sexta-feira, 8 de novembro de 2019




Vamos falar hoje do compositor brasileiro Wilson Batista.


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Filho de um guarda municipal de Campos, ainda menino participou, tocando triângulo, da Lira de Apolo, banda organizada por seu tio, o maestro Ovídio Batista. Ainda na cidade natal, fez parte do Bando, para o qual compunha algumas músicas e, pretendendo aprender o ofício de marceneiro, frequentou o Instituto de Artes e Ofícios.

No final da década de 1920, transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro. Passou então a frequentar os cabarés da Lapa e o Bar Esquina do Pecado, na Praça Tiradentes, pontos de encontro de marginais e compositores, tornando-se amigo dos irmãos Meira, malandros famosos da época, cuja amizade lhe valeu várias prisões. A seguir, começou a trabalhar como eletricista e ajudante de contrarregra no Teatro Recreio.

Com 16 anos, fez seu primeiro samba, "Na estrada da vida", lançado por Aracy Cortes no Teatro Recreio e gravado em 1933 por Luís Barbosa.





Estrada da vida - Luís Barbosa

Acredita-se que sua primeira parceria tenha se dado com o compositor José Barbosa da Silva, o Sinhô, no samba de breque "Mil e Uma Trapalhadas", cuja gravação aconteceu apenas na década de 60, pelo cantor Moreira da Silva.

Mil e uma trapalhada - Moreira da Silva




Seu primeiro samba gravado foi "Por favor, vai embora" (com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva), pela Victor, na interpretação de Patrício Teixeira, em 1932. A partir de então, passou a fazer parte da Orquestra de Romeu Malagueta, como crooner e ritmista (tocava pandeiro).

Em 1933, Almirante gravou sua batucada "Barulho no beco "(com Oswaldo Silva) e três intérpretes (Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas) divulgaram seu samba "Desacato" (com Paulo Vieira e Murilo Caldas), que fez muito sucesso.



Desacato - Castro Barbosa e Francisco Alves




Sempre frequentando o mesmo ambiente de boemia, fez a apologia do malandro no seu samba Lenço no pescoço, já gravado em 1933 por Sílvio Caldas, que deu início à famosa polêmica com Noel Rosas (Noel Rosas X Wilson Batista), o qual respondeu no mesmo ano com "Rapaz folgado", contestando a identificação do sambista com o malandro. Sua réplica a Noel veio no samba "Mocinho da Vila". Fora do contexto da polêmica, Noel Rosas e Vadico compõem o "Feitiço da Vila".

Mocinho da Vila - Jorge Vieira



No Programa case, Noel improvisa (sem gravar) duas novas estrofes para o Feitiço da Vila e, em cima dos novos versos, Wilson compõe "Conversa fiada", ao qual Noel contrapôs, em 1935, o samba "Palpite Infeliz".


O caso terminou com dois sambas seus, "Frankenstein da Vila" e "Terra de Cego". "Terra de Cego", entretanto, deu origem a uma parceria entre Wilson e Noel, intitulada, "Deixa de ser Convencida". Com Letra de Noel escrita sobre a melodia composta por Wilson, originalmente, para Terra de Cego e, assim, pôs fim a polêmica. Os dois polemistas conheceram-se entre um e outro desafio e tornaram-se amigos. As músicas dessa polêmica foram reunidas, em 1956, num LP de dez polegadas da Odeon, cantadas por Roberto Paiva e Francisco Egídio - Polêmica.



Deixa de ser convencida


Continuando sua vida de boêmio-compositor, vendendo sambas e fazendo parcerias "comerciais", conheceu, no Café Nice na Avenida Rio Branco, o cantor e compositor Erasmo Silva, com quem formou um conjunto, com Lauro Paiva ao piano e Roberto Moreno na percussão. Com o conjunto, realizou apresentações em Campos (RJ) e, de volta ao Rio de Janeiro, formou, em 1936, uma dupla com Erasmo Silva - a Dupla Verde e Amarelo - que participou da vocalização da orquestra argentina Almirante Jonas, que estava de passagem no Rio de Janeiro, seguindo com ela para Buenos Aires, Argentina, onde ficaram por três meses, ainda em 1936. De volta ao Brasil, trabalharam durante mais de um ano na Rádio Atlântica, de Santos (SP), e, depois, na Record, da capital paulista, onde também gravaram, com as Irmãs Vidal, pela Columbia, seu primeiro disco, com "Adeus, adeus "(Francisco Malfitano e Frazão) e Ela não voltou (dos mesmos compositores e mais Aluísio Silva Araújo).


Bonde de São Januário  - Gilberto Gil


Obtendo certo sucesso, seguiram para uma temporada em Porto Alegre RS, voltando a São Paulo para trabalhar na Rádio Tupi.

A fama viria em 1938, quando a dupla foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro, mas já no ano seguinte, com a ida de Erasmo Silva para Buenos Aires, a dupla se desfez. Em 1939 foi apresentado por Germano Augusto ao bicheiro e malandro conhecido por China, a quem venderia muitas músicas. Nessa época, sua temática sofreu modificações, ditadas não só pela associação a novos parceiros, mas principalmente pela influência direta de uma portaria governamental que proibia a exaltação da malandragem.

Ainda em 1939, fez com Ataulfo Alves -  "Mania da falecida" e "Oh! seu Oscar", samba que se destacou no Carnaval de 1940, vencendo o concurso de músicas carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda do governo federal, tendo sido gravado por Ciro Monteiro, intérprete que lançou em disco, também no mesmo ano, os seus sambas "Tá maluca" (com Germano Augusto) e "O bonde de São Januário "(com Ataulfo Alves), este último grande sucesso no Carnaval de 1941.

Wilson Batista, 1951. 


Consagrado desde então, iniciou, com diversos parceiros famosos, uma série de composições, retratando tipos cariocas, que conseguiram êxito na maioria dos Carnavais dos vinte anos seguintes.


Ainda em 1940, Moreira da Silva gravou "Acertei no milhar "(com Geraldo Pereira), que se tornou um dos clássicos do samba de breque; em 1941, Vassourinha lançou em disco outra música sua que se destacou no Carnaval de 1942, Emília, feita com Haroldo Lobo, seu parceiro ainda em Rosalina, destaque carnavalesco de 1945.


Acertei no milhar - Moreira da Silva



Homenageando a torcida do Vasco da Gama, apesar de rubro-negro, compôs com Augusto Garcez " No boteco do José", que, na gravação de Linda Batista, fez sucesso no Carnaval de 1946.

No boteco do José - Linda Batista




Três anos depois se destacaria com "Pedreiro Valdemar", feito com Roberto Martins e gravado por Blecaute, e, em 1950, obteria enorme êxito com "Balzaquiana" (com Nássara), lançado em disco por Jorge Goulart.


Sua marcha "Sereia de Copacabana" e o seu samba "Mundo de zinco" (ambos com Nássaa), este gravado por Jorge Goulart, foram muito cantados nos Carnavais de 1951 e 1952, respectivamente.


Sereia de Copacabana - Jorge Goulart

Para o Carnaval de 1956 compôs com Jorge de Castro a marcha "Todo vedete", que teve problemas com a censura por suas referências ao baile dos travestis do Teatro João Caetano; com o mesmo parceiro fez, para o Carnaval dos dois anos seguintes, "Vagabundo" e "Marcha da fofoca", sendo esta última gravada pelo radialista César de Alencar.


Marcha da fofoca - César de Alencar


O Carnaval de 1962 foi um dos últimos de que participou, lançando, em gravação de César de Alencar, "Cara boa", marcha feita com Jorge de Castro e Alberto Jesus.

Boêmio até o fim da vida, nos seus últimos anos trabalhou como fiscal da UBC (União Brasileira de Compositores), entidade que ajudou a criar. Foi enterrado na tumba da UBC, no Cemitério do Catumbi.



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Fontes:
wikipedia.org
google.com
youtube.com

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