Muito em voga no momento, após o assassinato do segurança George Floyd em Minneapolis - EUA, o tema racismo voltou a discussões acaloradas em todo mundo.
George Floyd
O que leva um ser humano se achar superior ao outro por ter uma cor de pele diferente ?
Costuma-se associar atitudes racistas com a falta de informação e uma cultura rasa, mas o que dizer de personagens de destaque nas artes, reconhecidos internacionalmente, terem atitudes e pensamentos racistas e preconceituosas ?
O escritor francês Louis-Ferdinand Céline. Morto em 1º de julho de 1961, o escritor teve o seu cinquentenário de morte excluído das celebrações oficiais da França, por conta de seu apoio ao nazismo. “Celebrar não é inocente” - foi o slogan de exclusão da efeméride das entidades judaicas.
Céline
Durante a ocupação nazista na França, Céline deu suporte à causa alemã, escrevendo inclusive três panfletos anti-semitas. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, ele foi acusado de traição pelo Estado francês e refugiou-se na Dinamarca, recebendo anistia da justiça francesa em 1951. Ao tomar conhecimento da lista de celebrações nacionais para o ano de 2011 na França, o presidente da associação judaica Fils et Filles de Deportés Juifs de France (FFDJF), Serge Klarsfeld, com apoio de outras entidades judaicas, exigiu que o cinquentenário de morte de Céline não fosse celebrado pelo Estado. O ministro da cultura, Frédéric Miterrand, acatou o pedido e, como resultado, nenhuma comemoração oficial celebrou a efeméride em julho passado.
“O anti-semitismo de Céline o descredita tanto como homem quanto como escritor. Nossa exigência me parece natural tendo em vista os escritos anti-semitas de Céline. Seu talento não deve nos fazer esquecer o homem que clamava pela morte de judeus durante a Ocupação. Que a república o celebre é indigno” – declarou Klarsfeld à imprensa francesa, questionando a “inocência” da celebração.
Na literatura norte-americana, Mark Twain foi o centro da berlinda. Seus mais famosos livros, As aventuras de Tom Sawyer e As aventuras de Huckleberry Finn, foram re-editados num único volume com a troca da palavra “nigger” (sinônimo pejorativo de negro) por “slave” (escravo). O vocábulo, que aparece 219 vezes em Hucleberry Finn e 4 vezes em Tom Sawyer, foi completamente banido da nova edição lançada pela NewSouth Book, que elimina também a palavra “injun” (termo pejorativo para índio).
Mark Twain
A adequação de clássicos da literatura às salas de aula também esteve no foco das discussões recentes no Brasil. Em outubro do ano passado o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou no Diário Oficial da União um parecer sugerindo que o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, não fosse distribuído às escolas públicas, ou, se fosse, que uma nota explicativa sobre o teor racista da obra fosse incluída. Escrito em 1933, o romance conta uma das aventuras da turma do Sítio do Picapau Amarelo. No livro, a negra Tia Nastácia é comparada a uma “macaca de carvão”. Em outro momento, sob a ameaça de um ataque das onças pintadas Emília diz: “ uma guerra das boas. Não vai escapar ninguém – nem Tia Nastácia, que tem carne preta”. Segundo a autora do romance Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves, “a compra e distribuição gratuita nas escolas públicas de ensino fundamental e médio do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, fere o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto da Igualdade Racial e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”.
Monteiro Lobato
Para além da questão legislativa, Moser alerta ainda que “ler Monteiro Lobato como um escritor inocente para criancinhas ignora que ele era uma pessoa fortemente politizada e os livros dele também”. A publicação recente de cartas pessoais deixa evidente o pensamento racista do criador de Emília, que nas correspondências chega a lamentar a ausência de uma versão da Ku Klux Klan no Brasil e faz uma defesa entusiasmada das ideias eugenistas do racismo científico.
De acordo com o escritor e jornalista Ruy Castro o posicionamento ideológico, político e social de um artista não deveria condicionar o acesso à sua obra de maneira alguma. Autor da biografia O anjo pornográfico, sobre Nelson Rodrigues, ele lembra que “enquanto foi vivo, Nelson foi perseguido pela direita e pela esquerda e, no fim, só pela esquerda. Mas, depois de sua redescoberta nos anos 1990, ele ficou tão acima de qualquer posição política que deixou de ser julgado por isto.
O livro mais vendido e lido em todo planeta, a Bíblia, em Gênesis 9:25 - 9:28 .
Noé
Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Muitos se valeram desses escritos para escravizar e explorar outro ser humano.
Fontes:
folha.uol.com.br
suplementopernambuco.com.br
bibliaonline.com
bbc.com
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