sábado, 17 de agosto de 2019




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No dia 17 de agosto de 1987 morria, no Rio de Janeiro, Carlos Drummond de Andrade, poeta, contista e cronista.


Nascido em Itabira (MG), no dia 31 de outubro de 1902, ele fez faculdade de farmácia, mas escrevia desde cedo e foi fundador de "A Revista", que divulgava o modernismo no Brasil. 


Durante a maior parte do tempo, foi funcionário público, mas seguiu escrevendo até o final da sua vida. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas. Drummond, como os modernistas, adotou a libertação do verso. No final da década de 1980, o erotismo ganhou espaço na sua poesia até seu último livro.


Drummond, Vinícius, Bandeira, Mário Quintana e Mendes Campos



Em 1925 casou-se com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio (em 1926, que vive apenas meia hora) e Maria Julieta Drummond de Andrade, nascida em 1928.

Em 1926, ministra aulas de Geografia e Português no Ginásio Sul-Americano de Itabira e trabalha como redator-chefe do Diário de Minas.

Continuou com seus trabalhos literários e em 1930 publica seu primeiro livro intitulado “Alguma Poesia”.

Um de seus poemas mais conhecidos é “No meio do caminho”. Ele foi publicado na Revista de Antropofagia de São Paulo em 1928. Na época, foi considerado um dos maiores escândalos literários do Brasil:


“No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.”


Drummond faleceu em dia 17 de agosto de 1987 no Rio de Janeiro. Morreu com 85 anos, poucos dias após a morte de sua filha, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade, sua grande companheira.

Acervo CDA/ Fundação Casa de Rui Barbosa
Drummond e a filha Maria Julieta

Drummond escreveu poesia, prosa, literatura infantil e realizou diversas traduções.

Possui uma vasta obra que muitas vezes é marcada por elementos de sua terra natal, como é o caso da poesia “Confidência do Itabirano”:


“Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!”

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José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


Fontes:

seuhistory.com
google.com
todamateria.com.br
paratiano.wordpress.com
culturagenial.com

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