sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Vamos falar hoje da obra do escritor russo Fiodor Dostoiévski, O idiota.







Fiódor Dostoiévski (1821 – 1881) é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. Modernismo, existencialismo e vários ramos da psicologia, teologia e literatura sofreram extrema influência de seu pensamento. Suas obras são consideradas proféticas, porque ele pôde “prever” como os revolucionários russos atuariam se assumissem o poder. Também teve grande projeção por sua atividade como jornalista.



Foi autor de histórias cuja abrangência psicológica nos redutos mais obscuros da alma humana, juntamente com sua extrema genialidade e sensibilidade, teve absurda influência na ficção do século XX.

O livro "O Idiota" ( Идиот  em russo) escrito entre setembro de 1867 até janeiro de 1869, foi publicado originalmente em folhetim pela revista "O mensageiro russo"




A narrativa gira em torno do príncipe Míchkin, um homem criado longe da Rússia devido a graves crises de epilepsia, Dostoiéviski também sofria do mal. Após longa internação na Suíça, esse jovem de vinte e sete anos decide se reinserir na sua sociedade natal, sem que tenha a menor ideia do que o aguarda. Sincero, bondoso e complacente, o príncipe é atirado com rapidez surpreendente em situações sobre as quais pouco entende e nas quais as suas elevadas qualidades mais causam tumulto do que solução.

Míchkin tem uma grande generosidade, benevolência e, consequentemente muita ingenuidade.




No entanto, mesmo acarinhado e bem tratado por todos, embora até sendo visto como um coitadinho devido à sua bondade, não se consegue livrar da chacota e das alfinetadas que frequentemente lhe atiram, como é tão próprio serem lançadas por quem se aproveita da bondade de alguém que, erroneamente, a relacionam com algum tipo de pessoa fraca e débil.





Nem suspeitam pois que, por ser conotado como um pateta, um idiota debaixo do olhar de toda a gente, o príncipe seja capaz de ser tão esperto que os restantes, quanto mais detentor de uma mente superior, possuindo um dom intuitivo, praticamente profético, capaz de deslindar a essência do espírito sob os rostos de quem o rodeia, o fundo das pessoas, ou seja, a verdadeira índole de cada um e avaliar na perfeição os seus atributos. 


Órfão de pais e sendo o último da linhagem dos Míchkin, a história começa quando ele retorna à Rússia para recolher uma herança deixada por um velho amigo e familiar de seu pai.



Ao lado do cristianismo, um dos principais temas abordados por Dostoiévski em O Idiota é o niilismo, uma doutrina que questiona os porquê e a um profundo descrédito da vida e seus ensinamentos.  Neste contexto é afirmado que o povo Russo poderia superá-lo ao agarrar-se ao cristianismo, pois segundo o Príncipe Míchkin, o essência do sentimento religioso não está de forma alguma na razão, e portanto não necessita e não passa pela racionalidade ocidental.

É neste contexto que Dostoiévski compara o Príncipe Míchkin com Dom Quixote, esse porém um sonhador que agia impulsionado por  sua loucura.

O idiota, é um clássico russo de séculos atrás que ainda hoje se faz atual. As abordagens de Dostoiévski são certeiras e levantam questões delicadas, tais como abuso sexual e relacionamento abusivo, como é o caso da bela Nastácia Fillípovna criiada por Tótski para ser sua amante, Nastácia desenvolve uma personalidade voluntariosa e irascível, a ponto de seguir seu abusador até São Petesburgo e instalar-se lá para infundir-lhe pavor. O desfecho dramático desperta uma série de questionamentos, bem como sentimentos incômodos. Apesar da tragédia anunciada (essa informação consta na contra capa), me peguei alimentando a esperança de que no final das contas tudo ocorresse da melhor forma possível, porém no fim de tudo o que fica é aquele sabor amargo na boca e uma infinidade de pontos a se refletir, com o propósito de pelo menos tentar compreender as curvas erradas que tomamos durante essa nossa longa jornada.



O grande problema do príncipe é que a sua doação ao outro muitas vezes ultrapassa a linha do possível, fazendo com que a sua própria vida pareça não ter a menor importância. A relação que estabelece com Rogójin, o amante obsessivo de Nastácia Fillípovna, por exemplo, beira as raias da loucura, já que Míchkin o procura inúmeras vezes e chega a chamá-lo de irmão, mesmo que aquele o considere um rival e transforme-se numa grande ameaça. Em mais de uma ocasião o príncipe expõe-se de maneira perigosa a esse homem imprevisível, e o faz na melhor das intenções, a fim de tentar salvá-lo de seus impulsos destrutivos. Poucos chegariam a esse ponto, de teor insano. Afinal, qual é o limite da bondade? Vale a pena arriscar tudo pelo resgate do próximo?

Sem revelar muito sobre o final da obra, podemos indicar que Dostoiévski nos encaminha para essa resposta. O próprio título do livro já nos dá pistas – pois um homem com tamanha nobreza de caráter é reconhecido pela sociedade ao seu redor como um ser superior ou um simples idiota? Esses questionamentos, em meio a muitos outros, são o que fazem desse livro uma joia da literatura mundial. Poucos nos dirão mais verdades sobre a nossa natureza humana do que o príncipe Míchkin e seu notável criador.




Fontes:
professorkrauss.com
bosnlivrosparaler.com.br
homoliteratus.com
wikipedia.org
google.com
nossomundoliteraio.com.br

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