terça-feira, 16 de março de 2021

Estou assistindo novamente a brilhante telenovela de Dias Gomes o Bem Amado. A novela foi baseada numa peça de 1962 do próprio Dias Gomes chamada "Odorico, o bem amado" ou "Mistérios do Amor e da Morte". Foi a primeira telenovela brasileira transmitida em cores no ano de 1973.


Dirce Migliaccio, Ida Gomes, Paulo Gracindo e Dorinha Duval


Os personagens caricatos e as situações inusitadas como a prisão do Jegue "Rodrigo" do personagem Nezinho.


Wilson Aguiar (Nezinho doo jegue)




Ou do personagem Zelão um pescador que faz uma promessa ao Senhor do Bom Fim de saltar da torre da igreja com uma asa rudimentar.

Milton Gonçalves - Zelão das asas



Na pequena cidade de Sucupira, o político Odorico Paraguaçu é eleito prefeito sob a premissa de construir um cemitério na cidade; no entanto, depois de gastos os recursos para tal, desviados de áreas muito mais relevantes como iluminação e educação, ele é surpreendido pelo fato de que ninguém morre para que o local seja inaugurado.

Dias Gomes


Dias Gomes disse que a ideia central foi de uma noticia verdadeira de um prefeito do interior do Espírito Santo que foi eleito com a plataforma de construir um cemitério.




A partir daí, Odorico utiliza de diversos expedientes questionáveis para tentar causar um falecimento na cidade, como trazer um doente terminal de outra cidade ou nomear um antigo matador para o cargo de delegado. Ele manipula as personagens com sua oratória exagerada e maliciosa, o que, além de soar divertido, faz a trama andar com as suas constantes reviravoltas, que ora favorecem o manipulador, ora o surpreendem de volta.




A única figura que faz oposição aberta ao prefeito é Neco Pedreira, jornalista de uma gazeta sensacionalista. Dias Gomes deixou claro que a inspiração para o personagem foi Carlos Lacerda, figura notável do mundo carioca do período. Inicialmente dono de jornais, Lacerda chegou ao posto de governador do Rio de Janeiro; seus discursos inflamados são considerados responsáveis, ao menos em parte, pelo suicídio de seu opositor Getúlio Vargas. Toda essa agressividade midiática foi colocada na figura de Neco, a única voz de evidente contraste ao prefeito, embora ela soe irritante e pirracenta, como é de se esperar, considerando o olhar de Dias Gomes sobre o homem responsável pela censura de alguns de seus textos. Observa-se esse tom no trecho abaixo:

Carlos Eduardo Dolabella - Neco Pedreira



ODORICO – Você não pode fazer isso.

NECO – E por que não? Sou um jornalista. E Zeca Diabo é notícia. Vai ver como vou vender jornal. Graças a você. Nunca esquecerei dessa atitude fraternal. Creio, aliás, que estou prestando um serviço à municipalidade, publicando a biografia de um dos seus filhos mais ilustres.



Já os discursos políticos pesados e impactantes de Lacerda foram direcionados à personagem de Odorico, conforme explica o autor, o que demonstra mais uma vez a sua intenção de contemplar elementos que o incomodavam na sua realidade.







Sobre essa questão, aliás, cabe dizer que o enredo da peça, por mais bizarro que possa soar, foi inspirado num caso real: o autor conta, em sua biografia, que a história do cemitério que não consegue ser inaugurado ocorreu de fato no interior do Espírito Santo e lhe foi narrada por um amigo e cronista de jornal. É um dado interessante, já que um dos grandes recursos da peça é justamente a utilização do absurdo enquanto maneira de gerar o riso. As farsas costumam ser peças leves, que buscam entreter, e apesar de toda a carga política e crítica colocada nesse texto – e aqui se chega ao último termo do subtítulo, “patológica”, dado o grau de desfaçatez do comportamento de Odorico – a diversão é dada pelo ridículo das situações, tão absurdas que parecem impossíveis, apesar de, como visto, terem um fundo considerável de veracidade.






Apesar do texto original se da peça de 1962 e a telenovela ter sido exibida em 1973, os temas políticos e a hipocrisia da sociedade sucupirana são atuais.

Como de uma epidemia que se irradia pelo município e o prefeito manda roubar as vacinas, que poderiam salvar os habitantes da cidade, utilizando das mesmas num outro local para dizer que foi o político o responsável pelo salvamento de vidas e usar disso politicamente.

Odorico Paragaçú é um politico demagogo, populista e corrupto.

O personagem Nezinho do jegue que quando está sóbrio elogia o prefeito e quando está bêbado torna-se seu detrator feroz.






Odorico na ânsia por inaugurar o cemitério entra em contato um cangaceiro famoso, Zeca Diabo, antigo cidadão de Sucupira.

Quando o cangaceiro chega na cidade ele diz que se regenerou e agora segue fielmente o "padinho Cícero Romão". O personagem é vivido pelo ator Lima Duarte, que disse uma vez que para montar a personagem de um cangaceiro sanguinário que tinha se regenerado, ele resolveu fazer uma voz fina para um cangaceiro temido em todo sertão.

Zeca Diabo chega à Sucupira


A telenovela está sendo reprisada pela plataforma de streaming Globo play.

Abertura da novela




Fontes:
wikipedia.org
google.com
youtube.com
homoliteratus.com

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