Em 1º de Novembro de 1604 era encenada pela primeira vez a peça de William Shakespeare, "Otelo, o moro de Veneza", no WhiteHall Palace em Londres.
Apesar de ter sua exibição inaugural ter acontecido há mais de 400 anos, a peça Otelo, o Mouro de Veneza (no original, Othello, the Moor of Venice) comprovou ser ainda atual por abordar temas como racismo, amor, ciúme e traição.
Sinais de racismo permeiam toda a peça, como na fala de Iago, inimigo secreto de Otelo, em conversa com o pai de Desdêmona: “...agora mesmo, neste momento, um velho bode negro está cobrindo vossa ovelha branca... / ... Quereis que vossa filha seja coberta por um cavalo berbere e que vossos netos relinchem atrás de vós?”.
A história tem quatro personagens principais: Otelo (um general mouro que serve ao reino de Veneza), sua esposa Desdêmona, seu tenente Cássio e seu suboficial Iago. Uma trama conduzida pelo vilão Iago para separar Otelo e Desdêmona conduz a história para um desfecho trágico. Shakespeare teria escrito a peça inspirado pelo conto italiano Un Capitano Moro ("Um Capitão Mouro") de Cinthio, discípulo de Boccaccio, que foi primeiramente publicado em 1565. A obra de Shakespeare já recebeu inúmeras adaptações para televisão, cinema, óperas e literatura.
Brabâncio, que deixara a filha livre para escolher o marido que mais a agradasse, acreditava que ela escolheria, para seu cônjuge, um homem da classe senatorial ou de semelhante. Ao tomar ciência que sua filha havia fugido para se casar com o Mouro, foi à procura de Otelo para matá-lo. No momento em que se encontraram, chega um comunicado do Doge de Veneza, convocando-os para uma reunião de caráter urgente no senado.
Durante a reunião, Brabâncio, sem provas, acusou o Mouro de ter induzido Desdêmona a casar-se por meio de bruxarias. Otelo, que era general do reino de Veneza e gozava da estima e da confiança do Estado por ser leal, muito corajoso e ter atitudes nobres, fez, em sua defesa, um simples relato da sua história de amor que foi confirmado pela própria Desdêmona.
Por isso, e por ser o único capaz de conduzir um exército no contra-ataque a uma esquadra turca que se dirigia à ilha de Chipre, Otelo foi inocentado e o casal seguiu para Chipre, em barcos separados, na manhã seguinte. Durante a viagem uma tempestade separou as embarcações e, devido a isso, Desdêmona chegou primeiro à ilha. Algum tempo depois, Otelo desembarca com a novidade que a guerra tinha acabado porque a esquadra turca fora destruída pela fúria das águas. No entanto, o que o Mouro não sabia é que na ilha ele enfrentaria um inimigo mais fatal que os turcos.
Em Chipre, Iago com raiva de Otelo e Cássio, começou a semear as sementes do mal, ou seja, concebeu um terrível plano de vingança que tinha como objetivo arruinar seus inimigos. Hábil e profundo conhecedor da natureza humana, Iago sabia que de todos os tormentos que afligem a alma, o ciúme é o mais intolerável.
Ele sabia que Cássio, entre os amigos de Otelo, era o que mais possuía a sua confiança. Sabia também que a sua beleza e eloquência eram qualidades que agradam as mulheres, ele era o tipo de homem capaz de despertar o ciúme de um homem de cor, como era Otelo, casado com uma jovem e bela mulher branca. Por isso, começou a realizar o seu plano.
Sob pretexto de lealdade e estima ao general, Iago induziu Cássio, responsável por manter a ordem e a paz, a se embriagar e envolver-se em uma briga com Rodrigo, durante uma festa em que os habitantes da ilha ofereceram a Otelo, que estava na companhia de sua amada. Quando o Mouro soube do acontecido, destituiu Cássio do seu posto.
Nessa mesma noite, Iago começou a jogar Cássio contra Otelo. Ele falava, dissimulando um certo repúdio a atitude do general, que a sua decisão tinha sido muito dura e que Cássio deveria pedir à Desdêmona que convencesse Otelo a devolver-lhe o posto de tenente. Cássio, abalado emocionalmente, não se deu conta do plano traçado por Iago e aceitou a sugestão.
Dando continuidade ao seu plano, Iago insinuou a Otelo que Cássio e sua esposa poderiam estar tendo um caso. Esse plano foi tão bem traçado que Otelo começou a desconfiar de Desdêmona.
Iago sabia que o Mouro havia presenteado sua mulher com um lenço de linho, o qual tinha herdado de sua mãe. Otelo acreditava que o lenço era encantado e, enquanto Desdêmona o possuísse, a felicidade do casal estaria garantida. Sabendo disso e após conseguir o lenço através de sua esposa Emília que o havia encontrado, Iago disse a Otelo que sua mulher havia presenteado o amante com ele. Otelo, antes tão equilibrado, já estava enciumado, e pergunta à esposa sobre o lenço e ela, ignorando que o lenço estava com Iago, não soube explicar o que havia acontecido que ele havia sumido. Nesse meio tempo, Iago colocou o lenço dentro do quarto de Cássio para que ele o encontrasse.
Depois, Iago fez com que Otelo se escondesse e ouvisse uma conversa sua com Cássio. Eles falaram sobre Bianca, amante de Cássio, mas como Otelo só ouviu partes da conversa, ficou com a impressão de que eles estavam falando a respeito de Desdêmona. Um pouco depois, Bianca chegou trazendo enciumada um lenço que estava no quarto de Cássio e discutiram sobre a origem do mesmo.
Vale ressaltar que o lenço era, como todo lenço feminino, fino e delicado, isso significa que quando Otelo o deu para Desdêmona, ele não a presenteou com um simples lenço, na verdade o que ele deu à ela foi tudo o que há de mais fino e delicado existente em sua pessoa. Otelo ficou fora de si ao imaginar que Desdêmona havia desprezado tudo isso dando o lenço a um outro homem.
As conseqüências disto foram terríveis: primeiro Iago, jurando lealdade ao seu general disse que para vingá-lo mataria Cássio, mas sua real intenção era matar Rodrigo e Cássio simultaneamente porque eles poderiam estragar seus planos. No entanto, isso não ocorreu conforme suas intenções, Rodrigo morreu e Cássio apenas ficou ferido. Depois Otelo, totalmente descontrolado, foi a procura de sua esposa acreditando que ela o havia traído e matou-a em seu quarto. Shakespeare faz da cena um sacrifício religioso, dotado de conteúdo contra teológico tão sombrio quanto o niilismo de Iago e o ciúme “divino” de Otelo.
Após isso Emília, esposa de Iago, sabendo que sua senhora fora assassinada revelou a Otelo, Ludovico (parente de Brabâncio) e Montano (governador de Chipre antes de Otelo) que tudo isso foi tramado por seu marido e que Desdêmona jamais fora infiel. Iago matou Emília e fugiu, mas logo foi capturado. Otelo, desesperado por saber que matara sua amada esposa injustamente, apunhalou-se, caindo sobre o corpo de sua mulher e morreu beijando a quem tanto amara.
Ao finalizar a tragédia Cássio passou a ocupar o lugar de Otelo e Iago foi entregue as autoridades para ser julgado.
Fontes:
seuhistory.com
google.com
youtube.com
profaclaiidacem804.webnode.com.br
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