Antonio dos Santos, vulgo Volta Seca, sergipano de Itabaiana, ingressou no bando de Lampião quase menino para escapar às surras diárias que sua madrasta lhe aplicava.
Antônio dos Santos, com onze anos, ingressa no bando de Lampião. O fato ocorre no Povoado Guloso (hoje Novo Triunfo-Bahia), onde Antônio fazia pequenos serviços. Lampião lhe dá a alcunha de “Volta Seca.”.
Participa, como cangaceiro, do seu primeiro embate com a polícia. O episódio ocorre em Mirandela-Bahia. Nele, o cangaceiro menino, a conselho de Lampião, sangra um soldado ferido: “Ande cá, muleque. Fura aqui este ‘macaco’, pra tu te acostumar” – teria dito Lampião.
Pode se dizer que pulou da frigideira e caiu no braseiro porque começou a ser surrado por Lampião e pelos demais por causa de suas peraltices, próprias da idade. Suas funções se limitavam a dar banho nos cavalos, lavar louça e roupa suja e também espionar nas cidades se havia muitos policiais em ronda. Tanto apanhou que acabou se tornando um dos cangaceiros mais violentos de todo o bando. Astuto, corajoso e agressivo, em contraste com uma grande sensibilidade artística. Apesar de semi alfabetizado, escrevia com grande facilidade versos e também compunha músicas que o bando inteiro conhecia e entoava com entusiasmo quando estava acampado em alguma fazenda sob proteção do próprio dono.
É autor da música "Acorda Maria Bonita".
A vida de Volta Seca sempre foi envolta em muitas lendas. Algumas estimuladas pelo próprio, segundo algumas fontes. Até seu nome e data de nascimento eram motivos de controvérsias. Foi inclusive inspiração para personagem homônimo de Jorge Amado no livro “Capitães de Areia”, o que o revoltou na época.
'Volta Seca era um menino sertanejo, vivia em busca de saber notícias de Lampião seu “padim”, além disso era exímio imitador de animais. “Uma tarde a polícia o pegou quando o mulato despojava um negociante da sua carteira. Volta Seca tinha então dezesseis anos. Foi levado para a polícia, o surraram porque ele xingava todos, soldados e delegados com aquele imenso desprezo que o sertanejo tem pela polícia. Ele não soltou um grito enquanto apanhou. Oito dias depois o puseram na rua, e ele saiu quase alegre, porque agora tinha uma missão na vida matar soldados de polícia” acabou saindo da Bahia em direção a Sergipe, para dar um tempo de a polícia esquecer seu rosto, na viagem na rabada de um trem acabou por encontrar seu padrinho e se agregar a seu bando, onde pode externar todo seu ódio contra a polícia, contando mais de 70 traços no seu fuzil que significa as pessoas que matou, fora condenado a 30 anos de prisão por 15 assassinatos provados.'
(Capitães de areia - Jorge Amado)
Foi provavelmente o cangaceiro mais documentado e entrevistado. Mesmo assim, até pela sua fama de “contador de casos” muitas dúvidas sempre permaneceram sobre sua história.
Em 1932 desentendeu-se com Lampião, deixando o bando. Em uma emboscada próxima a cidade de Glória-BA foi preso e enviado a Salvador. Recebido por multidão, sua prisão foi noticiada por vários jornais e aí virou celebridade.
Acusado de vários crimes, com a maioridade foi a julgamento, sendo condenado inicialmente a 145 anos de prisão, posteriormente reduzidos a trinta anos.Passou vinte anos na cadeia. Em 1952 recebeu indulto do presidente Getúlio Vargas. Logo em seguida serviu de consultor para o filme “O Cangaceiro” de Lima Barreto, (Não teria gostado do resultado final da obra).
Em 1957 gravou o disco “Cantigas de Lampião”, eternizando composições marcantes, entre elas “Mulher Rendeira” e “Acorda Maria Bonita”. Pouco depois veio para nossa região trabalhar como guarda freios na estrada de ferro Leopoldina Railway.
O cangaceiro Volta Seca morreu em 1997 em Leopoldina, Minas Gerais, onde estava morando.
Fontes:
miltonparron.band.uol.com.br/volta-seca
destaquenoticias.com.br/de-saco-torto-a-estrela-dalva
leopoldinense.com.br
google.com
wikipedia.org
esquerdadiario.com.br
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