Hoje vamos falar do escritor e politico Francisco Julião.
Francisco Julião e Leonel Brizola - foto de 1961
Houve um breve momento na história – entre o final dos anos 1950 e início dos anos 1960 – em que Francisco Julião foi o homem mais discutido do Brasil. Seu nome aparecia com frequência na imprensa nacional e internacional, sempre acompanhado da definição de “agitador”. O Diário de Pernambuco publicou uma piada na época em que dois homens estão na praia quando um deles afirma: “Julião deve estar aqui tomando banho”. O outro pergunta: “Como é que você sabe?”. Aí o primeiro responde: “Veja como o mar está agitado…”. A movimentação de Julião era tema de conversa também na Casa Branca: em 1962, o governador do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, teve um encontro com o presidente John Kennedy para tratar da Aliança para o Progresso, programa criado pelos EUA para combater a expansão do comunismo na América Latina e no qual o Nordeste era uma das prioridades. À certa altura do encontro, Kennedy pergunta para Aluízio Alves: “E como está o movimento de Julião?”.
Francisco Julião
Francisco Julião Arruda de Paula pertencia a uma tradicional família de proprietários de terras. Estudou na Faculdade de Direito de Recife, graduando-se em 1939. Pesquisador da cultura brasileira, em 1951 publicou seu primeiro livro, intitulado "Cachaça". Lutando pela reforma agrária, em 1954, ajudou a fundar as Ligas Camponesas, movimento de trabalhadores rurais, que seria um embrião do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Neste mesmo ano, foi eleito deputado pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), sendo reeleito em 1958. Quatro anos depois conseguiu uma cadeira na Câmara dos Deputados como deputado federal por Pernambuco. Com o golpe militar de 1964, Francisco Julião teve seus direitos políticos cassados.
Julião alcançara a notoriedade como líder das Ligas Camponesas, movimento surgido em 1955. A partir de sua atuação, pela primeira vez na história os camponeses conquistaram visibilidade política e social e viram suas reivindicações serem incorporadas à agenda política nacional e internacional (reforma agrária era um dos pontos de destaque do programa da Aliança para o Progresso). Com o golpe civil-militar de 1964, as Ligas Camponesas foram imediatamente extintas e Julião cassado e preso.
Partiu para o exílio em dezembro de 1965, indo viver no México. No exílio, começou a virar um fantasma para a história. Retornou ao Brasil em 1979, disputou uma eleição sem sucesso (para deputado federal, por Pernambuco, em 1986). Seguiu novamente para o México. Depois, mais uma vez retornou ao Brasil, em 1992, como dirigente do PDT e assessor do governador eleito do Rio, Leonel Brizola (de quem foi grande amigo). Sua liderança e notoriedade, porém, já haviam ficado para trás.
O resgate da história dele começou em 2001, quando a Assembleia Legislativa de Pernambuco publicou em livro 22 perfis biográficos de deputados estaduais – entre eles, Francisco Julião. Desde então (já sem ligação direta com a Assembleia), houve uma série de eventos, reportagens em jornal e revista e pesquisas sobre Julião. A principal obra desse resgate é Francisco Julião – uma biografia, de Cláudio Aguiar, presidente do PEN Clube do Brasil e autor de Caldeirão (romance, 1982) e de duas dezenas de outras obras nos gêneros teatro e ensaio. Aos 18 anos (em 1962), ele começou a trabalhar como repórter do A Liga, jornal das Ligas Camponesas.
Francisco Julião – uma biografia é fruto de um trabalho de cerca de 10 anos, entre pesquisa e redação. Claúdio vasculhou documentos e arquivos, no Brasil e no México, e entrevistou pessoas que conviveram política e pessoalmente com Julião. Com base nessa apuração, montou uma obra de 854 páginas que recupera toda a trajetória do líder radical. Um livro indispensável para o conhecimento do Brasil pré e pós-golpe de 1964.
Francisco Julião com o médico Apolo H.Lisboa
Foi casado com Alexina Arruda de Paula, com quem teve quatro filhos. Divorciado, casou-se pela segunda vez com Regina de Castro, com quem teve uma filha. Francisco Julião morreu de infarto, aos 84 anos, em Cuernevaca, no México. Foi cremado e deixou instruções para que suas cinzas fossem transportadas para Pernambuco, sua terra natal.
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