quinta-feira, 25 de abril de 2019

A origem do pingo nas letras "i" e "j".

Resultado de imagem para pingo no i e no jResultado de imagem para pingo no i e no j





Conta-se que uma professora do antigo curso primário (hoje fundamental), ao ser questionada pelos alunos do motivo das letras "i" e "j" receberem pingos, ela disse que, antigamente, havia a escola do alfabeto, onde estudavam todas as letras. Como as letras ‘i’ e ‘j’ fizeram muita bagunça, a diretora lhes colocou um sinal sobre a cabeça como forma de castigo. ‘I’ e ‘j’, então, nunca mais puderam tirar aquele ponto.

Brincadeiras à parte, segundo "Marcelo Duarte" no seu "Guia dos curiosos" da língua portuguesa o pingo no "i" foi instituído para diferenciar a sequência de dois "i" (o "ii", muito frequente em latim) do "u" minúsculo, com o qual ela se confundia muito no alfabeto gótico adaptado muito em voga no final da Idade Média. Na verdade, o til, o apóstrofo e vários outros sinais foram propostos para evitar a confusão entre "ii" e "u" até que se definisse, no século XVI, pelo acréscimo de um ponto à vogal "i". A partir de então, passamos a pôr os pingos nos "i" e a colaborar para o sucesso da Grafologia, uma técnica de reputação muito controvertida que parte do pressuposto de que há uma relação direta entre grafia e personalidade.


Resultado de imagem para pingo no i e no j


Já, segundo o próprio Marcelo Duarte, o pingo na letra "j" é bem interessante. Ocorre que a consoante j e a vogal i têm a mesma origem no latim (assim como u e v, que vemos em FORVM). Prova disso é, por exemplo, a inscrição INRI da cruz de Cristo, que significa "J"esus de Nazaré Rei dos "J"udeus. Podemos notar também que algumas palavras revelam na sua etimologia esse parentesco, como major/maior, pejorativo/pior (pejor>peior>pior). Ocorre que nos casos em que o som vocálico em i começava a ser pronunciado como som consonantal (mais ou menos como o y em espanhol) ganhou nova grafia: j, mantendo-se o "pinguinho" para lembrar a origem.


Resultado de imagem para colocando os pingo nos is



Portanto, só depois do século XVII é que se usa o i com a sua forma atual e com o ponto, e o mesmo parece ter acontecido com o j. Até aí não o tinha, tal como ainda sucede com o iota grego. Antigamente distinguiam-se duas espécies de i, o vogal (impropriamente dito) e o i consoante, ou jota (j), décima letra do alfabeto. A confusão entre estas duas letras na escrita prevalece aproximadamente até ao séc. XV, a partir do qual as duas formas i e j começam a aparecer separadas. É natural (ou possível) que o ponto se tenha passado a usar para maior clareza na interpretação da letra.


Fontes:
ciberduvidas.iscte-iul.pt/
salazero.blogspot.com/2015/06/o-pingo-no-i.html
google.com.br
travessa.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...