Hoje vamos falar do educador Anísio Teixeira.
Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900 — Rio de Janeiro, 11 de março de 1971) foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos na Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Na ideia de uma educação integral e uma educação para todos, expressa por Anísio Teixeira foi a concepção de educação que permeou os escritos e a obra de Anísio Teixeira, está a base de sua atuação como educador e sua contribuição para a educação no Brasil, que alguns consideram importante até hoje.
Como teórico da educação, Anísio não se preocupava em defender apenas suas idéias. Muitas delas eram inspiradas na filosofia de John Dewey (1852-1952), de quem foi aluno ao fazer um curso de pós-graduação nos Estados Unidos.
Dewey considerava a educação uma constante reconstrução da experiência. Foi esse pragmatismo, observa a professora Maria Cristina Leal, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que impulsionou Anísio a se projetar para além do papel de gestor das reformas educacionais e atuar também como filósofo da educação. A marca do pensador Anísio era uma atitude de inquietação permanente diante dos fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca continuamente.
Para o pragmatismo, o mundo em transformação requer um novo tipo de homem consciente e bem preparado para resolver seus próprios problemas acompanhando a tríplice revolução da vida atual: intelectual, pelo incremento das ciências; industrial, pela tecnologia; e social, pela democracia. Essa concepção exige, segundo Anísio, "uma educação em mudança permanente, em permanente reconstrução".
Didática da ação
As novas responsabilidades da escola eram, portanto, educar em vez de instruir; formar homens livres em vez de homens dóceis; preparar para um futuro incerto em vez de transmitir um passado claro; e ensinar a viver com mais inteligência, mais tolerância e mais felicidade. Para isso, seria preciso reformar a escola, começando por dar a ela uma nova visão da psicologia infantil.
O próprio ato de aprender, dizia Anísio, durante muito tempo significou simples memorização; depois seu sentido passou a incluir a compreensão e a expressão do que fora ensinado; por último, envolveu algo mais: ganhar um modo de agir. Só aprendemos quando assimilamos uma coisa de tal jeito que, chegado o momento oportuno, sabemos agir de acordo com o aprendido.
Para o pensador, não se aprendem apenas idéias ou fatos mas também atitudes, ideais e senso crítico - desde que a escola disponha de condições para exercitá-los. Assim, uma
criança só pode praticar a bondade em uma escola onde haja condições reais para desenvolver o sentimento. A nova psicologia da aprendizagem obriga a escola a se transformar num local onde se vive e não em um centro preparatório para a vida. Como não aprendemos tudo o que praticamos, e sim aquilo que nos dá satisfação, o interesse do aluno deve orientar o que ele vai aprender. Portanto, é preciso que ele escolha suas atividades.
Por tudo isso, na escola progressiva as matérias escolares - Matemática, Ciências, Artes etc. - são trabalhadas dentro de uma atividade escolhida e projetada pelos alunos, fornecendo a eles formas de desenvolver sua personalidade no meio em que vivem. Nesse tipo de escola, estudo é o esforço para resolver um problema ou executar um projeto, e ensinar é guiar o aluno em uma atividade.
Quanto à disciplina, Anísio afirmava que o homem educado é aquele que sabe ir e vir com segurança, pensar com clareza, querer com firmeza e agir com tenacidade. Numa escola democrática, mestres e alunos devem trabalhar em liberdade, desenvolvendo a confiança mútua, e o professor deve incentivar o aluno a pensar e julgar por si mesmo. "Estamos passando de uma civilização baseada em uma autoridade externa para uma baseada na autoridade interna de cada um de nós", diz ele em seu livro Pequena Introdução à Filosofia da Educação.
Como preparar o professor para essa tarefa hercúlea da escola de hoje, ocupada por tantos alunos que não se contentam em aprender apenas as técnicas e conhecimentos mais simples mas também as últimas conquistas da ciência e da cultura? O que fazer quando eles exigem informações até mesmo sobre tendências indefinidas e problemas sem solução? Para responder a tantas questões, os educadores do mundo todo precisarão de novos elementos de cultura, de estudos e de recursos, propôs o pensador, que na prática instalou novos cursos para professores. Só assim, dizia, os mestres tentarão renovar a humanidade para "a grande aventura de democracia que ainda não foi tentada".
Para ser eficiente, dizia Anísio, a escola pública para todos deve ser de tempo integral para professores e alunos, como a Escola Parque por ele fundada em 1950 em Salvador, que mais tarde inspiraria os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) do Rio de Janeiro e as demais propostas de escolas de tempo integral que se sucederam. Cuidando desde a higiene e saúde da criança até sua preparação para a cidadania, essa escola é apontada como solução para a educação primária no livro Educação Não É Privilégio. Além de integral, pública, laica e obrigatória, ela deveria ser também municipalizada, para atender aos interesses de cada comunidade. O ensino público deveria ser articulado numa rede até a universidade. Anísio propôs ainda a criação de fundos financeiros para a educação, mas, mesmo com o atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), os recursos são insuficientes para sustentar esse modelo de escola.
As escolas comunitárias americanas inspiraram a concepção de ensino de tempo integral de Anísio Teixeira. Lá, no entanto, a jornada dificilmente tem mais do que seis horas diárias. O conceito entre nós ampliou-se consideravelmente: escola de pelo menos oito horas e, no caso dos Cieps, uma instituição que deveria dar conta de todas as necessidades das crianças, até mesmo de cuidados maternos e moradia. Numa realidade na qual os recursos são limitados, o problema é de prioridades e decisões difíceis: manter uma escola com esse modelo para uma minoria ou manter um modelo menos ambicioso para a maioria? Afinal, Anísio também propunha uma escola para todos.
Após pronunciar uma conferência na FVG-Rio, o educador anunciou, próximo ao meio dia de 11 de março de 1971, que sairia dali, a pé, para almoçar na residência do acadêmico Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, a quem pediria o voto para a Academia Brasileira de Letras. No entanto, não chegou para o almoço, e seu corpo foi encontrado, mais de 48 horas depois, no fundo do fosso do elevador do bloco do Edifício Duque de Caxias, onde ficava o apartamento 42, de Aurélio, na Rua Praia de Botafogo 48, Rio de Janeiro, para onde revelou que iria.
No ambiente de total falta de liberdade para a investigação independente em que o país vivia, no ano de 1971, a versão que se consolidou sobre a morte foi que ela se deu em consequência de uma queda acidental no fosso de um dos elevadores do prédio residencial de Aurélio Buarque.
O aprofundamento da investigação sobre a morte de Anísio somente se iniciou, de fato, no final da década de 1980, cabendo a mim juntar, lentamente, as peças do quebra-cabeça, com a colaboração de membros de sua família, sem que tivesse havido qualquer participação ou apoio institucional, até a criação da CNV, ocorrida no final de 2011.
Segundo o professor João Augusto de Lima Rocha, investigador do caso quem forneceu a informação crucial para o início do desmonte da farsa da morte de Anísio na queda do elevador foi o então senador Luiz Viana Filho, que me revelou, reservadamente, em 17/12/1988, que Anísio havia prestado depoimento à Aeronáutica, no Rio, antes de morrer. Mais tarde, confirmei que a mesma informação foi dada á família de Anísio por seu amigo, o poeta e também educador Abgar Renault, só que este nomeou a fonte: o general Syzeno Sarmento, então chefe do Primeiro Exército, no Rio. O general teria dito, ao telefone, segundo Renault – informação imediatamente transmitida à família de Anísio, através de Paulo Alberto Monteiro de Barros, então genro de Anísio – que ela ficasse despreocupada, pois o educador não demoraria a retornar para casa.
O contato com militares foi feito a partir da noite do dia 11 de março, quando os amigos e familiares deram conta do desaparecimento de Anísio. Portanto, se ele deu depoimento na Aeronáutica, tal como disse o general Syzeno Sarmento, então não poderia ter morrido no fosso do elevador, pois era para chegar ao apartamento de Aurélio no final da manhã daquele dia! Caso tivesse caído no fosso, no final da manhã, mesmo que não tivesse morrido logo, quando teria dado depoimento na Aeronáutica?
Recentemente, com o auxílio de informações até então desaparecidas, mas recuperadas pela CNV, principalmente as fotografias do local em que o corpo foi encontrado e o Auto de Exame Cadavérico, a cargo do IML do Rio, conseguiu-se chegar à prova consistente de que Anísio não morreu em consequência do inventado acidente de elevador, que a ditadura lançou mão para esconder a causa real da morte, até hoje ainda não completamente esclarecida.
A CNV, que aceitou realizar a investigação da morte em novembro de 2012, não logrou concluir o trabalho. Ao término de seu período legal de funcionamento, em dezembro de 2014, ela entregou à família do educador o valioso material recolhido ou produzido por seus peritos. É isso que me foi cedido, e que permite agora a conclusão definitiva de que a queda no elevador foi inventada. Há um vídeo disponível no youtube, em que demonstro, sumariamente, tal afirmação, acessível no vídeo a seguir:
Fontes:
novaescola.org.br
google.com
wikipedia.org
redebrasilatual.com.br
jornalggn.com.br
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