terça-feira, 23 de julho de 2019




Quando saiu a público, em novembro de 1991, o Evangelho segundo Jesus Cristo suscitou reações polêmicas de parte dos Católicos. Entre elas, a do Arcebispo de Braga Primaz das Espanhas, D. Eurico Dias Nogueira, proferida em Maio de 1992: "Um escritor português, ateu confesso e comunista impenitente, como ele mesmo se apresenta, resolveu elaborar uma delirante vida de Cristo, na perspectiva da sua ideologia político-religiosa e distorcida por aqueles parâmetros." D. Eurico continua: "A apregoada beleza literária, a existir nesta obra, longe de atenuante e muito menos dirimente, constitui circunstância agravante da culpabilidade do réu, seu autor."

Vital Capelo, no jornal O Arrais de Peso da Régua, afirma acerca de Saramago e do romance: "Sendo o autor um descrente, não deveria ter a ousadia de imiscuir-se em assuntos de natureza religiosa (...) sob pena de ser aplicado o velho «Quem te mandou, sapateiro, tocar rabecão?!»." E enfatiza: "a juventude de Jesus é puramente fantasista e fruto da imaginação do autor (...)", completando que "na parte respeitante ao adulto, Jesus é completamente deformado, já que se faz dele um milagreiro andante, cuja História é bem conhecida, sendo apresentado como um vulgar aventureiro, despido de todo o esplendor de que foi cercado."

Carlos H. da C. Silva, na revista Humanística e Teológica, expõe o modo como interpreta o romance: "(...) toda a tradição ocidental cristã não se baseia em algo «verdadeiro» mas num vazio, numa fraude colossal. Seria esta a verdade dialetizada (...), conservadorista e ideal, a denunciar o que pareciam as formas alienatórias e impeditivas. (...) Nesse sentido, é como se se advogasse um eco de puro incômodo psicológico de Saramago em relação aos Evangelhos e a tudo quanto de «doentio» neles, ou melhor, numa hermenêutica e moralização longamente estabelecida, se veio a decantar. (...)".

As críticas à obra de Saramago por parte dos cristãos, soa um tanto hipócrita, uma vez que a própria Igreja usou sempre a História de Cristo para beneficio próprio e em nome dele fez fortuna e praticou atrocidades. Outrossim negar a uma pessoa falar de algo que não acredita é negar que se fale sobre outras mitologias como Grega, Romana, Fenícia etc.



José Saramago escritor português escreveu "O Evangelho segundo Jesus Cristo" em 1991.



O livro conta uma história ficionada e humanizada da vida de Jesus e alude a uma sua eventual relação com Maria Madalena (no livro, foi com ela que Jesus "conheceu o amor da carne e nele se reconheceu homem"). Ao adotar essa perspectiva, de humanização de Cristo, distante da representação tradicional do Evangelho, Saramago coloca que a propaganda histórica da crucificação de Jesus, "um revulsivo forte, qualquer coisa capaz de chocar as sensibilidades e arrebatar os sentimentos", resultou na imposição de "uma história interminável de ferro e de sangue, de fogo e de cinzas, um mar infinito de sofrimento e de lágrimas", de acordo com a sua visão de mundo, segundo a qual “por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel",e que, "no fundo, o problema não é um Deus que não existe, mas a religião que o proclama. Denuncio as religiões, todas as religiões, por nocivas à Humanidade. São palavras duras, mas há que dizê-las". Isso levou a que o livro fosse considerado ofensivo por diversos sectores da comunidade católica, a que ele sofresse perseguição religiosa no seu próprio país, e a que o governo português, pressionado pela Igreja Católica e por meio do então Subsecretário de Estado da Cultura de Portugal, Antonio de Souza, vetasse este livro duma lista de romances portugueses candidatos ao Prêmio Aristeion em 1992 por "atentar contra a moral cristã".




Entrevista de José Saramago

Em reação a este ato do Subsecretário de Estado, que considerou censório, Saramago abandonou Portugal, passando a residir na ilha de Lanzarote, Ilhas Canárias, onde permaneceu até a sua morte.


Fontes:
wikipedia.org
google.com
homoliteratus.com/resenha-o-evangelho
youtube.com


Um comentário:

  1. Me identifico muito com o pensamento de José Saramago. Como ele sou ateu, antes era católico. A passagem para o ateísmo se deu ao longo do tempo e de questionamentos. Hoje sei que a religião é baseada na fé, e só. A Bíblia foi escrita para o povo judeu, conta a sua saga, suas crenças e seus costumes. Eles mesmo se autointitulam o povo escolhido por Deus. Então a grande ideia foi propagar a Bíblia como a palavra de Deus para toda a Humanidade cristã. A Igreja Católica também fez uso dela para seu benefício próprio criando o N ovo Testamento com os Evangelhos que melhor atendiam ao seus interesses. Não existe pois provas só a fé mantém as religiões de pé.

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