Vamos falar do Poema "Lost Paradise", "Paraíso Perdido" do poeta inglês do século XVII , John Milton.
Confiado num exército tamanho,
Aspirando no Empíreo a ter assento
De seus iguais acima, destinara
Ombrear com Deus, se Deus se lhe opusesse,
E com tal ambição, com tal insânia,
Do Onipotente contra o Império e trono
Fez audaz e ímpio guerra, deu batalhas.
Mas da altura da abóbada celeste
Deus, coa mão cheia de fulmíneos dardos,
O arrojou de cabeça ao fundo Abismo,
Mar lúgubre de ruínas insondável,
A fim que atormentado ali vivesse
Com grilhões de diamante e intenso fogo
O que ousou desafiar em campo o Eterno.
5"Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal".
"To reign is he worth ambition; though in HellBetter to reign in Hell; than serv in Heaven""Reinar é o alvo da ambição mais nobre,Inda que seja no profundo Inferno:Reinar no Inferno preferir nos cumpreÀ vileza de ser no Céu escravos."
A frase acima é uma das mais conhecidas do poema e popularmente é dita: "Preferível reinar no Inferno que servir no Céu."
"Não julgo para nós o Céu perdido,Virtudes celestiais que se alevantamDe queda tão tremenda mais gloriosas,Mais fortes, mais terríveis que antes dela,Não mais têm que tremer de outra derrotaConfiando em sua inata valentia.Eu que por fixas leis, justiça eterna,O vosso chefe sou dês que existimos,Também me honro do jus a tal grandeza"
Canto III"Vendo-o Deus de seu trono sublimado,Donde co’os olhos imortais alcançaO que é, foi e será, tudo num tempo,Assim presciente diz ao Filho amado:“Unigênito meu, olha em que fúriaNosso inimigo férvido se exalta:Nada o pôde suster, nem muros do Orco,Nem todas as cadeias com que o cinjo,Nem do atro Abismo a vastidão enorme.Desesperado arroja-se à vingança,Insano! sem prever que ela redundaSobre sua danada rebeldia."
Porém Satã, ardendo em fúrias todo,Ei-lo ali já, que vem traidor vingar-seDa primeira batalha haver perdidoE de arrojado ser nas flamas do Orco!Ao frágil homem, inocente ainda,Assesta o seu furor; agora o tenta,E no tempo futuro há de acusá-lo.Ostentando-se impávido e valente,Posto que era sem base essa jactância,Exultar do sucesso não se anima;
Justo é que assim a ciência se despreze?“Qual dos dois, ou inveja ou despotismo,“Nos proíbe gozar tua doçura?“Proíba quem quiser!... ninguém consegue“Dos mimos teus, que pródiga me ofertas,“Invejoso privar-me dora em diante:“Por que motivo aqui se me apresentam?”Disse; e com mão audaz e insano arrojoApanha e come o proibido fruto.
Canto VI - O arcanjo Rafael continua a relatar para Adão sobre as batalhas em que os Arcanjos, Miguel e Gabriel derrotaram as forças do mal e o perigo que Adão e Eva correm com a proximidade de Satã. Arcanjos na denominação do Paraíso são os anjos principais, guerreiros, que determinam as funções que os outros anjos devem se ocupar. Já Serafins estão na mais alta esfera do Paraíso, ao lado de Deus. Eles transmitem o Amor de Deus aos homens. Os Querubins são destinados a enviar as mensagens e o conhecimento e sabedoria. Os Anjos são os mais próximos da Humanidade e transmitem as mensagens do Céu para Terra.
Desce Satã do sublimado sólio;E, com passo avançando altivo e vasto,Todo fulgindo de brilhantes e ouro,Nos mais altos projetos engolfado,Vai logo pôr-se à frente das colunasOnde mais p’rigos proporciona a guerra.Abdiel, que das ações as mais ilustresSempre se adorna e que de heróis se cerca,Encara-o, — e, cheio de insofrida fúria,Ideias tais no coração rumina:
No Canto VII , a pedido de Adão, Rafael conta como Deus formou esse Paraíso depois da expulsão de Satanás e seus seguidores do Céu para o Inferno.
Canto VII
Atento ouviu Adão, tendo Eva ao lado,"A história que, de Deus perto do trono,Do Empíreo nas pacíficas moradas,Lhe traçou com atônita surpresaDiscórdias, confusões, guerras, estragos.À primeira impressão de tais sucessos,Dúbio de Adão o entendimento nuta;Mas logo refletiu que, não podendoAo bem unir-se o mal, força é que voltePara os perversos em que teve origem,Como um rio que às fontes regressasse.Assim todas as dúvidas repele.Mas saber tenta com desejo inócuoComo, por que, de que, por quem e quando,Tenha sido criado este Universo"
No Canto VIII - Adão pergunta para Rafael sobre as movimentações dos corpos celestes, e Rafael o admoesta dizendo para que se preocupe somente com as coisas que lhes dê mais proveito. Mais uma vez o conhecimento é negado ao Homem. Até hoje a ignorância é usada como uma forma de dominação e controle
Canto VIII
Contente-se o homem de saber que moraEm uma habitação que não é sua:Tão grandes paços ocupar não pode;Só pequena porção habita deles:O uso do resto, só o Eterno o sabe.De sua onipotência tu derivaA rapidez inúmera dos astros...Ele que dota as corporais substânciasDe quase espiritual velocidade —
Canto IX - Satã que havia sido rechaçado na primeira investida no Paraíso, volta agora em forma de névoa , e mete-se dentro da serpente dormida.
Canto IX
Tendo falado assim, a Eva pergunta:“Dize, mulher, o que fizeste?” — Eis ela,Quase de todo opressa de vergonha,Não tarda em confessar, tímida e breveDiante do seu juiz. E assim responde:“Eu comi deles; enganou-me a serpe.”
Adão no seu lamento por ter perdido o Paraíso, defende-se lamurioso:
...Deus Criador, pedi-te porventuraQue do meu barro me fizesses homem?Pedi-te que das trevas me tirasses,Ou me pusesses em jardim tão belo?Como não concorreu minha vontadeDe modo algum para a existência minha,De mais razão, de mais justiça foraQue em meu antigo pó me convertesses...Eu, que desejo resignar de todoQuanto me hás dado, porque sou inábilPara a tão árduas condições cingir-me,Pelas quais obrigado eu conservavaUm bem que nunca procurado havia.
Canto XI - Após comerem do fruto proibido, Adão e Eva perderam o Paraíso. O Filho do Homem intercedeu por eles junto a Deus, que aceita os argumentos mas diz que eles não podem mais habitar o Paraíso. Manda, então o Arcanjo Miguel expulsá-los.
Canto XI“Em pró do homem consegues, Filho amado,Teu rogo: dele faço um meu decreto,Mas no Éden habitar não mais lhe cumpre:A lei, que dei à Natureza, lho obsta.Do celeste jardim os elementosQue, puros e imortais, em si não sofremPorções grosseiras, sórdidas misturas,Rejeitam-no, de si agora o lançamPropínquo a podridão inevitávelQue da Fúria-Pecado recebera,Monstro que empesta e desordena tudoE que a pureza em corrupção transforma.Quando eu o homem criei, também me aprouveCom dois supremos dons enriquecê-lo:Dei-lhe feliz ventura e eterna vida.Perdeu, porque foi louco, o dom primeiro:Envolto na aflição de mal eterno,Pena atroz lhe ficara o dom segundo;Para o salvar dispus-lhe o bem da morte:A morte é do homem o final remédio.Em cruéis tribulações acrisoladoE por obras que a fé lhe indique puras,Acordará para segunda vidaLá no tempo em que os justos renascerem,E se erguerá da dita ao grau excelso,
Canto XII - Miguel conta para Adão e Eva o que vai suceder nos anos seguintes , fala de Abrão e do Dilúvio e de Noé.
Canto XII
Há de Abraão chamar-se em próprio tempoO abendiçoado patriarca: um filhoDeixará, — e por ele um neto ilustre,Igual do avô na fé, na ciência e fama.Com doze filhos o ditoso netoParte de Canaã, entra no Egito:Olha o Nilo que o rega e donde corre;Lá deságua no mar por bocas sete.A vir morar ali foi convidadoPor um dos filhos em faminto tempo, —Filho, cujas ações no egípcio Império
John Milton conta a História do Gênesis, da Guerra entre Anjos e Demônios e como o Homem perdeu o Paraíso. É um poema sobre a criação e obra de Deus, mas que mesmo escrito por um seguidor convicto da palavra de Deus e protestante, contrário à Igreja Católica, nos mostra o lado Humano ante ao Divino.A edição que li conta com a tradução de Antônio José de Lima Leitão, por ser antiga usa um português arcaico.
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