terça-feira, 9 de abril de 2019




O LETES

Vem ao meu peito, ó surda alma ferina,
Tigre adorado, de ares indolentes,
Quero os meus dedos mergulhar frementes
Na áspera lã de tua espessa crina;
Em tuas saias sepultar bem junto
De teu perfume a fronte dolorida,
E respirar, como uma flor ferida,
O suave odor de meu amor defunto.
Quero dormir o tempo que me sobre!
Num sono que ao da morte se confunde,
Que o meu carinho sem remorso inunde
Teu corpo luzidio como o cobre.
Para engolir-me a lágrima que escorre
O abismo de teu leito nada iguala;
O esquecimento por teus lábios fala
E a águas do Letes nos teus lábios corre.
O meu destino, agora meu delírio,
Hei de seguir como um predestinado;
Mártir submisso, ingênuo condenado,
Cujo fervor atiça o seu martírio,
Sugarei, afogando o ódio malsão,
Do mágico nepentes o conteúdo
Nos bicos desse colo pontiagudo,
Onde jamais pulsou um coração.

Poema do livro "Les fleurs du mal" "A flores do mal "de 1857, do poeta francês Charles Baudelaire.




Charles Baudelaire, um poeta e crítico francês, que abriu caminho para a poesia moderna, nasceu no dia 9 de abril de 1821 e morreu em 31 de agosto de 1867.

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A admiração começa onde acaba a compreensão


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Considerado hoje um dos maiores poetas da literatura francesa, Baudelaire possuía um sentido clássico da forma, uma extraordinária habilidade para encontrar a palavra perfeita e um grande talento musical; escreveu alguns dos poemas mais lindos e incisivos da literatura francesa.


O amor é um crime que não se pode realizar sem cúmplice.


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Sua originalidade, que causava tanto assombro quanto mal-estar, o fez merecedor de um lugar à margem das escolas literárias dominantes em sua época. Sua poesia é para alguns a síntese definitiva do romanticismo, para outros a precursora do simbolismo, assim como a primeira expressão das técnicas modernas da poesia. Baudelaire foi um homem dividido, atraído com igual força pelo divino e pelo diabólico.


Aos olhos da saudade, ah, como é pequeno o mundo

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Seus poemas falam do eterno conflito entre o ideal e o sensual. Neles, descrevem-se todas as experiências humanas, desde as mais sublimes até as mais sórdidas. Entre suas obras destacam-se: Pequenos Poemas em Prosa, seus Diários Íntimos e Meu Coração Desnudo. Todas elas publicadas após a morte do autor.


Fontes:
seuhistory.com
causaoperaria.org.br
google.com.br

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