Hoje faz 50 anos do assassinato do politico, escritor e guerrilheiro Carlos Marighella.
Político e guerrilheiro brasileiro, o baiano Carlos Marighella foi morto em uma emboscada em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969. Marighella iniciou seus estudos em engenharia civil, na Bahia, mas aos 18 anos despertava para as lutas sociais, filiando-se ao Partido Comunista. Em 1932, aos 21 anos, foi preso pela primeira vez por causa de um poema com críticas ao interventor baiano Juracy Magalhães. No meio da década de 30 foi preso novamente após as lutas da Intentona Comunista.
Com incentivo do pai, Carlos Marighella se alfabetizara cedo, na idade de quatro anos. Seu pai fomentava a leitura de Carlos com livros nacionais e importados, sobretudo autores franceses. Chegou a reformar seu escritório a fim de servir para Carlos como sala de estudos. Inscreveu-se no primeiro ano em 1925 no colégio Carneiro Ribeiro, no Largo da Soledade, onde terminou o curso com treze anos e mudou-se para o Ginásio da Bahia, atual Colégio Central, na Avenida Joana Angélica. Lá ficou conhecido por responder uma prova de física em versos, o exame foi exposto no colégio até a concretização do golpe de 1964.
23 de agosto de 1929
Ginásio da Bahia aos 23
De 29 deste oitavo mês.
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Doutor, a sério falo, me permita,
Em versos rabiscar a prova escrita.
Espelho é a superfície que produz,
Quando polida, a reflexão da luz.
Há nos espelhos a considerar
Dois casos, quando a imagem se formar.
Caso primeiro: um ponto é que se tem;
Ao segundo objeto é que convém.
Seja figura abaixo que se vê,
O espelho seja a linha beta cê.
O ponto P um ponto dado seja,
Como raio incidente R se veja.
O raio refletido vem depois
E o raio luminoso ao ponto 2.
Foi traçada em seguida uma normal,
O ângulo I de incidência a R igual.
Olhando em direção de R segundo,
A imagem vê-se nítida no fundo,
No prolongado, luminoso raio,
Que o refletido encontra de soslaio.
Dois triângulos então no espelho faz,
Retângulos os dois, ambos iguais.
Iguais porque um cateto têm em comum,
Dois ângulos iguais formando um.
Iguais também, porque seus complementos
Iguais serão, conforme os argumentos.
Quanto a graus, A + I possui noventa,
B + J outros tantos apresenta.
Por vértices opostos R e J
São iguais assim como R e I.
Mostrado e demonstrado o que é mister,
I é igual a J como se quer.
Os triângulos iguais viram-se acima,
L2, P2, iguais isso se exprima.
IMAGEM DE UM PONTO
Atrás do espelho plano então se forma
A imagem, que é simétrica por norma.
IMAGEM DE UM OBJETO
Simétrica, direita e virtual,
E da mesma grandeza por final.
Melhor explicação ou mais segura
Encontra-se debaixo na figura.
Durante o governo de João Goulart, o Partido Comunista voltou à legalidade. Marighella, contudo, divergia da linha adotada e, em 1962, fundou o Partido Comunista do Brasil - PC do B. Em 1964, com o golpe militar, voltou a ser perseguido, foi baleado e preso em um cinema no Rio de Janeiro. Sobreviveu e ficou encarcerado por 80 dias, mas acabou solto pela ação de um advogado. Marighella também passou a divergir no PC do B e acabou expulso do partido. Fundou então a Ação Libertadora Nacional-ALN, que pregava a luta armada. A partir de 1968 participou de ações armadas, como assaltos a bancos para conseguir fundos para a ALN. Os integrantes do movimento participaram do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, junto com o MR-8. Apontado como inimigo público número um, ele foi morto em uma emboscada do extinto DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social), em São Paulo, na noite do dia 4 de novembro de 1969.
A conexão de Marighella com os frades Dominicanos no bairro de Perdizes em São Paulo era conhecida por agentes norte-americanos desde dezembro de 1968, informada pelo frei Edson Braga de Souza.
Em uma emboscada preparada contra Marighella, foram detidos Tito e seus amigos de convento (exceto Frei Oswaldo). Frei Fernando foi obrigado a combinar um encontro com Marighella. Eles tinham um código que auxiliou na emboscada: "Aqui é o Ernesto, vou à gráfica hoje". O encontro foi marcado na Alameda Casa Branca, uma rua próxima ao centro da cidade de São Paulo.
No dia do encontro, havia uma caminhonete com policiais e um automóvel, com supostos namorados (onde Fleury disfarçou-se), além do fusca com Fernando e Ivo.
Ao chegar na Alameda, às 20 horas, dirigiu-se ao Fusca e entrou na parte traseira. Frei Ives e Fernando saíram rapidamente do carro e se jogaram no chão. Percebendo a emboscada, imediatamente reagiu à prisão e foi morto. Marighella seguiu as normas de seu manual. Portava um revólver e levava duas cápsulas de cianureto.
Outras fontes, no entanto, dizem que Marighella não disparou nenhum tiro, pego totalmente de surpresa. A farsa de sua morte após ter reagito e atirado nos policiais foi armada pelo delegado Fleury.
De acordo com o jornalista Mário Magalhães, no seu livro "Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo " após ser abordado quando se encontrava num Fusca com os freis dominicanos Ivo e Fernando, dois de seus companheiros, Marighella se abaixou para tentar abrir a pasta que se encontrava próximo do seu banco após ver Ivo e Fernando, que estavam no banco da frente, serem arrancados para fora do automóvel. Antes de alcançar a pasta, contudo… “Tarde demais: atiram à queima roupa, e a fuzilaria sacode a Alameda Casa Branca. Uma bala perfura as nádegas e provoca quatro ferimentos. Outra, calibre 45, aloja-se no púbis. A terceira penetra e sai pelo queixo […] Até que, de uma janela do Fusca, acertam-no no tórax, lesionam a aorta e ele não se mexe mais”
Além de Marighella, outras três pessoas foram atingidas durante o tiroteio:
Estela Borges Morato, investigadora do DOPS, morta.
Segundo Mário Magalhães, após a execução de Marighella, um fato inusitado ocorre: o protético alemão Friedrich Adolf Rohmann, que vinha com seu carro pela Alameda Lorena, desafia a barreira policial e avança pela Casa Branca, interditada pela polícia. Sobressaltados os policiais “tomam-no como membro retardatário de um fantasioso aparato de segurança de Marighella. […] Dessa vez disparam também com metralhadoras. Matam Rohmann, e seu carro para. Essa segunda fuzilaria deixa outros feridos, alvejados pelos próprios parceiros. Tucunduva, baleado na perna esquerda no meio da rua; e Estela Morato, na cabeça dentro do Chevrolet. O sangue jorra do delegado, mas ele se safará. A investigadora falecerá em três dias”
Friederich Adolf Rohmann, protético que passava pelo local, morto.
Rubens Tucunduva, delegado envolvido na emboscada, ficou ferido gravemente.
O caso foi reaberto em 2016 pelo procurador da República Andrey Borges de Mendonça.
Uma das testemunhas ouvidas pelo procurador foi o jornalista do Estado José Maria Mayrink, o primeiro repórter a chegar ao local da emboscada que vitimou Marighella. Mayrink conhecia os dominicanos Yves do Amaral Lesbaupin, o Frei Ivo, e Fernando de Brito. Eram Ivo e Fernando que esperavam Marighella no Fusca quando o Dops o encurralou. Eles haviam sido presos dias antes e obrigados a participar da cilada.
“Quem matou o Marighella foi o Tralli (o investigador José Carlos Tralli)”, disse o investigador R.A., de 68 anos, um dos policiais que participaram da ação. Após Marighella, a polícia mataria por engano mais duas pessoas – na época, ela culpou supostos seguranças de Marighella. O protético Friedrich Adolf Rohmann não respeitou o bloqueio do Dops e entrou com seu Buick na Alameda Casa Branca. As dezenas de disparos mataram Rohmann e a investigadora Estela Morato. Ela estava no Chevrolet Bell Air do delegado Romeu Tuma, então chefe do Serviço Secreto do Dops. Ele emprestara o carro para substituir um veículo que apresentara defeito (mais informações nesta página). Os tiros ainda feriram o delegado Rubens Cardoso de Mello Tucunduva.
Fontes:
wikipedia.org
seuhistory.com
senado.leg.br
dialogosdosul.operamund.com.br
marxists.org
segredosdomundo.r7.com
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