sexta-feira, 19 de abril de 2019

Hoje 19 de abril é o aniversário do nascimento de um, dos maiores poetas brasileiro, Manuel Bandeira.


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Itinerário de Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe - d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


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Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril de 1886, no Recife, Pernambuco.


Aos dez anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro onde estudou no Colégio Pedro II entre os anos de 1897 a 1902. Mais tarde, formou-se em Letras.


Em 1903, começa a estudar Arquitetura na Faculdade Politécnica em São Paulo. No entanto, abandona o curso pois sua saúde fica frágil.


Diante disso, procura curar-se da tuberculose em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Suíça, onde permanece durante um ano.


De volta ao Brasil, em 1914, dedica-se a sua verdadeira paixão: a literatura. Durante anos de trabalhos publicados em periódicos, publica seu primeiro livro de poesias intitulado “A Cinza das Horas” (1917).
Nessa obra, merece destaque a poesia “Desencanto” escrita na região serrana do Rio de Janeiro, Teresópolis, em 1912, durante a recuperação de sua saúde.


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Foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. É considerado como parte da geração de 1922 do modernismo no Brasil. Seu poema "Os Sapos" foi o abre-alas da Semana de Arte Moderna.



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Manuel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes




Os Sapos

Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
- "Meu pai foi à guerra!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: - "Meu cancioneiro 
É bem martelado.

Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos.

O meu verso é bom 
Frumento sem joio. 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A fôrmas a forma.

Clame a saparia 
Em críticas céticas: 
Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi: 
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo 
O sapo-tanoeiro: 
- A grande arte é como 
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário. 
Tudo quanto é belo, 
Tudo quanto é vário, 
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe), 
Falam pelas tripas, 
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita, 
Lá onde mais densa 
A noite infinita 
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo, 
Sem glória, sem fé, 
No perau profundo 
E solitário, é

Que soluças tu, 
Transido de frio, 
Sapo-cururu 
Da beira do rio...



Fontes:
culturagenial.com
wikipedia.org
google.com.br
todamateria.com.br

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