sexta-feira, 1 de junho de 2018

Olá, pessoal !



Hoje vamos falar de um projeto educacional moderno do Brasil dos anos 60, que infelizmente foi extinto pelo governo militar, o Projeto dos Ginásios Vocacional.


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Os seis Ginásios Vocacionais do estado de São Paulo, que funcionaram nas cidades de Americana, Batatais, Barretos, Rio Claro, São Caetano do Sul e São Paulo, entre 1962 e 1969, até serem extintos pela ditadura militar, que os considerou subversivos.


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Com todo currículo pautado em Estudos Sociais, as aulas não eram divididas em disciplinas, mas em áreas do conhecimento. “Estudávamos psicologia, sociologia, antropologia, história e geografia e tudo girava em torno dessas discussões”, lembra Luigy, que hoje é diretor da Associação dos Ex-Alunos e Amigos do Vocacional (GVive). “Meninos e meninas estudavam juntos, o que era um grande avanço para a época. Tínhamos meninas líderes de classes e meninos aprendendo a trocar fraldas nas aulas de educação doméstica”.

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Nos quatro anos de permanência no Vocacional, o foco dos estudos era dividido, sendo no primeiro o município, no segundo o estado de São Paulo, no terceiro o Brasil e no quarto o mundo. A professora Aurea explica que, assim, trabalhava a partir de unidades pedagógicas em círculos concêntricos. “As áreas de estudos sociais colocavam um problema ligado à realidade e todas as demais áreas trabalhavam esse tema”.

A partir daí os alunos faziam estudos supervisionados, individuais, livres e em equipe. Deles saíam sínteses, que eram avaliadas e debatidas em assembleia, até que se chegasse a uma única, mais completa. “Os alunos perguntavam, recebiam críticas dos colegas e assim aprendiam a argumentar, a se colocar e a respeitar o outro”, explica Aurea.

Também haviam os chamados estudos do meio ou pesquisas de campo, como lembra Luigy. “Fazíamos passeios nos bairros da cidade levantando o que tinha lá. Catalogávamos cinemas, teatros e até zonas de prostituição”, lembra. “Algumas equipes chegaram a ir para a Bolívia e para o Peru”.

Parte do dinheiro para os trabalhos de campo do Ginásio Vocacional de São Paulo vinha da cantina da escola, que era gerida pelos próprios alunos. Organizados em equipes, eles assumiam periodicamente a limpeza, o atendimento, o troco e o balanço final da cantina. Parte do lucro era divido igualmente entre os alunos, depositados na conta do banco escolar, que cada um possuía.

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“Fazíamos tudo em equipe. Professores e alunos almoçavam juntos, jogavam bola juntos”, lembra Luygi. “Quando alguém fazia algo errado era realizada uma assembleia para que todos decidissem o que seria feito com o responsável”.


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Ser aceito em um dos Vocacionais não era simples. Os candidatos passavam por entrevistas com pais e alunos, além de estarem sujeitos a disponibilidade de vaga. “Se 15% dos moradores da região fossem da classe A, teríamos 15% dos alunos da classe A. Se 30% dos moradores fossem de classe E, 30% dos alunos também seriam”, explica Aurea. “As classes heterogêneas ajudavam a amadurecer”.

As avaliações eram bimestrais. Elas não eram feitas por notas, mas sim por conceitos e, principalmente, pela autoavaliação. “As notas estabelecem métodos muito rígidos. Com os conceitos tínhamos cinco faixas: superior, acima da média, médio, abaixo da média e inferior”, lembra Aurea.

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É importante ressaltar que os Ginásios Vocacionais foram experiências significativas para a educação no Estado de São Paulo e no Brasil, apesar de terem durado apenas oito anos (1962 a 1969). Foi implantado um total de seis unidades no Estado de São Paulo, uma na Capital, com o nome de ”Oswaldo Aranha”, e as demais no interior: “Cândido Portinari” em Batatais, “João XXIII” em Americana, ”Embaixador Macedo Soares” em Barretos, “Chanceler Raul Fernandes” em Rio Claro e “Vila Santa Maria” em São Caetano do Sul. Para esta comunicação procurei analisar os dois trabalhos (teses),inicialmente apresentados, tentando perceber em que “lugar de memória” esses indivíduos colocavam suas experiências, como configuravam suas representações, diante de suas práticas em um modelo que na época foi tratado como subversivo pelos militares, o que levou a sua extinção em 1969. 


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Este ensino ginasial era estruturado em quatro anos, apresentava um currículo diferenciado, “O Currículo era dividido em duas etapas de dois anos: a Iniciação Vocacional, constituída por duas séries escolares, desenvolvidas em dois anos letivos e o Ginásio Vocacional completo, constituído pelas quatro séries”

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Outro aspecto importante da proposta dos Vocacionais refere-se à integração escola e pais. Ambos os elementos essenciais para o contato com a comunidade, sendo esta a razão da importância dada aos trabalhos com os pais, bem como, a participação deles no processo educativo de seus filhos. Para o melhor desenvolvimento da aprendizagem, foram ainda desenvolvidas algumas técnicas de estudo conhecidas por “estudo do meio”, “estudo dirigido” e “trabalho em grupo”7 , que no momento não serão discutidos neste trabalho. Enfim, este modelo renovador de educação foi extinto em 12 de dezembro de 1969, com a ocupação dos militares nas seis escolas com ocorrências, prisões e violência de pais, alunos e professores. Em 5 de junho de 1970 é publicado o decreto estadual nº52460, que extingue o ensino renovado em todas as escolas estaduais. A partir deste decreto, as escolas pedagogicamente passam a ficar subordinadas à Divisão de Assistência Pedagógica, sob a direção da professora Teresinha Fram e, administrativamente, subordinada ao Departamento Regional de Educação da Grande São Paulo. A experiência estava de fato extinta.


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Infelizmente de tempos em tempos no Brasil, o conservadorismo de grupos reacionários e pouco afeitos às práticas democráticos e a difusão de conhecimento, tornam projetos como o Vocacional, objeto de repúdio, sob argumentos sem sentido, como "subversivo" e "comunista".
Mesmo agora, vemos ignorantes e analfabetos clamando pela Escola sem Partido, como uma forma de tornar o ensino medíocre, como as suas próprias figuras, alienadas e incapazes de discernimento necessário para tomada de qualquer outras formas de discussões, a não ser pelo ódio e pela discriminação.


Fontes:
portal.aprendiz.uol.com.br
googel.com.br
faced.ufu.br


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