Vamos falar hoje da Copa do Mundo de 1978 na Argentina.
Da mesma forma que a ditadura brasileira explorou a conquista da Copa do Mundo do México em 1970, a ditadura argentina, recém instalada (1976) usou a Copa do Mundo em seu país para fazer propaganda de seu regime sanguinário.
Infelizmente o esporte sempre serviu para regimes ditatoriais e anti-democráticos, como foi o caso da Olimpíada na Alemanha no nazismo.
Voltando à Copa do Mundo:
A Argentina muito tentou até conseguir convencer a Fifa de que poderia ser sede de uma Copa. Outros três países sul-americanos já haviam tido o privilégio: o Uruguai em 30, o Brasil em 50 e o Chile em 62. O problema é que a escolha ocorreu em meio ao período ditatorial argentino, uma decisão delicada do ponto de vista diplomático.
OS ESTÁDIOS
Apenas cinco cidades receberam jogos do Mundial, sendo que Buenos Aires teve duas sedes. Três deles foram construídos para a Copa: os de Córdoba, Mendoza e Mar del Plata.
AS ELIMINATÓRIAS
Foi a última Copa com apenas 16 seleções. Dois campeões mundiais, Uruguai e Inglaterra, ficaram fora. A França cogitou boicotar a competição como protesto contra a morte de freiras francesas, supostamente a mando da ditadura argentina, mas acabou desistindo.
O MASCOTE
Guachito, mascote da Copa (Foto: Reprodução)
Um menino vestido com a camisa argentina e usando adereços típicos do campo (um chapéu e uma faca), chamado Gauchito, foi o mascote da Copa de 1978.
O CAMPEÃO
A Argentina aproveitou como poucos o fator local e foi campeã do mundo pela primeira vez em 1978 - feito que repetiria oito anos depois, no México. A campanha não foi exatamente brilhante. Na primeira fase, os hermanos tiveram duas vitórias (2 a 1 na Hungria e 2 a 1 na França) e uma derrota (1 a 0 para a Itália). Na segunda, só avançaram no saldo de gols, depois de golear o Peru por 6 a 0 - indo a campo sabendo da quantidade de gols de que precisavam para avançar, em jogo que ainda hoje gera suspeitas. A final contra a Holanda também foi um sufoco, com empate por 1 a 1 no tempo normal, seguido de dois gols na prorrogação.
Mario Kempes: decisivo, campeão, artilheiro e craque em 1978 (Foto: Getty Images)
O ARTILHEIRO
O título da Argentina foi consequência direta dos gols de Mario Kempes. Ele foi o artilheiro do Mundial. Deixou suas marca seis vezes, todos a partir da segunda fase: dois contra a Polônia (vitória de 2 a 0), outros dois contra o Peru (goleada de 6 a 0) e mais dois na final (triunfo de 3 a 1 sobre a Holanda).
O CRAQUE
Foi o último Mundial sem a eleição de um Bola de Ouro. Mas o ótimo desempenho e os gols acumulados na reta final da Copa também podem fazer Kempes ser considerado o craque do Mundial.
SELEÇÃO BRASILEIRA
A primeira fase do Brasil, dirigido por Cláudio Coutinho, foi não mais que regular, com empate por 1 a 1 com a Suécia (gol de Reinaldo), igualdade por 0 a 0 com a Espanha e vitória de 1 a 0 sobre a Áustria (gol de Roberto Dinamite). Na segunda etapa do torneio, o começo foi bom, com vitória de 3 a 0 sobre o Peru (dois gols de Dirceu e um de Zico). Depois, a Seleção chegou a dominar a Argentina, mandante do torneio, mas empatou por 0 a 0. Encerrou sua participação com triunfo de 3 a 1 sobre a Polônia (gols de Nelinho e Dinamite, duas vezes). Não foi à final por causa do saldo de gols, favorável à Argentina. Na disputa do terceiro lugar, bateu a Itália por 2 a 1, gols de Nelinho e Dirceu, e terminou a competição invicta, mas com críticas à convocação, que deixou de fora jogadores como Falcão e Junior.
Histórias da Copa
Dentre as várias "lambanças" da comissão técnica brasileira, uma chamou muita atenção: No jogo Brasil e Espanha, pela primeira fase, o jogador Jorge Mendonça ficou se aquecendo para entrar no lugar de Zico por 22 minutos à beira do campo, entrando só quando faltavam 7 minutos para terminar a partida,
Seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978: eliminada no saldo de gols (Foto: Agência Estado)
Toninho, Leão, Oscar, Amaral, Batista, Rodrigues Neto, (agachados) Gil, Roberto, Dinamite, Toninho Cerezo, Jorge Mendonça e Dirceu
A DECEPÇÃO
Esperava-se mais da Alemanha, campeã da Copa anterior. A seleção germânica passou raspando pela primeira fase, em segundo no Grupo 2, com uma vitória (6 a 0 no México) e dois empates (0 a 0 com Tunísia e mesmo placar contra a Polônia). Depois, morreu na segunda etapa do torneio, ao empatar com Itália (0 a 0) e Holanda (2 a 2) e perder para a Áustria (3 a 2).
PARA A HISTÓRIA
A Argentina precisava vencer o Peru por quatro gols de diferença para ir à final da Copa. De uma Copa na Argentina. Em uma Argentina sustentada no patriotismo de um regime militar. E pior: caso não conseguisse, seria o Brasil quem avançaria. Resultado: 6 a 0, vaga na decisão e posterior título para os donos da casa. O jogo ainda hoje gera suspeitas. A atuação da equipe peruana foi muito abaixo do aceitável para uma seleção que se classificara em primeiro lugar em sua chave. Teria ocorrido um acordo financeiro? Ou um pacto entre os dois países? Ou mero futebol? Seja como for, Kempes (duas vezes), Tarantini, Luque (duas vezes) e Houseman fizeram os gols da classificação argentina. E o goleiro peruano Quiroga, que era argentino; naturalizado peruano, teve atuação muito contestada.
Kempes comemora gol contra o Peru, em jogo que ainda hoje gera suspeitas (Foto: Agência AP )
A DECISÃO
Mesmo sem Cruyff e Neeskens, a talentosa geração da Holanda nos anos 70 chegou à sua segunda final seguida de Mundial em 1978. E, de novo, quase ganhou. A missão parecia impossível: vencer a Argentina na casa dela. Mas a equipe laranja encarou bem o adversário. Saiu perdendo, com gol de Kempes no primeiro tempo, mas buscou o empate na etapa final e ainda acertou o travessão sul-americano, com o craque Rensenbrick, no último minuto do período normal. Na prorrogação, porém, a Argentina se sobressaiu. Kempes, em bela jogada individual, fez o segundo. E participou da jogada do terceiro, anotado por Bertoni.
"Causos" da Copa
Fontes:
globoesporte.globo.com
chumbogordo.com.br
wikipedia.org
youtube.com
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