sexta-feira, 26 de junho de 2020





Quando Eugene O’Neill terminou Longa Jornada Noite Adentro, em 1941, decidiu que a peça não poderia ser lida nem montada senão vinte e cinco anos após a sua morte. Indagado sobre as razões dessa exigência, O’Neill respondeu apenas que uma das personagens ainda vivia. Raros amigos tiveram o privilégio de ler os originais, antes que eles fossem enviados para os cofres da Randon House, a editora que publicava as obras de O’Neill, e para a Biblioteca da Universidade de Yale. Mas a vontade do autor não foi cumprida. Em 1956, três anos depois de sua morte, a viúva de O’Neill, Carlotta Monterey, liberou a publicação e a montagem da peça. Soube-se então por que o dramaturgo não desejava que a Longa Jornada Noite Adentro viesse a público. Com essa autobiografia dramática, como tantos a chamariam, ele ressuscitava seus mortos o pai, a mãe, o irmão —, traçando um comovente retrato da família O’Neill, no qual o autor se identificava com o personagem Edmund. Em 1941, ao concluir a peça, apenas Edmund-Eugene estava vivo. Apesar de seu caráter autobiográfico, Longa Jornada Noite Adentro é muito mais do que um retrato do artista quando jovem. Ainda que O’Neill tenha reproduzido na obra parte de sua vida, também é certo que determinados aspectos da realidade foram omitidos e outros simplesmente inventados. A aventura desse homem singular chamado Eugene O’Neill, tuberculoso na juventude, dominado pelo medo de se tornar um alcoólatra como o irmão, filho de uma mulher que se abandonou ao vício das drogas e de um ator famoso que aviltou seu talento em peças de sucesso comercial, tem paralelos muito estreitos com a realidade de Longa Jornada Noite Adentro. Mas esse destino particular, ao ser recriado por meio do teatro, ganhou dimensão maior — graças, precisamente, ao caráter inconfundível das experiências pessoais do autor —, transfigurando-se e revestindo-se de um sentido comum e universal.


Eugene O´Neill


Eugene Gladstone O'Neill (Nova York, 16 de Outubro de 1888 – Boston, 27 de Novembro de 1953) foi um dramaturgo anarquista e socialista estadunidense. Recebeu o Nobel de Literatura de 1936 e o Prêmio Pulitzer por várias vezes. Suas peças estão entre as primeiras a introduzir as técnicas do realismo influenciado principamente por Anton Chekhov, Henrik Ibsen e August Strindberg. Sua dramatugia envolve personagens que habitam as margens da sociedade, com seu comportamento desregrado, tentando manter inalcançáveis aspirações e esperanças do 'milagre norte-americano'. Tendo escrito apenas uma comédia, (Ah, Wilderness!, todas as suas peças desenvolvem graus de tragédia pessoal e pessimismo. Sua dramaturgia influencia reconhecidamente um importante dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues).

A peça é dividida em quatro atos, cada um em um determinado momento de um dia na família Tyrone, desde o café da manhã, no primeiro ato, até meia-noite, no ultimo ato. Por isso o título, realmente é uma longa jornada noite adentro.
Assim como na família de O'Neill, o pai da família Tyrone é um ator irlandês, em fase de decadência e extremamente avarento. O próprio Eugene é representado no papel de Edmund, um jovem diagnosticado com tuberculose. Seu irmão, Jamie, vive uma vida desregrada, regada a álcool e casos com prostitutas. E sua mãe, Mary, acaba de retornar à casa depois de um tratamento de sua dependência de morfina. Ela aparenta estar melhor, mas conforme o fim do dia se aproxima, Mary volta a usar a substância e fica cada vez mais envolta em memórias do passado, até que, no último ato, ela perde totalmente a consciência devido a uma overdose e perde-se no esquecimento, que vem como um alívio para ela, mas um tormento para a sua família, já fragmentada.


A peça foi encenada algumas vezes no Brasil, numa delas por Cleyde Yacónes e Sérgio Brito.


Folha de S.Paulo - Teatro: Peça reitera valor da leitura na ...




LONGA JORNADA NOITE ADENTRO - 1980 - 1 - Foto Autor desconhecido

Nathalia Timberg, Mauro Mendonça, Wolf Maya e Otavio Augusto também encenaram essa obra de O´Neill.




A peça transformou-sem em filme em 1962 com Katherine Hepburn e Ralph Richardson.

Trailer de 1962




Fontes:

textodramatico.com
skoob.com.br
oprazerdaliteratura.com.br
todoteatrocarioca.com.br
google.com
wikipedia.org
youtube.com

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