Cândido Mariano da Silva Rondon, mais conhecido como marechal Rondon, foi um militar e sertanista brasileiro. Nasceu em Mimoso, no estado de Mato Grosso, em 5 de maio de 1865.
Seus bisavós eram índios e seus pais morreram quando ele ainda era menino. Ele foi criado por um tio. Quando o tio morreu, Rondon mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de estudar na Escola Militar, onde cursou matemática e ciências físicas e naturais. Foi aluno do pensador Benjamin Constant e, influenciado por ele participou dos movimentos abolicionista e republicano.
Mapeamento e contatos
Depois de formado, Rondon foi trabalhar no Distrito Telegráfico de Mato Grosso e acabou participando da comissão de construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás, então regiões isoladas, aos grandes centros do país. Em seguida, Rondon foi designado para o mesmo trabalho no Amazonas, no Acre e em outras regiões fronteiriças.
Percorreu mais de 2.000 quilômetros de florestas inexploradas e aproveitou a viagem para mapear as terras por onde passava e iniciar contatos com diversas tribos indígenas, das quais foi sempre defensor. Ficou famosa uma frase sua em relação aos indígenas que dizia: “Morrer, se preciso for; matar, nunca”. Descobriu doze novos rios. De volta, em 1910, organizou e passou a comandar o Serviço de Proteção aos Índios, que deu origem à atual Fundação Nacional do Índio (Funai).
Apesar de ser o único brasileiro com um estado da Federação nomeado em sua homenagem, Cândido Mariano da Silva Rondon tem boa parte de seus feitos e de sua trajetória desconhecidos no Brasil.
Descendente de índios Bororos e Terenas (povos antigos da região amazônica), Rondon saiu do interior do Mato Grosso para se tornar um dos nomes mais respeitados do Exército brasileiro e entre exploradores e cientistas do mundo.
No entanto, seu trabalho foi muito além das expedições que descobriram terras inexploradas e das construções de linhas telegráficas até a região da Amazônia. Em Rondon, uma biografia, o jornalista norte-americano Larry Rother mostra lados pouco conhecidos do explorador.
A obra traz sua luta pela defesa dos povos indígenas – que renderam várias indicações ao prêmio Nobel, uma delas de Albert Einstein – e sua atuação como diplomata, evitando conflitos entre Brasil, Peru e Colômbia por questões de fronteiras na região.
Por sua experiência, foi convocado para organizar e acompanhar a expedição que o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, fez à região Norte do Brasil em 1913.
Em 1913, foi iniciada, no rio Cáceres, a expedição de pesquisa científica conhecida como Roosevelt-Rondon, em atendimento à solicitação do ex-presidente americano Theodore Roosevelt de pesquisar e coletar espécimes da flora e da fauna da região amazônica. Até o ano de 1914, Rondon e Roosevelt percorreram a selva às margens da Bacia Amazônica, coletando materiais posteriormente enviados ao Museu Americano de História Natural.
No diário de Roosevelt, além de observações e elogios a Rondon, há desabafos sobre o que chamava de “natureza infernal”: “O mito da benfazeja natureza não pode ser aplicado à crueldade da vida nos trópicos”. Esse mito do Inferno Verde já havia sido citado no título do romance de Alfredo Rangel em 1908, prefaciado por Euclides da Cunha.
Rondon foi presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio e recebeu, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o título de Civilizador dos Sertões. Em 1952, encaminhou ao presidente da República o projeto de lei de criação do Parque Indígena do Xingu. Três anos antes de sua morte, recebeu do Congresso Nacional o posto de marechal.
Rondon publicou o livro Índios do Brasil, em três volumes, editado pelo Ministério da Agricultura.
Em 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia, em sua homenagem. Em 1981, o território passou a ser estado. Em 1957, o marechal Rondon foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz pelo Clube dos Exploradores, de Nova York. Rondon morreu no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958.
O Projeto Rondon
Em 1967, as Forças Armadas brasileiras deram início a um projeto que unia estudantes voluntários e a estrutura do exército, da marinha e da aeronáutica na prestação de assistência a populações carentes das regiões mais distantes do país. O objetivo era proporcionar aos estudantes universitários a oportunidade de conhecer a realidade do Brasil, da população do interior, e de contribuir para o desenvolvimento do país.
O nome da iniciativa, Projeto Rondon, foi sugerido pelos estudantes que integraram o primeiro grupo, que passou 28 dias na Amazônia. Eles voltaram de lá também com uma conclusão que sugeriu o slogan do projeto: “Integrar para não entregar”.
O Projeto Rondon integrava vários ministérios e também governos estaduais e municipais, para o planejamento das ações, a disponibilização de infraestrutura do transporte e da acolhida para o trabalho dos estudantes. Para as populações beneficiadas, era a oportunidade também de uma troca de conhecimentos e de cultura.
O Projeto Rondon foi interrompido nas últimas décadas do século XX e está agora em sua segunda fase. Suas ações são coordenadas pelo Ministério da Defesa.
Fontes:
escola.britannica.com.br
projetomemoria.art.br
em.com.br
google.com
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