sexta-feira, 15 de março de 2019

Vamos falar hoje do Patrono da Educação  o Brasil, o pernambucano Paulo Freire.

Vivemos um momento delicado no país, onde forças conservadores e reacionárias tendem a criticar a obra de Paulo Freire, tido como um dos maiores educadores do mundo inteiro.



O rechaço a Paulo Freire não é novidade e tampouco recente. Tem início já nos fins dos anos 50 e começo da década de 60, momento em que o educador idealiza a educação popular e realiza as primeiras iniciativas de conscientização política do povo, em nome da emancipação social, cultural e política das classes sociais excluídas e oprimidas.

Sua metodologia dialógica foi considerada perigosamente subversiva pelo regime militar, o que rendeu a Freire o exílio. O educador, entretanto, não deixou de produzir e nesse período escreveu algumas de suas principais obras, dentre elas, a Pedagogia do Oprimido.

Lembremos que para os poderosos o conhecimento e a educação deve ser um privilégio de poucos, normalmente daqueles que comungam de seus pensamentos retrógrados.

Lembremos que na Idade Média a tradução da Bíblia do grego ou do latim para outra língua nativa era considerado heresia.



Miguel Arroyo,professor emérito da Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) entende que as manifestações atuais contra o educador só mostram que os setores conservadores continuam tão reacionários como na época da ditadura.

“E isso surge em um momento em que o partido político que está no poder foi eleito, majoritariamente, pelo cidadão pobre, negro, nordestino. A rejeição a Freire, segundo Arroyo, revela uma questão premente de nossa história de reconhecer ou não o povo como sujeito de direitos”, garante, ponto sobre o qual o educador se apoia para chamar a pedagogia freiriana de “pedagogia dos oprimidos concretos”.

“O que caracteriza a nossa história é não reconhecer os indígenas, os negros, os pobres, os camponeses, os quilombolas, os ribeirinhos e os favelados como sujeitos humanos”, condena o educador. Em sua análise, essa crença serviu, ao longo da história, como justificativa ideológica para que as classes dominantes escravizassem e espoliassem esses setores sociais.

“Tudo isso a partir de uma visão de que somos o símbolo da cultura, civilidade e os outros a expressão da sub-humanidade, subcultura, imoralidade. É isso que nos acompanha ao longo da vida e Paulo Freire se contrapôs a isso, inverteu esse olhar”, analisa Arroyo.

O que ele considera “como um dos pontos mais radicais e politicamente avançados de Freire” foi a valorização da cultura, das memórias, dos valores, saberes, racionalidade e matrizes culturais e intelectuais do povo, contrapondo-se à lógica de que era necessária a inferiorização de uns para garantir a dominação de outros. Na educação, sobretudo, essa radicalidade implica em enfrentamentos.

“Existe a ideia de que nós, cultos, racionais, conscientes, vamos fazer o favor de, através da educação, conscientizar o povo; para Freire não se tratava de conscientizá-los, moralizá-los, mas de reconhecê-los como sujeitos de uma outra pedagogia, capaz de dialogar com essas culturas, identidades e histórias”, esclarece Arroyo.

Paulo Freire nasceu em Recife, no ano de 1921, e faleceu na cidade de São Paulo, em 1997. Seu nome tornou-se notório tanto no âmbito nacional quanto internacional por suas pesquisas no campo da alfabetização. Acompanhe este artigo e confira algumas das contribuições de Paulo Freire para a educação.



Método Paulo Freire



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Método aplicado pela primeira vez na região de Angicos (RN) em 1963, Paulo Freire buscou, através do seu conhecimento e sensibilidade, alfabetizar e politizar os povos daquele lugar. O contexto histórico daquela região era marcado por trabalhadores rurais, domésticas, pedreiros, entre outros trabalhadores que acreditavam na importância de aprender a ler para “mudar de vida”, como foi documentado no livro de Carlos Lyra “As quarenta horas de Angico. Segundo registros, cerca de 300 pessoas foram alfabetizadas em 40 horas.

Tal façanha é o feito mais marcante de Paulo Freire no campo da pedagogia, tendo por metodologia a escolha de “palavras geradoras”, comuns no vocabulário local como, por exemplo, cimento, tijolo, vassoura, enxada, terra, colheita, entre outras. O método usava essas palavras e, a partir da decodificação fonética dessas palavras, iam se construindo e associando novas palavras, aumentando assim o repertório dos alunos.


Pensamento pedagógico político


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Paulo Freire defendia que a desigualdade entres as classes sociais acarretava na opressão das classes mais abastadas sobre as classes populares. Nascido em uma das regiões mais pobres do país, ele experimentara essa realidade.

Em sua trajetória, defendeu o ensino como forma de despertar a criticidade do aluno, fazendo com que o mesmo buscasse a ampliação de sua consciência social e conseguisse atingir à autonomia

Seus pensamentos fizeram com que Paulo Freire fosse visto como subversivo durante a Ditadura Militar e, como consequência, foi exilado e só pode voltar ao país após 16 anos.

Esse teórico era assumidamente defensor de que a educação deveria ser prática de liberdade, sendo inclusive esse o título um de seus livros mais importantes, “Educação como prática da liberdade” que foi escrito enquanto ele estava exilado.


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Por seu trabalho na educação e sua visão de que a consciência crítica e ativa precisa ser despertada, Paulo Freire foi também defensor dos professores. Ele acreditava que o papel do professor ia além do ensinar, pois para ele o ato de ensinar está diretamente relacionado ao de aprender. Por essa razão, defendia que o professor deveria ser valorizado em todos os sentidos, pois ele é fundamental para a construção de uma sociedade que pretende atingir uma educação de qualidade.


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Durante o período em que assumiu a direção da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no governo de Luiza Erundina, ele trabalhou na defesa dos ganhos do profissional, bem como na implementação de movimentos de alfabetização, formação continuada e de revisão curricular.

O mais famoso educador brasileiro, Paulo Freire, acreditava que ensinar era como despertar o aluno para ler o mundo. Ou seja, possibilitaria a formação da consciência sobre quem o sujeito é no meio em que ele vive. Para ele, as grandes transformações partem desse princípio. A alfabetização era, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o silêncio em que são colocados, podendo ser, então, os protagonistas da própria história, como escreveu em seu livro Pedagogia do Oprimido.

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A suposta aplicação de sua filosofia nas escolas públicas é alvo de críticas por parte do presidente Jair Bolsonaro (PSL), para quem seus ensinamentos "marxistas" atrapalham o desenvolvimento dos alunos. Ao criticar o Ministério da Educação (MEC), disse que '"vai entrar com um lança chamas no MEC e tirar Paulo Freire lá de dentro."

Talvez, quem sabe, se o presidente fosse educado no método freiriano, teria uma educação menos sofrível.

Vemos o porquê da resistência dos reacionários e ditadores a Paulo Freire, seus métodos levam os alunos a pensarem por conta própria e a terem uma visão crítica do mundo que os cercam.


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Paulo Freire teve atuação e reconhecimento internacional. "Pedagogia do Oprimido" é o único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 mais pedidos pelas universidades de língua inglesa, segundo o projeto Open Syllabus, que reúne dados do mundo acadêmico.



O historiador Danilo Nakamura também pontua que, para ele, a pedagogia de Paulo Freire não propõe nenhum tipo de doutrinação, base de críticas de quem se opõe a seu trabalho. “Muito pelo contrário, Paulo Freire afirma que a pedagogia do oprimido é uma pedagogia que diz que devemos partir da própria ação e realidade dos menos favorecidos na atividade educativa”, explica. Assim, Danilo parafraseia Paulo Freire: “A educação bancária (expressão de Freire), aquela que vem com conteúdos prontos para ‘depositar’ na cabeça dos estudantes, é o que poderíamos chamar de doutrinadora, afinal, não existe reflexão por parte do estudante, ele se torna mero repositório de conteúdos pré-concebidos”, relê. Para o historiador, assim, doutrinar seria inculcar ideias sem que exista pensamento, reflexão, debate, divergência e crítica, como escrevia Freire.

Por defender essas ideias, Paulo Freire foi perseguido pela ditadura militar, instaurada em 1964, e acabou exilado no Chile e em outros países. “Isso aconteceu porque sua prática educativa possibilitava em muito pouco tempo alfabetizar adultos do campo e os menos favorecidos”, ressalta Sumaya Pimenta, explicando que esse método consistia em partir de palavras geradoras significativas para cada um daqueles que não dominavam a leitura, o que implicava partir do conhecimento de mundo dessas pessoas e não de textos mecânicos e distantes da realidade delas. “Eminentes educadores norte-americanos, como Henry Giroux, Peter McLaren e Michael Apple, para ficarmos apenas com alguns, foram influenciados pelas ideias freireanas e defendem uma Pedagogia Crítica que repense o lugar da Educação na emancipação das pessoas”, afirma, criticando aqueles que desejam conter o legado de Paulo Freire, ressaltando que a Educação, principalmente a pública, deve ser pautada na realidade viva e significativa de cada educando.

Vimos, portanto, a importância da obra do educador, e as opiniões contrárias são de pessoas cuja cultura e conhecimento são superficiais e precárias.





Fontes:
wikipedia.org
escoladainteligencia.com.br
educacaointegral.org.br
novaescola.org.br
google.com.br



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