clarice Lispector)

Artigos:
Um novo sonho ressurgiu.
Os alunos surpreenderam os professores.

Nas frases acima os artigos um e os, são artigos que funcionam nessas frases como adjunto adnominal.

Numerais:
primeiro candidato já se apresentou.
 A décima colocada no concurso é muito esforçada.

Orações adjetivas
Não quero saber do lirismo que não é libertação.
Admiro as pessoas que persistem.

Adjuntos adverbiais

A função do adjunto adverbial é simples: modificar o verbo da oração, seja indicando alguma circunstância em que o processo verbal é desenvolvido ou intensificando o verbo, um adjetivo ou um advérbio. O adjunto adverbial é uma função sintática realizada pelos advérbios e locuções adverbiais, e sua classificação é feita de acordo com a circunstância expressa.

Exemplos:
  • Talvez eu viaje amanhã. – Adjunto adverbial de dúvida.
  • Eu não quero sair de casa. – Adjunto adverbial de negação.
  • Treinei muito para este dia. – Adjunto adverbial de intensidade.
Nas locuções adverbiais, é preciso ter muita atenção com à preposição utilizada. A mudança da preposição pode mudar toda a circunstância expressa pela locução.
Exemplo: “Vim do trabalho” e “Vim para o trabalho”. Ambos expressam uma circunstância de lugar, mas o primeiro indica origem (“do”) e o segundo indica destino (“para o”).




Fontes:
gramatica.net.br/adjunto
brasilescola.uol.com.br/gramatica

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Todos conhecemos as atrocidades cometidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.



Hermann Göring


Infelizmente apenas uma pequena parte desses criminosos foi julgada e condenada no Tribunal de Nuremberg. Alguns como Hermann Wilhelm Göring,  comandante chefe da Luftwaffe e Heinrich Himmler, chefe da temida SS,  c0meteram suicídio após serem presos.


Himmler


No entanto muitos conseguiram fugir, pois já vinham preparando sua fuga há algum tempo. Muitos foram ajudados pela Igreja católica, na famosa operação Odessa. Grande parte deles vieram para a América do Sul, principalmente a Argentina, alguns vagaram por países como Chile, Paraguai e Uruguai, e alguns vieram para o Brasil.


O mais procurado deles, o médico Josef Mengele, conhecido como o anjo da morte, morou na Argentina até a prisão de Adolf Eichmann, sequestrado pelo Mossad, serviço secreto israelense, na Argentina em 1960 e levado a julgamento em Israel, onde foi condenado e enforcado. Mengele fugiu da Argentina e viveu muitos anos na clandestinidade no Brasil, morrendo afogado em Bertioga, litoral paulista em 1979.


Mengele

Outro nazista que veio para o Brasil foi Herberts Cukurs.

O aviador letão (1900-1965) chegou ao Brasil no dia 4 de março de 1946, uma segunda-feira de Carnaval, a bordo do vapor espanhol Cabo da Boa Esperança.

Cukurs



Vindo de Marselha, na França, onde embarcou em 5 de fevereiro, estava acompanhado da mulher, Milda, de 38 anos; dos três filhos, Gunnars, de 14, Antinea, de 12, e Herberts, de 4; da sogra, Made, de 64; e de uma jovem judia chamada Miriam Kaicners, de 23.


Do cais do porto, Cukurs e sua família seguiram para um sobrado em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Já Miriam foi morar com uma família judaica de sobrenome Chapkosky.


"Cukurs não entrou no Brasil através das rotas de fuga usadas por criminosos nazistas depois da guerra. Entrou legalmente, beneficiado pela política imigratória racista que vigorava em nosso país: ele era branco, europeu e cristão".

"Entre 1941 e 1945, a comunidade de 80 mil judeus letões foi quase extinta. Milhares de judeus alemães e austríacos transportados para a Letônia em trens também foram executados — em geral, por fuzilamentos em massa. Seus corpos foram jogados em fossas coletivas."

Cukurs foi acusado de muitas atrocidades contra os judeus da Letônia, e muitas mortes foram incluídas em seus crimes de guerra.

A vida de Cukurs sofreu nova reviravolta em 23 de maio de 1960, quando Adolf Eichmann (1906-1962), um dos criminosos de guerra mais procurados do mundo, foi capturado na Argentina por agentes do serviço secreto israelense, o Mossad, e levado para Israel, onde foi julgado por sua participação no extermínio de judeus.

Considerado culpado, Eichmann foi enforcado no dia 1º de junho de 1962. Com medo de ser o próximo na lista dos israelenses, Cukurs chegou a tirar porte de arma — só andava com uma pistola italiana Beretta, 6.35 mm — e a pedir proteção policial. "Conseguiu ambos", diz Leal.

No dia 12 de setembro de 1964, chegou ao Brasil um suposto empresário austríaco chamado Anton Kuenzle.

À procura de novas oportunidades de negócio no ramo de entretenimento, entrou em contato com Cukurs. Mal sabia ele que Kuenzle era, na verdade, o codinome de Yaakov Meidad (1919-2012), o agente da Mossad responsável pela captura de Eichmann na Argentina.

Em pouco tempo, os dois ficaram amigos. Mais: Meidad, sob o disfarce de Kuenzle, ganhou a confiança de Cukurs e o convenceu a expandir seus negócios para o Uruguai.

Foi assim que, no dia 23 de fevereiro de 1965, os dois embarcaram para Montevidéu. Lá, Kuenzle ficou de mostrar para Cukurs a casa que eles alugariam como sede de sua empresa de turismo. Ficava no balneário de Shangrilá, distante 18 quilômetros do centro da capital.

Quando Cukurs descobriu que tinha caído numa armadilha, foi tarde demais.

Outro famoso nazista que morou no Brasil foi Gustav Wagner, chamado de "a besta de Sobibor"

Gustav Wagner



Wagner também era responsável por supervisionar os prisioneiros, tarefa na qual exerceu o que a filósofa Hannah Arendt chamou de “banalidade do mal”. Sádico e frio, era conhecido por açoitar prisioneiros regularmente, além de matar judeus sem razão ou restrição. “Talvez fora dali fosse civilizado, mas em Sobibor sua ânsia de matar não conhecia limites”, conta o sobrevivente Moshe Bahir no livro The Operaton Reinhard Death Camps (Os Campos de Morte da Operação Reinhard, sem edição em português), de Yitzhak Arad.

Sobibor



Após o fim da guerra, Wagner e o seu colega Franz Stangl viveram anos na clandestinidade. Contavam com a ajuda de membros da Igreja Católica, que criaram rotas de fuga para nazistas conhecidas como conhecidas como “caminhos de rato”. Após uma passagem pela Síria, ambos vieram para o Estado de São Paulo.


Wagner chegou em 12 de abril de 1950. Em 4 de dezembro daquele ano, conseguiu um passaporte conseguiu um passaporte brasileiro com o nome “Günter Mendel”, sua nova identidade. Casou com uma mulher que já tinha uma filha e tratou de tocar uma vida discreta em Atibaia, a 50 quilômetros de São ...


Estava trabalhando como caseiro de um sítio quando foi surpreendido com a notícia de que ele havia sido reconhecido em um encontro de simpatizantes do nazismo em Itatiaia, no Rio. Era fake news, uma invenção de Simon Wiesenthal, que caçou nazistas pelo mundo, com o jornalista brasileiro Mario Chimanovitch. Ambos sabiam que Wagner estava no Brasil e, para tirá-lo da toca, resolveram provocar.


Não deu outra: a falsa reportagem de Mario saiu no Jornal do Brasil em 18 de maio de 1978: doze dias depois, Wagner se apresentava no DEOPS, onde seria preso logo depois. Seu temor era ser pego pelo Mossad, o serviço secreto israelense, que capturou vários fugitivos nazistas na América do Sul.


O nazista tentou o suicídio algumas vezes na cadeia. Livre, voltou a Atibaia, onde foi encontrado morto com facadas em 3 de outubro de 1980, aos 69 anos. Há quem creia em assassinato. Antes de falecer, deu uma entrevista à BBC, na qual não demonstrou remorso por seus crimes: “Tornou-se mais um trabalho. À noite, nunca discutíamos nosso dia. A gente só bebia e jogava cartas.”


Hanna Arendt


Como disse a escritora e filósofa judia Hanna Arendt, escreveu em seu livro "Eichmann em Jerusalém" , que para esses nazistas os crimes que cometeram eram, para eles, como um trabalho. Um trabalho como outro qualquer, que após o expediente iam para casa e jantavam com suas famílias, sem remorsos e sem culpa.



Fontes:
wikipedia.org
google.com
dw.com/pt
bbc.com/portuguese
suoper,abril,com.br

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...