Thomas Cranmer foi o primeiro Arcebispo de Canterbury durante o reinado de Enrique VIII.
Sua nomeação como Arcebispo, e a constatação de que não existiu consagração episcopal, estão na base da decisão do Papa Leão XIII de declarar inválidas as ordenações anglicanas por causa da interrupção na sucessão apostólica. Desempenhou um importante papel na reforma anglicana e fez parte da controvérsia sobre a anulação do matrimônio com Catarina, tia do imperador Carlos V, pronunciando-se a favor da mesma e validando depois o matrimônio do Rei com Ana Bolena. Acusado de heresia, foi queimado no dia 21 de março de 1556, durante o reinado de Maria I, da Inglaterra.
Catarina de Aragão jogando cartas com Ana Bolena
Depois de vinte anos de casamento sem ter conseguido um herdeiro masculino, Henrique quis encerrar sua união com Catarina. O que não foi permitido pelo papa Clemente VII (1478-1534), pois a Igreja Católica não aceitava o divórcio. Em 1533,
Thomas Cranmer (1489-1556), um amigo de Henrique, tornou-se arcebispo da Cantuária, o mais alto cargo eclesiástico da Inglaterra. Assim, os dois amigos fizeram um acordo para anular o casamento de Henrique, fazendo o Parlamento declarar que o Direito Divino dos Reis substituíra a autoridade da Igreja. Naquele mesmo ano, Cranmer e Henrique retiraram a ala inglesa do Catolicismo e criaram a Igreja Anglicana.
Ana Bolena
Ana Bolena seria executada anos mais tarde sob acusações de adultério e bruxaria, mas historiadores admitem que o real motivo foi ela não ter dado um filho do sexo masculino, além do mais nessa época Henrique VIII já tinha escolhido uma outra consorte, Joana Seymour
Joana Seymour
Durante seu período como arcebispo, foi responsável por estabelecer as primeiras estruturas doutrinais e litúrgicas da reformada Igreja da Inglaterra. Durante o reinado de Henrique, Cranmer não fez muitas mudanças radicais na igreja por causa das disputas de poder entre os conservadores e reformistas religiosos. Entretanto, ele conseguiu publicar o primeiro vernáculo autorizado, a Exortação e Ladainha.
Quando Eduardo, filho de Henrique VIII e Joana Seymour, chegou ao trono, Cramer conseguiu promover grandes reformas.
Ele escreveu e compilou as duas primeiras edições do Livro de Oração Comum, uma liturgia completa para a Igreja Anglicana. Com a ajuda de vários reformistas continentais que deu refúgio, ele desenvolveu novos padrões doutrinais em áreas como a eucaristia, celibato clerical, o papel das imagens em locais de culto e a veneração dos santos. Cranmer promulgou novas doutrinas através do Livro de Oração, das homilias e outras publicações.
À morte de Henrique VIII, em 1547, Cranmer tornou-se um indispensável conselheiro do príncipe sucessor, Eduardo VI, o qual crescera sob a mentalidade protestante.
Durante o reinado de Eduardo, Cranmer terminou seu grande trabalho litúrgico, iniciado durante o reinado de Henrique. Ele produziu uma linguagem litúrgica inglesa de caráter protestante. o Livro da Oração Comum.
Cranmer foi responsável pelas primeiras duas edições do Livro da Oração Comum. A primeira edição, de 1549, era relativamente conservadora em sua estrutura literária, se comparada à segunda edição, de 1552, essa mais radical, a qual critica e exclui uma série de ritos católicos, como o exorcismo e a tripla submersão do batismo. A atual versão oficial do Livro da Oração Comum da Igreja Anglicana foi produzido em 1662. Cranmer também encorajou a destruição de imagens, seguindo a ideologia de João Calvino e Zwingli.
Eduardo VI morreu em 1553, para ser sucedido por sua meia-irmã Maria I da Inglaterra. Maria era filha de Henrique VIII e sua primeira esposa, Catarina de Aragão, uma princesa espanhola que a criou sob a fé católica. Em sintonia com suas crenças católicas, Maria I começou, tanto quanto lhe era possível, o processo de restauração da antiga religião, afetando o projeto levado a cabo durante toda a vida de Cranmer.
Eduardo VI
Primeiramente, ele foi acusado e condenado de traição por seu apoio à Dama Jane Grey como Rainha, mas Maria poupou sua vida, resolvendo julgá-lo por heresia, mantendo-o preso até fevereiro de 1556, permanecendo Cranmer como arcebispo. Em novembro de 1554, o cardeal Reginald Pole foi à Inglaterra para restabelecer os laços do país com o catolicismo.
Maria I
Pole foi indicado como arcebispo da Cantuária em 1556. Entrementes, Cranmer, enfraquecido pelos mais de dois anos de prisão, declarou vários arrependimentos, reafirmando sua crença na transubstanciação e na supremacia papal– dizendo, posteriormente, que o fez a fim de evitar sua execução. Apesar disso, Cranmer foi sentenciado à morte pela fogueira.
De acordo com John Foxe, em 21 de março de 1556, Cranmer foi trazido em procissão à Igreja de Santa Maria, em Oxford, onde ele foi forçado a fazer uma declaração pública afirmando seu arrependimento. Em vez disso, Cranmer retirou sua declaração anterior de arrependimento e denunciou a doutrina da Igreja Católica e o Papa, dizendo: "E sobre o Papa, eu o recuso, como inimigo de Cristo e Anticristo, com toda sua falsa doutrina." Após isso, Cranmer foi levado à fogueira.
Encontra-se sepultado em Martyrs' Memorial, Oxford Oxfordshire na Inglaterra.
Fontes:
wikipedia.org
google,com.br
seuhistory.com
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