sábado, 27 de abril de 2019

Vamos falar hoje da obra "Babbitt" do escritor norte-americano Sinclair Lewis.



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A obra retrata a década de 20 do pós guerra, e da pujança dos Estados Unidos e sua classe média, da Lei Seca, e do período pré Grande Depressão.



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A visão de Babbitt legítimo representante da classe média americana em relação aos trabalhadores menos qualificados, era de superioridade e um certo desprezo. A Lei Seca (Emenda XVIII da Constituição americana) foi saudada, pois poria fim à lassidão e a falta de eficiência da classe trabalhadora, muito embora os mais ricos e de poder aquisitivo maior beberem em suas festas e bares requintados.



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Bebia- se mais nas cidades do que no campo, mais no Leste do que no "Middle West", mais entre as classes ricas do que entre o povo. O "salloon" fora sórdido; o "speakeasy" era elegante . O "cocktail" substituiu o vinho, podendo, por vezes, os dois misturarem-se. Cidadãos honestos receberam em casa bandidos perigosos que lhes forneciam álcool. O "cocktail party" veio a ser o modo de recepção preferido. O "bootlegger" (vendedor de álcool de contrabando) tornou-se um profissional. Nas grandes cidades, o monopólio do contrabando era normalmente apanágio de um "gangster", que fazia fortunas avultadas, enquanto os seus homens se divertiam a espalhar o terror e a violência entre os habitantes.


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O livro é Uma sátira sobre a América dos anos 20, durante a Lei Seca que o conservadorismo apoiava mas não praticava. Um homem de negócios e de família, numa cidade comercial, Zenith, vive infeliz em que a única coisa que interessa são as aparências. Tenta mudar, dizer o que pensa, mas apercebe-se que as idéias liberais só lhe trazem dissabores e por isso retorna à vida conservadora e fútil de outrora. 

O cidadão americano da classe média, magnificamente retratado através da figura de Babbitt, fazia eco das opiniões do grupo socio-economico a que pertencia: declarava solenemente que os radicais deveriam ser silenciados, a imigração restringida e os negros "mantidos nos seus lugares". Mesmo nas suas ocasionais fugaz à norma e ao estereótipo, o "Standard American Citizen " não conseguia romper por completo com os dogmas e valores que a sociedade lhe impusera.


Sinclair Lewis, Nobel da Literatura em 1930, descreve com ironia a prosperidade daqueles que vivem num mundo de mentira e de aparências, que lutam contra as ideias liberais, socialistas e de justiça social.  George Babbitt é uma emblemática figura, pois é a evidência de um modo de vida que dominou a opinião pública norte-americana dos anos 20 cujos ecos reverberam ainda hoje como verdadeiros pilares do capitalismo: os empresários e "business men". A ação deles sobre a realidade é vista pela sociedade norte-americana como algo heroico, louvável, que deve ser divulgado e comemorado a todo o momento para espantar o “fantasma comunista” que passara a figurar na pauta de preocupações desse grupo desde 1917.


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A passagem do século XIX para o XX desenvolveu o ambiente urbano norte-americano, gerando as cidades grandes e transformando as relações capitalistas, levando-as a outro nível. Esse processo acelerou-se com a posição privilegiada que os Estados Unidos passaram a ocupar depois da Primeira Guerra Mundial, tornando-se credores do mundo. A euforia dos negócios e da prosperidade econômica contaminou a sociedade americana criando sociedades civis de estímulo ao crescimento econômico, ao comércio, a indústria etc. Babbitt se insere justamente nesse contexto.

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O american way of life, “fenômeno” que começava a se desenvolver nesse período (e que se consolidaria mais efetivamente pós-crise de 29 e pós-Segunda Guerra Mundial), apresentava contradições e elevava ao patamar de gurus e guias esses empresários que investiam e representavam a ganância e o empreendedorismo capitalistas. Dessa elevação criavam-se modelos de conduta, comportamentos e pressupostos ideológicos no mínimo questionáveis.

Um exemplo disso, que Lewis consegue captar com uma sensibilidade de admirável sutileza é o pensamento desse grupo acerca da formação intelectual e acadêmica dos jovens.


O filho de Babbitt, Ted, vê como perda de tempo o estudo de arte, literatura e outros estudos de cultura porque não tem aplicação prática na carreira empreendedora que assoma em seu futuro, ao passo que é apoiado pelo pai, que, por sua vez, encontra eco desse posicionamento nos grupos nos quais participa. Os grupos de empresários dos quais Babbitt participa (verdadeiras confrarias para vangloriarem-se), como os Boosters, ( promotores)  por exemplo, apresentam contradições que Sinclair Lewis explora, às vezes muito timidamente. Uma delas é o fato de terem-se como arautos do progresso e do desenvolvimento ao mesmo tempo em que sustentam uma mentalidade arcaica, que instrumentaliza a realidade em seus mais diversos aspectos para servir seus projetos individuais como se eles representassem os anseios da sociedade de forma geral.

A mentalidade arcaica chocando-se com os pressupostos capitalistas encontra no romance um lugar privilegiado, porque consegue descortinar ao leitor a forma como a sociedade se organizava, sob quais preceitos e como esse jogo de especulação era praticado. Vale lembrar que essa especulação culminará na famosa crise de superprodução cujo marco é o crack da Bolsa de Nova York: a Crise de 29.



Fontes:
wikipedia.org
google.com.br
skoob.com.br
ipv.pt/millenium

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