quinta-feira, 18 de julho de 2019

                               Atrás da porta - Elis Regina - Chico Buarque e Francis Hime


A História dessa linda canção eternizada na magnífica interpretação da fantástica Elis Regina, é contada no livro do Nelson Motta:  " Noites Tropicais"

Chico+Buarque++Francis+Hime+clubedaesquina.jpg
Chico  Buarque e Francis Hime


O início da letra foi feito em uma noitada de verão regada a Whisky na casa da Olivia, mulher do Francis. O Francis tocou a melodia da música, e o Chico fez a primeira parte da letra ali mesmo, não conseguindo finalizá-la, talvez pelo excesso de bebida, pela falta de inspiração, ou por ambas as coisas.






O ano era 1972 e Elis tinha acabado de sair de um tempestuoso divórcio quando conheceu a música, levada por Menescal. Ela e César (seu pianista e diretor musical) ficaram apaixonados pela música e a gravação foi marcada para dentro de três dias. Nesse meio tempo Elis resolveu chamar alguns amigos, entre eles César, para ver Morangos Silvestres, um clássico filme de Bergman – enquanto Menescal e Francis tentavam dar uma pressão em Chico para terminar a letra. No meio do filme Elis enviou um bilhete amoroso pra César, que foi ao banheiro ler e se espantou. Leu e releu sem acreditar. Era o seu grande desejo secreto. Mas devido a sua fascinação por ela, e sua insegurança, ele acabou amedrontado e sumiu por dois dias. Porém no dia da gravação, na hora marcada, ele estava no estúdio. Nelson nos conta: “Menescal se sentiu aliviado e Elis sorriu sedutora. César dispensou os músicos, pediu para todo mundo sair, para colocarem o piano no meio do estúdio, baixarem as luzes e deixarem só ele e Elis, para a gravação do piano e da voz-guia de “Atrás da porta”. Extravasando seus sentimentos, misturando as dores da separação com as esperanças de um novo amor, Elis cantou, mesmo sem a segunda parte da letra, com extraordinária emoção, com a voz tremendo e intensa musicalidade. Na técnica, quando ela terminou, estavam todos mudos. Elis chorava abraçada por César. Juntos, César e Menescal foram levar a fita para Chico, que ouviu, chorou, e terminou a letra ali mesmo, no ato.”

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Finalmente a música estava completa:

Quando olhaste bem nos olhos meus, 
E o teu olhar era de adeus. 
Juro que não acreditei. 
Eu te estranhei, me debrucei, sobre teu corpo, 
E duvidei, e me arrastei, e te arranhei, 
E me agarrei nos teus cabelos, no teu peito 
Teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama,
Sem carinho, sem coberta, 
No tapete atrás da porta, 
Reclamei baixinho.
Dei pra maldizer o nosso lar,
Pra sujar teu nome, te humilhar, 
E me vingar a qualquer preço. 
Te adorando pelo avesso. 
Só pra mostrar que ainda sou tua.
Até provar que ainda sou tua.


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E Nelson Motta finaliza: “Assim, Elis Regina cantou a versão definitiva de uma das mais poderosas e dilacerantes letras de amor e ódio da música brasileira, produziu uma gravação antológica e emocionou o Brasil com sua arte. E ganhou um novo namorado, com quem esperava crescer na música e na vida.”


Fontes:

lounge.obviusmar.org/universo paralelo
google.com

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