Vamos falar hoje da obra de Fiodor Dostoiévski, os Irmãos Karamazov.
Dostoiévski
Considerada a sua obra prima, o livro foi escrito em 1879, uma das mais importantes obras das literaturas russa e mundial, ou, conforme afirmou Freud: "a maior obra da história". Freud considera esse romance, juntamente com Édipo Rei e Hamlet, três importantes livros a respeito do embate pai e filho, e retratam o complexo de Édipo.
A narrativa trata da história de uma conturbada família em uma cidade na Rússia. O patriarca da família é Fiódor Pavlovitch Karamázov, um palhaço devasso que subiu na vida principalmente devido aos dotes de suas duas mulheres, ambas mortas de forma precoce, e à sua mesquinharia. Com a primeira mulher tem um filho, Dmitri Fiodorovitch Karamázov, que é criado primeiramente pelo criado que mora na isbá (casa de madeira) ao lado de sua casa e depois por Miússov, parente de sua falecida mãe. Com a segunda mulher tem mais 2 filhos: Ivan e Aliêksei Fiodorovitch Karamázov, que são criados também por um parente da segunda mulher do pai de ambos. Ao passo que Ivan se torna um intelectual, atormentado justamente por sua inteligência, Aliêksei se torna uma pessoa mística e pura, entrando para um mosteiro na cidade.
Provavelmente o nome Karamázov foi forjado a partir de "kara", "castigo" ou "punição", e do verbo "mázat", "sujar", "pintar", "não acertar". Significaria, então, aquele que com seu comportamento errante vai tecendo a sua própria desgraça, segundo nota dos tradutores da obra
De uma querela financeira entre o pai e seu primogênito, também devasso porém honrado, nasce também a disputa por uma mulher, Gruchénka, que levará ambos a descomedidos atos que resultarão na morte de Fiódor Pavlovitch Karamázov.
Como em Édipo, os irmãos Karamazov tem como tema a morte do pai.
Os irmãos Karamázov deveria ter uma continuação, onde o narrador exporia de melhor forma o caráter de seu herói, o filho mais novo Aliêksei Fiodorovitch Karamázov, para o qual esta narrativa seria a primeira parte de sua biografia, porém Dostoiévski morreu antes de finalizar a segunda parte de sua obra. Dostoiévski declara no início do prólogo que a obra é, de fato, sobre Alieksiéi:
Ao começar a biografia de meu herói, Alieksiéi Fiódorovitch, sinto-me um tanto perplexo. Com efeito, se bem que o chame meu herói, sei que ele não é um grande homem; prevejo também perguntas deste gênero: "Em que é notável Alieksiéi Fiódorovitch, para que tenha sido escolhido como seu herói? Que fez ele? Quem o conhece e por quê? Tenho eu, leitor, alguma razão para consagrar meu tempo a estudar-lhe a vida?"
“Os Irmãos Karamazov” explora diversas questões, como o livre-arbítrio, apresentando e contestando diferentes explicações do comportamento humano. O romance desafia a noção de que, na ausência de leis morais, o homem é livre para fazer o que ele escolhe, ou seja, tudo é permitido: personagens que defendem uma liberdade amoral tendem a ser mais ansiosos e autodestrutivos no romance. Mas o romance também desafia o determinismo psicológico e social, isto é, a ideia de que tanto nossa composição psicológica como nossa posição na sociedade controla o modo como agimos.
Um livro onde o autor exibe todo o niilismo que abrange a sua personalidade. Num determinado trecho do livro ele diz:
"Se Deus não existisse, e a religião fosse extinta de todas as formas, o que aconteceria?
Quando a humanidade, sem exceção, tiver renegado Deus (e creio que essa era virá), então cairá por si só, sem antropofagia, toda a velha concepção de mundo e, principalmente, toda a velha moral, e começará o inteiramente novo. Os homens se juntarão para tomar da vida tudo o que ela pode dar, mas visando unicamente à felicidade e à alegria neste mundo. O homem alcançará sua grandeza imbuindo-se do espírito de uma divina e titânica altivez, e surgirá o homem-deus. Vencendo, a cada hora, com sua vontade e ciência, uma natureza já sem limites, o homem sentirá assim e a cada hora um gozo tão elevado que este lhe substituirá todas as antigas esperanças no gozo celestial. Cada um saberá que é plenamente mortal, não tem ressurreição, e aceitará a morte com altivez e tranquilidade, como um deus. Por altivez compreenderá que não há razão para reclamar de que a vida é um instante, e amará seu irmão já sem esperar qualquer recompensa. O amor satisfará apenas um instante da vida, mas a simples consciência de sua fugacidade reforçará a chama desse amor tanto quanto ela antes se dissipava na esperança de um amor além-túmulo e infinito,"
As obras mais importantes de Fiodor Dostoiévski foram as literárias, onde abordou, entre outros temas, o significado do sofrimento e da culpa, o livre-arbítrio, o cristianismo, o racionalismo, o niilismo, a pobreza, a violência, o assassinato, o altruísmo, além de analisar transtornos mentais, muitas vezes ligados à humilhação, ao isolamento, ao sadismo, ao masoquismo e ao suicídio. Pela retratação filosófica e psicológica profunda e atemporal dessas questões, seus escritos são comumente chamados de romances filosóficos e romances psicológicos.
Como em outros livros de Dostoiévski a religião é um tema constante, seja nos diálogos entre o ateu Ivan e o seminarista Aliócha, seja nas parábolas contadas por diversas personagens; a culpa, o arrependimento, o fardo do pecado e do crime também surgem como questões a serem debatidas, de modo a dotar todo o mundo do romance de um sentimento de temor, opressão psicológica e até mesmo medo e paranoia; são muitas as cenas em que personagens estão às portas da loucura, temendo o próprio enlouquecimento ou alucinando.
Enfim é um livro que recomendo, a todos, pela trama e construção dos personagens numa obra única da Literatura Mundial.
Fontes:
bonslivrosparaler.com.br
wikipedia.org
google.com
medium.com
wikiwand.com/pt
medium.com
wikiwand.com/pt
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