domingo, 3 de novembro de 2019

Canção do Exílio -  Gonçalves Dias 



Minha terra tem palmeiras,
 Onde Canta o Sabiá;
 As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.
 Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras,
 Onde canta o Sabiá. 
Minha terra tem primores,
 Que tais não encontro eu cá;
 Em cismar - sozinho, à noite 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
 Onde canta o Sabiá.


O autor desse  lindo poema morreu em 03 de novembro de 1864.


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Nascido em Caxias (MA), no dia 10 de agosto de 1823, Gonçalves Dias se orgulhava de ter no sangue as três etnias formadoras do povo brasileiro: a branca, do seu pai; e a indígena e negra, herdada da mãe, que era mestiça. 



Depois de iniciar os estudos em latim, francês e filosofia, ele partiu para a Europa, onde morou em Portugal em 1838. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em 1840. 


Suas ideias românticas eram compartilhadas com de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do Exílio e parte dos demais poemas.

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Voltou ao Brasil em 1845 e, por conta do seu tempo longe do país, escreveu Canção do exílio e parte dos poemas de Primeiros cantos e Segundos cantos.



Um ano após retornar ao Brasil, conheceu sua musa, Ana Amélia Ferreira Vale. Gonçalves Dias chegou a pedir a mão da moça em casamento, mas teve o pedido negado por causa de sua origem mestiça. Por conta disso, várias de seus poemas românticos foram escritas para ela, incluindo "Ainda uma vez,  Adeus". 

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Ana Amélia

Ainda Uma Vez Adeus

I
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!

II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!



Depois de ter seu coração partido, Gonçalves Dias mudou-se para o Rio de Janeiro e se casou com Olímpia da Costa, de quem acabou se separando alguns anos depois. 

Filha do doutor Cláudio Luís da Costa, fundador do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, casou-se com Gonçalves Dias em 1852, quando o poeta amargava a recusa de seu pedido de casamento feito à mãe da jovem Ana Amélia Ferreira do Vale, por quem nutriu grande paixão. A união de Olímpia e Gonçalves Dias durou quatro anos infelizes, e dele nasceu uma filha, Joana, que morreu antes de completar dois anos.


Olímpia Coriolano da Costa Gonçalves Dias, 1856, por Van Nyvel Guimarães & Cia. Carte de Visite em Albumina. Museu Casa de Benjamin Constant/ IBRAM/ MinC.
Olímpia da Costa


Em 1862, o poeta retornou à Europa para fazer um tratamento de saúde. Como não obteve resultados, decidiu voltar ao Brasil. 



Navio Ville de Boulogne


A viagem foi no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira. Todos se salvaram, menos Gonçalves Dias, que, debilitado, não conseguiu sair do seu camarote a tempo.


O poeta, que foi esquecido, agonizando em seu leito, e se afogou. O acidente ocorreu nos Baixos de Atins, perto do Maranhão.



Fontes:
seuhistory.com
google.com
educacao.saoernardeo.sp.gov.br
casadobruxo.com.br
app.emaze.com
correioims.com.gr

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