Gol de Ghiggia na final de 1950
Como esse gol pôde marcar toda a brilhante carreira de um homem ?
Moacir Barbosa do Nascimento, mais conhecido como Barbosa (Campinas 27 de março de 1921 — Praia Grande, 7 de abril de 2000), foi um futebolista brasileiro que atuou como goleiro.
Embora tenha sido considerado um dos maiores goleiros de sua época, Barbosa é mais lembrado por sua participação na derrota da Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo de 1950, contra o Uruguai, em particular pelo segundo gol uruguaio, marcado por Alcides Ghiggia. Por causa da derrota, conhecida como "Maracanazo", o goleiro Barbosa foi acusado de ter falhado ao levar o gol da derrota e carregou até a morte o fardo da derrota. Barbosa morreu de tristeza por ser considerado o motivo da derrota brasileira. Após a Copa do Mundo de 1950, ele retornou ao Vasco da Gama, onde foi ovacionado por ser uma referência na história do time, porém a nação brasileira sempre o crucificou pelo gol sofrido na Copa do Mundo de 1950.
Foi um goleiro seguro e elástico, dotado de excelente senso de colocação, que jamais temeu mergulhar nos pés dos adversários. Barbosa começou a carreira como ponta-esquerda no extinto Comercial da Capital, mas transferiu-se já como goleiro ao C. A. Ypiranga, extinto clube de futebol de São Paulo. Suas ótimas atuações no clube, por onde jogou por três anos, atraíram a atenção do Vasco, que o contratou em 1945, substituindo o goleiro Rodrigues. Ele só iria conseguir a vaga de titular em 1946, permanecendo dono da posição até meados de 1956.
Barbosa entrou em um momento muito especial do Vasco, que na época montava um de seus maiores times, o chamado Expresso da Vitória. Pelo clube, ganhou os Cariocas de 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958. Teve também ativa participação na conquista do Campeonato Sul-Americano de Campeões (precursor da atual Libertadores da América) em 1948.
Ele também jogou pelo Santa Cruz F.C. do Recife e os clubes Bonsucesso F.C. do Rio de Janeiro e em junho de 1962 a Campo Grande A.C também do Rio de Janeiro. Foi bicampeão brasileiro pela seleção carioca em 1950 e campeão sul-americano pela seleção brasileira em 1949.
Após a derrotada seleção brasileira diante da Alemanha por 7 x 1, sua filha, Tereza Borba, a filha adotiva de Barbosa, declarou: "Sou brasileira, queria que o Brasil ganhasse, mas estou vendo de outra forma agora. Muita gente está dizendo que o Barbosa hoje está sendo inocentado. Acho que ele lavou a alma agora. Ele não passou essa vergonha."
Segundo o falecido cronista Armando Nogueira, Barbosa foi "certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo". Pois agora, tanto Tereza quanto seu pai, onde quer que esteja, podem ficar tranquilos: a 'maldição' foi enterrada nesta terça. A sete palmos abaixo da terra. Em cada um dos sete gols alemães. Descanse em paz, Barbosa.
Barbosa costuma dizer que no Brasil a pena máxima por um crime é de 30 anos, no entanto ele estava pagando por sua falha por muito mais tempo que isso.
Apesar da sólida carreira e dos títulos conquistados, Barbosa não fez fortuna com o futebol. Após pendurar as luvas, o então ex-goleiro se tornou funcionário da Suderj — órgão do Estado do Rio responsável pela administração de complexos esportivos — e trabalhou como instrutor de natação para jovens e adultos nas piscinas do Maracanã.
Já aposentado, foi viver em Praia Grande, litoral de São Paulo, quando ganhava mensalmente algo em torno de R$ 130, como revelou em uma entrevista ao Esporte Espetacular em 1999. À época, Tereza procurava um novo lar para Barbosa, que teria alguns dias para sair de onde morava, e recorreu a Eurico Miranda. O dirigente, que pouco depois se tornaria presidente, respondeu prontamente.
"Ele tinha uns dez dias para sair de onde estava morando e estávamos correndo atrás. O Eurico ligou aqui para casa para chamar para um evento que aconteceria em São Januário, para os campeões de 48 [Sul-Americano]. No dia seguinte ao evento, estava tendo uma reunião em São Januário com ex-jogadores e alguns vascaínos ilustres. Eu expliquei ao Eurico a situação e ele disse: 'Tereza, deixa comigo. Não é dinheiro do Vasco, não'. Ele começou a dar uma ajuda mensal".
A relação de Eurico Miranda com Barbosa, e outros integrantes do "Expresso da Vitória", era antiga.
A família de Barbosa mantém sua memória viva e sempre está na mídia em defesa da história do goleiro, de quem querem que seja lembrado pelo que fez no Clube Carioca e não apenas pelo revés na Copa de 1950. Em recente entrevista, a filha do jogador defendeu que o Centro de Treinamento do Vasco, que está em construção, tenha o nome do ex-goleiro, que segundo ela, jogou por amor e honrou a camisa cruzmaltina.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
youtube.com
uol.com.br/esportes
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