terça-feira, 30 de novembro de 2021

O Brasil perdia no dia 30 de novembro de 1980 um dos seus grandes sambistas. Neste dia morria Angenor de Oliveira, o Cartola. Aos 72 anos, o romântico boêmio do Rio de Janeiro travava uma luta contra um câncer havia dois anos. Ao seu lado, a fiel companheira Dona Zica, esposa de Cartola por 26 anos.

Aconteceu - Cartola
Cartola e Dona Zica



Nascido no dia 11 de outubro de 1908, no bairro do Catete, na capital fluminense, Cartola se mudou com a família para o Morro da Mangueira por questões financeiras. Em seu novo bairro, fez amizade com Carlos Cachaça, parceiro na boêmia, na malandragem e no samba. Estudou até o ensino fundamental e foi trabalhar na construção civil. Como sempre usava um chapéu durante o expediente, ganhou apelido de Cartola.

Cartola



Em 1928, criou com amigos do morro o Bloco dos Arengueiros, que depois se tornaria a Estação Primeira de Mangueira. Já conhecido como compositor, nos anos 30 teve seus sambas gravados por cantores como Araci de Almeida, Carmen Miranda e Francisco Alves. Na década seguinte, contudo, desapareceu e suspeitou-se até de que havia morrido. O sambista foi reencontrado apenas em 1956, pelo jornalista Sérgio Porto, conhecido como Stanislaw Ponte Preta, que reconheceu Cartola trabalhando como lavador de carros em Ipanema. 



Solidário com a situação de Cartola, Porto levou-o a programas de rádios, recolocou-o na imprensa e o ajudou a dar novo impulso na carreira. Em 1964, casou com Dona Zica (sua primeira esposa, Deolinha, falecera anos atrás). Cartola e a nova companheira abriram um restaurante, o Zicartola, no Centro do Rio. O local virou moda na época como ponto de encontro entre sambistas, jornalistas e da juventude da zona sul carioca. Somente a partir de 1974, aos 66 anos, é que Cartola começou a gravar os seus próprios discos. Ao todo, foram seis álbuns oficiais. Assim, eternizou clássicos como "As Rosas Não Falam", "O Mundo é um Moinho", "Acontece", "Quem Me Vê Sorrindo" (com Carlos Cachaça), "Alvorada", "Peito Vazio" (com Elton Medeiros) e outras músicas.



As Rosas não falam - Beth Carvalho


O mundo é um moinho - Cazuza



Em busca de paz e sossego, deixou o Morro da Mangueira no final de década de 70 para morar em Jacarepaguá, onde viveu até sua morte.


Fontes:
history.uol.com.br
google.com
youtube.com

sábado, 27 de novembro de 2021

Logo nos primeiros anos de estudo aprendemos que existem cinco vogais: a,e,i,o,u.

Mais tarde aprendemos que de acordo com a intensidade da pronúncia dessas vogais elas se dividem em vogais e semivogais.


Exemplo:  pai, país.

Na primeira palavra no singular existe uma única sílaba : pai (progenitor)

Na segunda existem duas sílabas pa/ís (nacionalidade)


Na primeira o i é menos intenso, portanto é uma semivogal.


Na segunda o i é mais intenso, portanto uma vogal.


Vogais são sons vocálicos mais fortes que dão forma a uma sílaba.

Ex:

mãe, pai, viu, alguém, ninguém


Semivogais são os vocábulos i/u/ acompanhados de vogais mais fortes.

jamais, quarto, pai.


Encontros vocálicos são encontros entre vogal + semivogal.


Ditongos:

Quando as vogais e semivogais ficam juntas na divisão da sílaba.

Exemplo: pa-pai; lei-te; limão; sau-da-de.

Divide-se em ditongo crescente (quando a sílaba mais fraca vem antes da mais forte: aqrio; linguiça.


Ditongo decrescente (quando a sílaba mais franca vem depois da sílaba mais forte).

Ex: deixa; céu.


Tritongo: É o encontro de semivogal+ vogal + semivogal.

Ex: i-guais; sa-guão; U-ru-guai


Hiato: Encontro entre duas vogais que estão em sílabas diferentes.

Ex: a-fi-a-do; e-lo-gi-o; i-a-te.





Fontes:

todamarteira.com.br
brasilescola.uol.com.br
educamais.brasil.com.br




sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Vamos falar hoje do romance do escritor norte-americano Herman Melville - Moby Dick.




Herman Melville nasceu em Nova York em 1 de agosto de 1819, e morreu na mesma cidade em 28 de setembro de 1891.

Nasceu de uma família tradicional dos EUA. Teve uma vida confortável até a morte do pai, quando passou por dificuldades e teve de abandonar os estudos.

Em 1841 engajou-se no baleeiro Acushnet, rumo aos mares do sul.

Herman Melville


Moby Dick é uma obra que conta as experiências do autor na caça de baleias.

O personagem título  é uma baleia branca, contra a qual luta o capitão Ahab, comandante do baleeiro Pequod, que perdeu sua perna num embate anterior com Moby Dick. Transtornado, o capitão busca uma cega vingança.  O capitão é confrontado com o imediato Starbuck, um homem sóbrio, experiente e religioso.  Fala também do marujo Ismael e seu amigo Queequeg. O livro foi publicado em 1851.


"Chamai-me de Ismael.  Faz alguns anos - não importa quantos, precisamente - tendo na bolsa escasso ou nenhum dinheiro e nada que particularmente me interessasse em terra, achei que devia velejar um pouco e ver a parte aquosa do mundo." (Cap. I p.23)


Para Ahab, Moby Dick é o mal que deve ser destruído. Escondida nas profundezas do mar, a baleia é como se fosse o medo pelo desconhecido, que geralmente faz parte de nossa vida, nos leva a destruirmos aquilo que não entendemos.


O livro relata várias explicações técnicas sobre a caça das baleias, os diversos tipos de baleias, os lucros obtidos com a caça, a dura vida dos marinheiros no mar por diversos anos longe de terra firme e de sua família, a crueldade da caça e a extração da pele, gordura e do óleo das baleias, que mancham de sangue todo o convés do navio.


Mais no final do livro ele precisamente no capítulo 133, eles encontra a grande baleia:

"Todas as velas tendo sido desfraldadas, ele soltou a corda reservada para suspendê-lo até a gávea do mastaréu de sobre; e em poucos momentos estavam-no içando para lá, quando, a apenas dois terços do caminho para cima, e enquanto espreitava, na direção da proa, através do espaço horizontal entre a gávea do mastro grande e a vela de joanete, ele ergueu no ar um grito de gaivota: - Lá esguicha ele ! lá esguicha ele! Uma corcova como uma colina de neve ! É Moby Dick!" cap. 133 p.262)

O animal ataca os barcos que estavam em sua captura e os destrói, matando vários marinheiros. A luta prossegue por três intermináveis dias, até que Ahab golpeia a baleia com o arpão que se enrosca no pescoço dele e o arremessa ao mar, onde é levado para as profundezas pelo cachalote. O único sobrevivente é Ismael resgatado do mar pelo navio Rachel.


Moby Dick é considerado pelos marujos como um monstro dos mares. Todos que a enfrentaram tiveram suas vidas desgraçadas.





Naquela época a caça da baleia era um atividade muito lucrativa. O óleo da baleia servia para iluminação pública dos lampiões, os ossos eram utilizados para confecção de espartilhos de mulheres, a gordura servia para fabricar velas.

As viagens em baleeiros eram longas, duravam três quatro anos. O livro é envolvido em superstições e crendices. Fala de como era um navio de caça às baleias na época, fala dos diversos tipos de baleia que eram caçadas e seu enredo é conduzido pela história do capitão Arab e seu louco desejo de vingança contra o cachalote albino.


KMoby Dick foilevado ao cinema num filme de John Husston de 1956, com Gregory Peck, Richard Basehart e Leo Genn.





O filme "In the heart of the sea" - No coração do mar  - na Netflix, conta a historia verídica do baleeiro Essex, destruído por  uma grande baleia em  20 de novembro de 1820. dos vinte tripulantes da embarcação somente sete sobreviveram às custas do canibalismo e outras agruras como sede, frio e desesperança.



No coração do mar  -  2015 - trailer


A edição que eu tenho é a Abril Cultural em dois volumes, tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos - edição de 1980.





Fontes:
wikipedia.org
youtube.com
super.abril.com.br
google.com
folha.uol.com.br
Melville, Herman - Moby Dick - trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos - Abril Cultural -1980


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

No dia 25 de novembro de 1845 nascia na cidade de Póvoa de Varzim, em Portugal, o escritor Eça de Queirós. Considerado um dos mais importantes escritores portugueses, foi autor de livros consagrados como "Os Maias" e "O crime do Padre Amaro". Seus trabalhos foram traduzidos para aproximadamente 20 idiomas. Além de escritor, também exerceu a carreira diplomática, a partir de 1873, quando foi nomeado cônsul em Havana. Seus anos mais produtivos, contudo, foram na Inglaterra, entre 1874 e 1878, quando trabalhou em Newcastle e Bristol, onde escreveu "A Capital".





Também publicou esporadicamente no Diário de Notícias, de Lisboa. Depois, em 1888, foi nomeado cônsul em Paris. Casou-se aos 40 anos com Emília de Resende, com quem teve quatro filhos: Alberto, Antônio, José Maria e Maria. Eça de Queirós morreu no dia 16 de agosto de 1900, na sua casa de Neuilly, perto de Paris.



Fontes:

history.uol.com.br

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 Esta, Está ou Estar ?       


Esta é um pronome demonstrativo. Usamos quando queremos demonstrar alguma coisa.

Exemplos: 

Esta rua não tem saída.
Esta não é a melhor forma de fazer. 
Esta é a minha foto.


Estar é um verbo, na sua forma infinitiva,  que determina o estado de alguém ou de alguma coisa.



Exemplos:

É preciso estar bem preparado fisicamente.
Vou estar lá às 15 horas.
Você deve estar bem consigo mesmo.

Está  é a flexão do verbo estar.

Maria está aqui.
Está tudo bem com você ?
Ele está com pressa de sair.





Fontes:
google.com
blog.imaginie.com.br

terça-feira, 23 de novembro de 2021



Hoje vamos falar dos poetas: Fernando Pessoa; Alberto Caieiro; Ricardo Reis e Álvaro de Campos.



Fernando Pessoa (ortônimo)

Tinha uma personalidade com conflitos não solucionados, com inibições de um comportamento sexualmente indeciso, oscilando entre o melindre e a tentação dos sentidos, decepcionado pelo seu corpo material e pelas circunstâncias de vida que o limitavam - era magro, calvo disfarçado pelo chapéu, sem sucesso amoroso, sem carreira profissional, endividado, porém com uma superação na escrita que proporcionou desdobramentos de sua personalidade. Vivia em um processo constante de busca esotérica sobre si mesmo e sobre Portugal.


Seu grande amor foi Ophélia Queiróz, com quem mantinha uma vasta correspondência.






Meu Bébé pequenino:


Então o meu Bébé fez-me uma careta quando eu passei? Então o meu Bébé, que disse que me ia escrever hontem, não me escreveu? Então o Bébé não gosta do Nininho? (Não é por causa da careta, mas por causa de não escrever) Olha, Nininha; e agora a serio: achei que tinhas um ar alegre hoje, que mostravas boa disposição. Também pareces ter gostado de ver o Ibis, mas isso não garanto, com medo de errar. Ainda fazes muita troça do Nininho? (A. de C.). Não sei se irei amanhã a Belem; o mais provavel, como te disse, é que vá. Em todo o caso, já sabes: depois das 6.30 não appareço, de modo que escusas de esperar pelo Ibis para alem d’essa hora.
Ouvistaste? [sic]
Muitos beijos e um abraço á roda da cintura do Bébé. Sempre e muito teu Fernando


6.5.1920


Certa vez Ophélia disse sobre Fernando Pessoa:












"O Fernando, em geral, era muito alegre. Ria como uma criança, e achava muita graça às coisas. Dizia, por exemplo «ouvistaste?» em vez de «ouviste». Quando saía para engraxar os sapatos, dizia-me: «-Eu já venho, vou lavar os pés por fora». Um dia mandou-me um bilhetinho assim: « O meu amor é pequenino, tem calcinhas cor-de-rosa» Eu li aquilo e fiquei indignada. Quando saímos, disse-lhe zangada: « Ó Fernando, como é que você sabe que eu tenho calcinhas cor-de-rosa ou não, você nunca viu...» (tanto nos tratávamos por tu como por você). E ele respondeu-me assim a rir: « Não te zangues, Bebé, é que todas as bebés pequeninas têm calcinhas cor-de-rosa...»





Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 16 de abril de 1889. Órfão de pai e mãe, só teve instrução primária e viveu quase toda a vida no campo, sob a proteção de uma tia. Poeta de contato com a natureza, extraindo dela os valores ingênuos com os quais alimenta a alma. Para Caeiro, “tudo é como é”, “tudo é assim como é assim”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem a mediação do pensamento. O poema “O Guardador de Rebanhos” mostra a forma simples e natural de sentir e dizer desse poeta. Alberto Caeiro morreu tuberculoso, 1915.











Não Tenho Pressa




Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.




Um de seus poemas mais famosos é "O guardador de rebanhos"

Eu Nunca Guardei Rebanhos
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.





Ricardo Reis nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Teve formação em escola de jesuítas e estudou medicina. Monarquista, exilou-se no Brasil, por não concordar com a Proclamação da República Portuguesa. Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego e mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de princípios aristocráticos.







Influenciado pelos ideais filosóficos greco-latinos, sobretudo pelo epicurismo e pelo estoicismo, Ricardo Reis criou uma poesia em que a harmonia, a clareza, as boas formas de viver, o prazer, a serenidade e o equilíbrio são os principais temas. Recebeu também forte influência do poeta Alberto Caeiro, considerado um mestre para os demais. Sua poesia defende o ideal do “carpe diem”, frase do poeta Horácio popularmente traduzida como “aproveite o momento”. Por meio de seus versos, Ricardo Reis procurou atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer, considerando a vida como uma viagem cujo fluir e fim são inevitáveis.






Estás Só

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.

Mas finge sem fingimento.
Nada 'speres que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.


Ricardo Reis, in "Odes"








Álvaro de Campos nasceu no extremo sul de Portugal, em Tavira, em 15 de outubro de 1890. É o poeta moderno, aquele que vive as ideologias do século XX. Estudou Engenharia Naval, na Escócia, mas não podia suportar viver confinado em escritórios. De temperamento rebelde e agressivo, seus versos reproduzem a revolta e o inconformismo, manifestados através de uma verdadeira revolução poética. Escreveu “Ode Triunfal”, “Ode Marítima” e “Tabacaria”.


Era solitário e depressivo. Viveu tudo na vida intensamente. Possuía a filosofia do niilismo - nada valeu a pena, tudo foi em vão. Expressava tédio por um mundo que não o aceitava, colocava-se com linguagem despida de beleza. Sua poesia era grotesca, formada em um gênero literário desqualificado, sob a finalidade de aliviar-nos a beleza. O seu esforço em conhecer a si próprio fragmenta o seu próprio eu. Mostra-se impotente frente ao real.






Todas as Cartas de Amor são Ridículas




Todas as cartas de amor
são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.



Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.




As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.




Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.




Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.




A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.




(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)




Álvaro de Campos, in "Poemas"




Poema em linha reta



Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.





E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.




Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...




Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,




Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?




Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?





Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.



Álvaro de Campos














Poema autopsicografia de Fernando Pessoa, por ele mesmo.



Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.



E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.




E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.





O que todos esses poetas têm em comum ? Eles são a mesma pessoa; Álvaro de Campos;Alberto Caieiros e Ricardo Reis, são os principais heterônimos do grande poeta português Fernando Pessoa.
Para tanto, o poeta português criava nome, estilo próprio de escrever, biografia e até fazia mapa astral para cada escritor inventado. “Já foram descobertos uns 78 autores criados por ele. E Fernando Pessoa acabou ficando conhecido justamente por isso. Isto é: um poeta tenta discutir porque o ‘eu’ não é único e o seu nome fica conhecido pela quebra da questão da autoria.
Fernando Pessoa tinha o seu lado místico adepto do , espiritismo, cabala, maçonaria e astrologia.


Muitos atribuem a isso seus heterônimos, como se fossem incorporações de outras vidas.


O compositor brasileiro Chico Buarque de Holanda, adotou por algum tempo o heterônimo de "Julinho da Adelaide" por razões da perseguição da censura.






Fontes:
ebiografia.com
citador.pt
portugues.uol.com.br
releituras.com
rede.novaescolaclube.org.br
biblioteca.pucrs.br

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

 Vamos falar hoje do poeta Gonçalves Dias.





Antonio Gonçalves Dias nasceu em 10 de Agosto de 1823 no sítio Boa Vista, perto de Caxias, na província do Maranhão.

Em 1838 partiu para a famosa faculdade de Coimbra em Portugal onde se formou em  ciências jurídicas.

Volta ao Brasil para Caxias em 1845; publica "Primeiro Cantos", do qual faz parte a famosa "Canção do Exílio"

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá; 
As aves que aqui gorjeiam, 
não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, 
nossa várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá

Minha terra tem primores
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar- sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá.

Não permitas Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá.


 
                                Coimbra, julho de 1843.



Em 1849 trabalha como professor de latim e História do Brasil, no colégio D.Pedro II,  no Estado da Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro.

Em 1851 regressa ao Maranhão e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, por quem se apaixona, mas por ser mestiço, o relacionamento não é autorizado pela família da moça.

Mais tarde casa-se com Olímpia da Costa. Em 1851, já como oficial de Negócios Estrangeiros viaja para Portugal e reencontra Ana Amélia, já casada. Desse encontro ele tem a inspiração para escrever - Ainda uma vez  - adeus.


"Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Apesar de quanto sofri.
Muito pensei. Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastados,
Houveram-me acabrunhados,
A não lembrar-me de ti. (...)
Adeus que eu parto, senhora!
Negou-me o fado inimigo
Passa a viver comigo,
Tem sepultura entre os meus." (...)

Gonçalves Dias é considerado o maior poeta Indianista brasileiro, tendo  como poema mais conhecido  dessa fase  "I- Juca Pirama, poema em dez cantos que fala do lamento do guerreiro tupi preso numa aldeia timbira. O título significa; aquele que vai ser morto e conta a história de um índio da tribo tupi que foi capturado por índios da tribo timbira e será morto num ritual de canibalismo.

O índio consegue ser libertado, mas quando volta à sua tribo seu pai, já doente e cego, exige que ele volte para seus captores.

I-Juca Pirama

"Meu canto de morte,
Guerreiros ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.




Da tribo pujante,
Que agora anda errante
por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros ouvi." (...

Em 1862 retorna à Europa para tratamento de saúde, sem sucesso. Na volta em 1864 o navio que viajava "Ville de Boulogne", naufraga nas costas do Maranhão em 3 de novembro de 1864 e o poeta morre.


Fontes:

Dias, Gonçalves - Poesias - M.Said Ali - Laemmert &c. Editores - Rio de Janeiro - 1896
google.com
ebiografia.com

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Vamos falar hoje do livro da escritora inglesa Emily Brontë, O morro dos ventos uivantes (Wuthering Heights).


Emily Brontë


Diz a autora no início do livro: "Wuthering Heights é o nome da casa do Sr. Heathcliff. Wuthering é um significativo provincianismo que descreve o tumulto atmosférico a que está ela sujeita na época tempestuosa. Certo é que ali em cima sopra um ar puro e salubre em qualquer estação."


O romance conta a história de Catherine (Cathy) filha de um rico proprietário de terras, Sr. Earnshaw e seu irmão adotivo Heathcliff.




Um dia o Sr. Earnshaw retorna de uma viagem à Liverpool e trás consigo um garoto que ele encontrou abandonado pelas ruas da cidade.

A governanta da casa, Nelly Dean, conta como conheceu Heathcliff:

"Rodeamo-lo e, por cima da cabeça da Srta. Cathy, lobriguei um menino, sujo, maltrapilho, de cabelos pretos, grande bastante para andar e falar.... A Sra.  Earnshaw estava prestes a coloca-lo para fora..."


Não obstante as reclamações da Sra. Earnshaw o patrão explicou que achou o menino vagando pelas ruas de Liverpool, com fome e sem  ninguém e resolveu trazê-lo para casa.


Heathcliff sempre foi menosprezado e atacado na casa como um enjeitado. Foi, então se desenvolvendo nele um sentimento de ressentimento e raiva. Ele só encontra conforto na amizade da mimada Cathy.

Entre eles vai crescendo um sentimento muito forte que se transforma num amor avassalador.


Com a morte do senhor Earnshaw , seu filho Hindley, passa a destratar ainda mais Heathcliff, tratando como um emprego da propriedade.

Catherine tem um casamento arranjado com o filho de um rico proprietário de terras, Edgar Linton, o que deixa Heathcliff desesperado, ainda mais depois de ouvir Catherina dizer com a governanta Nelly que nunca se casaria com Heathcliff devido a sua baixa classe social.


Heathcliff deixa a fazenda e retorna mais tarde como um homem rico e poderoso.

Catherine fica dividida entre o marido Linton e o irmão adotivo.

Catherine morre no parto de um linda menina, Cathy. Inconformado Heathcliff jura vingança contra todos àqueles que o humilharam e impediram sua união com Catherine.


Heathcliff casa-se com Isabele, irmão de  Edgar Linton, mas a relação dos dois nunca foi boa, devido aos maus tratos aos quais a moça é submetida.


Hindley, irmão de Catherine, fica viciado no jogo e perde tudo para Heathcliff. 

Trailer de 2012


No final atormentado pela saudade de Catherine e sua visão o atormentando cada vez mais.

"Durante esse tempo, ele vagava .para lá e para cá, num estado vizinho de desvairamento. Seus profundos suspiros se sucediam tão rapidamente, que não deixavam lugar para a respiração normal." (p.306)

Cada vez mais abatido e cansado da vida Heathcliff morre em seu quarto numa noite escura e com muita chuva.

Conforme seu desejo é enterrado na propriedade à noite

Nas profundezas da noite, entre os uivos dos ventos entre as árvores, muitos juram ouvir a voz de Catherine chamando por seu amado.

"As pessoas da região, porém, se o senhor as interrogar, jurarão sobre os Santos Evangelhos que ele anda passeando."

"...encontrei um pastorzinho que impelia diante de si uma ovelha e dois cordeiros. Chorava copiosamente. Supus que os cordeiros eram rebeldes e não queriam deixar se conduzir.

- Que há meu homenzinho ?

Heathcliff e uma mulher estão lá embaixo, sob a ponta do rochedo - respondeu ele soluçando - e eu não tenho coragem de passar na frente deles." (p.310).

Na época o gênero romance-terror era uma novidade e muitos críticos ficaram surpresos de como uma autora que vivia sob a tutela de um pai pastor anglicano severo e repressor conseguiu escrever algo tão libertário.


Trailer do filme de 1992




O livro foi adaptado para o cinema várias oportunidades, e no ano de 1978 a cantora Kate Bush fez sucesso com a música Wuthering Heights.


Kate Bush - Wuthering Heights


Esse foi o único livro de Emily Brontë, mas a transformou numa grande escritora da literatura inglesa.



Fontes:


wikipedia.org
youtube.com
google.com
resenhadossonhos.com
culturagenial.com
Brontë, Emily - O morro dos ventos uivantes - editora Abril - 1979




quarta-feira, 17 de novembro de 2021







Todos sabemos que A é um artigo definido, feminino,  singular, mas quando usar HÁ, À, AH ?


Além de artigo o a pode ser também uma preposição.


Exemplos: 

a todos

a mão

a Deus

a partir de

a fim de


A artigo definido feminino

a casa

a escola

a menina

a laranja


Quando existe a junção do a(artigo) + o a (preposição) temos o A com crase.

Exemplos:

Fui à casa de José.

Paguei a compra à vista.

Precisa virar à esquerda.

Vou à Paris.

Sapato á Luís XV.


Quando determinamos uma hora exata:

Vou às cinco horas

Daqui à 10 minutos

A missa começa às 18 horas.


Existe ainda uma forma de Ah! quando fazemos a interjeição numa frase:


Ah! que bom que você veio.

Ah! quase esqueci.

Ah! já estou chegando.



Quando usamos o Há ? 

O há é usado quando se relaciona ao tempo.

Há vinte anos venho aqui.

Não te vejo há dois anos.


Quando dá ideia de existir


Há comida no fogão.

Há sujeira por toda parte.

Há carros estacionados na calçada.

Há amizades sinceras.



Fontes:

duvidas.dicio.com.br

google.com

terça-feira, 16 de novembro de 2021

 Vamos falar do livro "O Príncipe" de Maquiavel.




Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, ou Nicolau de Maquiavel, injustamente relacionado à perversão e maldades.

Ele nasceu em 3 de maio de 1469 em Florença e morreu na mesma cidade da Itália em 21 de junho de 1527.


Praticamente nada se sabe a seu respeito antes de tornar-se um funcionário subalterno do governo florentino. No entanto sua juventude decorreu durante alguns dos mais tumultuosos anos da história de Florença, em pleno período da Renascença.


Florença - Itália


O Renascimento é um período que começou no final do século XIV e durou até ao século XVI. Este é um termo que representa qualquer tipo de progresso. Se a "Idade das Trevas" é um período histórico que se refere tradicionalmente à Idade Média, com certeza podemos dizer que o Renascimento é o sol que desapareceu das trevas. Renascida ou Rinascita(it.) representa o período mais frutífero da história da arte e da arquitetura.

Maquiavel foi também um historiador, filósofo, músico e diplomata.

Como diplomata viajou por inúmeras cidades da Itália, então dividida, e também para outros países.

A missão mais importante para carreira de político foi junto a César Borgia, duque de Valentino, filho do papa Alexandre VI.

Mais que um livro político, o Príncipe detalha a alma humana, um estudo das paixões, das virtudes e dos defeitos, tudo do ponto de vista analítico e não emocional.



Maquiavel escreveu sua principal obra, O Príncipe, em 1513, mas a obra só foi publicada em 1532. O livro está dividido em 26 capítulos.

Maquiavel



Inicialmente, Maquiavel exibe os tipos de principado existentes e aponta as distinções de cada um deles. Na sequência, explica como os Estados se decompõem em Repúblicas e Principados hereditários e adquiridos, bem como de senhorios eclesiásticos.

Na segunda parte, o autor explica alicerces do poder analisando as leis e as armas. e de que forma os governos devem organizar o poder.

Dando continuidade, na terceira parte da obra, ele irá debater as normas de conduta que um Príncipe deve abraçar para reconstruir a Itália.

O nome "O Príncipe" vêm das  experiências de Maquiavel como historiador e diplomata e narra as histórias dos príncipes da Itália que governavam seus principados ou cidades independentes da Itália.

"Todos os Estados, todos os domínios que têm havido e que há sobre os homens, foram e são repúblicas ou principados. Os principados ou são hereditários, cujo senhor é príncipe pelo sangue, por longo tempo ou são novos." (p.21)

Maquiavel começa com uma carta escrita para o Magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médici.

"As mais das vezes, costumam aqueles que desejam granjear as graças de um príncipe trazer-lhes os objetos que lhes são mais caros, ou com os quais o veem deleitar-se; assim, muitas vezes, eles são presenteados com cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e outros ornamentos dignos de sua grandeza. Desejando eu oferecer a Vossa Magnificência um testemunho qualquer de minha obrigação, não achei, entre outros cabedais, coisa que me seja mais cara ou que tanto estime, quanto o conhecimento das ações dos grandes homens apreendido por uma longa experiência das coisas modernas e uma contínua lição das antigas; das quais, tendo eu, com grande diligência, longamente cogitado, examinando-as, agora mando a Vossa Magnificência, reduzidas a um pequeno volume."(p.19)



No capítulo XV ele aborda as características que um príncipe deve ter para serem louvados ou vituperados.

"...Assim é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda o poder de ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade." (p.81)


"Portanto um príncipe deve gastar pouco para não ser obrigado a roubar seus súditos; para poder defender-se; para não se empobrecer; tornando-se desprezível; para não se tornar rapace; e pouco cuidado que lhe dê a pecha de miserável; pois esse é um dos defeitos que lhe dão a possibilidade de em reinar." (p.84)


"...é muito mais seguro ser temido que amado..." (p.88) 


No capítulo XIX ele aconselha um príncipe a evitar ser desprezado e odiado.

"Deve ele procurar que em suas ações se reconheça grandeza, coragem, gravidade e fortaleza..." 
"Fá-lo desprezível o ser considerado volúvel, leviano, efeminado, pusilânime, irresoluto." (p. 95)

 



Assim ele vai enumerando seus conselhos, baseados em suas experiências. Fala de como evitar soldados mercenários, de como lidar com aduladores, etc.

Um livro que recomendo muito a leitura. Fala de comportamentos humanos. de política, de História e Filosofia.



Fontes:


O Príncipe, Maquiavel, Nicolau - editora Três - 1974
wikipedia.org
google.com
todamateria.com.br


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