Charles Baudelaire nasceu no ano de 1821 e faleceu em 31 de agosto de 1867. Foi um poeta e crítico francês, com quem se abriu caminho para a poesia moderna. Considerado hoje como um dos maiores poetas da literatura francesa, Baudelaire possuía um sentido clássico da forma, uma extraordinária habilidade para encontrar a palavra perfeita e um grande talento musical; escreveu alguns dos poemas mais lindos e incisivos da literatura francesa.
Flores do mal
Em 1857 no dia 25 de Junho, são publicadas As Flores do Mal. O livro foi logo violentamente atacado pelo Le Figaro e recolhido poucos dias depois sob acusação de insulto aos bons costumes. Baudelaire foi condenado a uma multa de 300 francos (reduzida depois para 50) e o editor a uma multa de 100 francos e, mais grave, seis poemas tiveram de ser suprimidos da publicação, condição sem a qual a obra não poderia voltar a circular. Em 1860 sai a segunda edição de As Flores do Mal. Foi organizada em cinco secções segregadas tematicamente:
ENIVREZ-VOUS
Il faut être toujours ivre. Tout est là: c’est
l’unique question. Pour ne pas sentir l’horrible
fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous
penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi? De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois, sur les marches d’un palais,
sur l’herbe verte d’un fossé, dans la solitude
morne de votre chambre, vous vous réveillez,
l’ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez
au vent, à la vague, à l’étoile, à l’oiseau, à
l’horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout
ce qui parle, demandez quelle heure il est;
et le vent, la vague, l’étoile, l’oiseau, l’horloge, vous répondront: “Il est l’heure de s’enivrer!
Pour n’être pas les esclaves martyrisés du
Temps, enivrez-vous; enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise.
EMBRIAGUEM-SE
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se!
Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Sua originalidade, que causava tanto assombro quanto mal-estar, o fez merecedor de um lugar à margem das escolas literárias dominantes em sua época. Sua poesia é para alguns, a síntese definitiva do romanticismo, para outros a precursora do simbolismo e para outros, finalmente, a primeira expressão das técnicas modernas da poesia. Baudelaire foi um homem dividido, atraído com igual força pelo divino e pelo diabólico. Seus poemas falam do eterno conflito entre o ideal e o sensual. Neles, descrevem-se todas as experiências humanas, desde as mais sublimes até as mais sórdidas. Entre suas obras destacam-se: Pequenos Poemas em Prosa, seus Diários Íntimos e Meu Coração Desnudo. Todas elas publicadas após a morte do autor.
Les yeux de Berthe
Vous pouvez mépriser les yeux les plus célèbres,
Beaux yeux de mon enfant, par où filtre et s’enfuit
Je ne sais quoi de bon, de doux comme la Nuit!
Beaux yeux, versez sur moi vos charmantes ténèbres!
Grands yeux de mon enfant, arcanes adorés,
Vous ressemblez beaucoup à ces grottes magiques
Où, derrière l’amas des ombres léthargiques,
Scintillent vaguement des trésors ignorés!
Mon enfant a des yeux obscurs, profonds et vastes,
Comme toi, Nuit immense, éclairés comme toi!
Leurs feux sont ces pensers d’Amour, mêlés de Foi,
Qui pétillent au fond, voluptueux ou chastes.
Os olhos de Berta
Podeis bem desprezar os olhos mais famosos,
Olhos de meu amor, dos quais foge e se eleva
Não sei o quê de bom, de doce como a treva!
Vertei vosso fascínio obscuro, olhos graciosos!
Olhos de meu amor, arcanos adorados,
Fazei-me recordar essas mágicas furnas
Em que, por trás de imóveis sombras taciturnas,
Cintilam vagamente escrínios ignorados!
Tem meu amor olhos tão negros quanto vastos,
Como os teus, Noite imensa,e , como os teus, preclaros!
Sonhos de Amor e Fé são seus lampejos raros,
Que fulguram ao fundo, orgiásticos ou castos
Fontes:
algumapoesia.com.br
seuhistory.com
google.com
revistaprosaversoearte.com