quinta-feira, 22 de outubro de 2020






Vamos falar do Poema "Lost Paradise", "Paraíso Perdido" do poeta inglês do século XVII , John Milton.





John Milton nasceu em Londres em 1608. De 1620 a 1625, freqüentou a Saint Paul’s School, depois o Christ’s College de Cambridge, laureando-se em 1632.

Entre 1638 e 1639, viajou pela Itália, França e Suíça. Voltou à Inglaterra frente à ameaça da guerra civil.

Dedicou-se ao ensino. Em 1642, aos 34 anos, casou-se com Mary Powell, de 17 anos. Ela o abandonou em um mês, retornando dois anos depois. Após a morte da esposa, com 27 anos, em 1652, Milton voltou a contrair núpcias duas outras vezes. Destas uniões nasceram 7 filhos. Apesar de tudo (ou por isso mesmo) o poeta inglês tornou-se um convicto defensor do divórcio, chegando a escrever uma apologia a ele em 1643.


John Milton e Oliver Cromwell

Era um republicano convicto e crítico da monarquia, durante o curto e único período em que a Inglaterra foi uma República de 1649 a 1660, depois do julgamento e da execução do rei Carlos I.
Foi aliado de Cromwell, autodenominado Lord Protetor, atuando como Ministro.

Depois da restauração da monarquia, John Milton completamente cego publica o Livro "O Paraíso Perdido" uma luta entre Deus e Satanás.

Canto I

Confiado num exército tamanho,
Aspirando no Empíreo a ter assento
De seus iguais acima, destinara
Ombrear com Deus, se Deus se lhe opusesse,
E com tal ambição, com tal insânia,
Do Onipotente contra o Império e trono
Fez audaz e ímpio guerra, deu batalhas.
Mas da altura da abóbada celeste
Deus, coa mão cheia de fulmíneos dardos,
O arrojou de cabeça ao fundo Abismo,
Mar lúgubre de ruínas insondável,
A fim que atormentado ali vivesse
Com grilhões de diamante e intenso fogo
O que ousou desafiar em campo o Eterno.

Nos versos acima está descrito o motivo de Satanás ter sido expulso do Paraíso: Ele tentou se ombrear a Deus. Era uma época de Monarcas absolutos que tinham o total domínio sobre seus súditos. No reino de Deus, só ele poderia reinar.

Para se vingar de Deus, Satanás, na forma de serpente induz Adão e Eva a comerem da árvore do conhecimento do Bem e Mal.

Canto I


O Dragão infernal. Com torpe engano,
Por inveja e vinganças instigado,
Ele iludiu a mãe da humana prole,
Lá depois que seu ímpeto soberbo
O expulsara dos Céus coa imensa turba
Dos rebelados anjos, seus consócios

Adão e Eva são expulsos do Paraíso




Gênesis 3:5
5"Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal".




"To reign is he worth ambition; though in Hell
Better to reign in Hell; than serv in Heaven"


"Reinar é o alvo da ambição mais nobre,
Inda que seja no profundo Inferno:
Reinar no Inferno preferir nos cumpre
À vileza de ser no Céu escravos."

 

A frase acima é uma das mais conhecidas do poema e popularmente é dita: "Preferível reinar no Inferno que servir no Céu."




O Canto II começa com o Conselho no Pandemônio, morada atual dos demônios, onde os anjos caídos resolvem qual será o próximo passo da luta. Satanás resolve vir ao novo mundo criado por Deus, a Terra, uma vez que a luta contra o Céu seria impraticável e levaria à derrota certa.

Canto II
"Não julgo para nós o Céu perdido,
Virtudes celestiais que se alevantam
De queda tão tremenda mais gloriosas,
Mais fortes, mais terríveis que antes dela,
Não mais têm que tremer de outra derrota
Confiando em sua inata valentia.
Eu que por fixas leis, justiça eterna,
O vosso chefe sou dês que existimos,
Também me honro do jus a tal grandeza"


 

No Canto III, Deus vê Satã partindo para o mundo que ele criou e diz ao seu Filho, sentado à direita de seu trono que Satã iria tentar perverter o Homem.




Canto III

"Vendo-o Deus de seu trono sublimado,
Donde co’os olhos imortais alcança
O que é, foi e será, tudo num tempo,
Assim presciente diz ao Filho amado:

“Unigênito meu, olha em que fúria
Nosso inimigo férvido se exalta:
Nada o pôde suster, nem muros do Orco,
Nem todas as cadeias com que o cinjo,
Nem do atro Abismo a vastidão enorme.
Desesperado arroja-se à vingança,
Insano! sem prever que ela redunda
Sobre sua danada rebeldia."


No Canto IV - Satã chega no Paraíso e contempla maravilhado a Criação de Deus, depois vê Adão e Eva, e ouve suas confabulações sobre a proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento.

Canto IV



Porém Satã, ardendo em fúrias todo,
Ei-lo ali já, que vem traidor vingar-se
Da primeira batalha haver perdido
E de arrojado ser nas flamas do Orco!

Ao frágil homem, inocente ainda,
Assesta o seu furor; agora o tenta,
E no tempo futuro há de acusá-lo.
Ostentando-se impávido e valente,
Posto que era sem base essa jactância,
Exultar do sucesso não se anima;






Canto V - Satã aparece em sonhos para Eva e a faz ver as delícias do fruto da árvore do Conhecimento. Ao acordar ela conta o sonho para Adão. Deus então manda um mensageiro para alertar Adão.


Canto V

Justo é que assim a ciência se despreze?
“Qual dos dois, ou inveja ou despotismo,
“Nos proíbe gozar tua doçura?
“Proíba quem quiser!... ninguém consegue
“Dos mimos teus, que pródiga me ofertas,
“Invejoso privar-me dora em diante:
“Por que motivo aqui se me apresentam?”
Disse; e com mão audaz e insano arrojo
Apanha e come o proibido fruto.


Canto VI - O arcanjo Rafael continua a relatar para Adão sobre as batalhas em que os Arcanjos, Miguel e Gabriel derrotaram as forças do mal e o perigo que Adão e Eva correm com a proximidade de Satã. Arcanjos na denominação do Paraíso são os anjos principais, guerreiros, que determinam as funções que os outros anjos devem se ocupar. Já Serafins estão na mais alta esfera do Paraíso, ao lado de Deus. Eles transmitem o  Amor de Deus aos homens. Os Querubins são destinados a enviar as mensagens e o conhecimento e sabedoria. Os Anjos são os mais próximos da Humanidade e transmitem as mensagens do Céu para Terra.



Desce Satã do sublimado sólio;
E, com passo avançando altivo e vasto,
Todo fulgindo de brilhantes e ouro,
Nos mais altos projetos engolfado,
Vai logo pôr-se à frente das colunas
Onde mais p’rigos proporciona a guerra.
Abdiel, que das ações as mais ilustres
Sempre se adorna e que de heróis se cerca,
Encara-o, — e, cheio de insofrida fúria,
Ideias tais no coração rumina:


No Canto VII , a pedido de Adão, Rafael conta como Deus formou esse Paraíso depois da expulsão de Satanás e seus seguidores do Céu para o Inferno. 



Canto VII

Atento ouviu Adão, tendo Eva ao lado,

"A história que, de Deus perto do trono,
Do Empíreo nas pacíficas moradas,
Lhe traçou com atônita surpresa
Discórdias, confusões, guerras, estragos.

À primeira impressão de tais sucessos,
Dúbio de Adão o entendimento nuta;
Mas logo refletiu que, não podendo
Ao bem unir-se o mal, força é que volte
Para os perversos em que teve origem,
Como um rio que às fontes regressasse.
Assim todas as dúvidas repele.

Mas saber tenta com desejo inócuo
Como, por que, de que, por quem e quando,
Tenha sido criado este Universo"


No Canto VIII - Adão pergunta para Rafael sobre as movimentações dos corpos celestes, e Rafael o admoesta dizendo para que se preocupe somente com as coisas que lhes dê mais proveito. Mais uma vez o conhecimento é negado ao Homem. Até hoje a ignorância é usada como uma forma de dominação e controle



Canto VIII


Contente-se o homem de saber que mora
Em uma habitação que não é sua:
Tão grandes paços ocupar não pode;
Só pequena porção habita deles:
O uso do resto, só o Eterno o sabe.
De sua onipotência tu deriva
A rapidez inúmera dos astros...
Ele que dota as corporais substâncias
De quase espiritual velocidade —


 

Canto IX - Satã que havia sido rechaçado na primeira investida no Paraíso, volta agora em forma de névoa , e mete-se dentro da serpente dormida. 


Canto IX



"Com o rio Satã se afunda e se ergue
Envolto em névoa aquosa, e logo encontra
Um sítio próprio que o tivesse oculto.

Havia ele indagado o mar e a terra
Desde o Éden té do Obi além das fozes
Passando o Euxino e a Meótide lagoa;
Dali foi-se do Antártico aos limites;
E enfim no rumo do Oeste o vôo arranca
Do Oronte até Dárien que tranca os mares;
De lá para as correntes do Indo e Ganges.

Nesta viagem pelo orbe instou atento
Em conhecer, com perspicácia fina,
Uma por uma as criaturas todas
A ver qual a seus fins era mais apta;
E escolheu entre todas a serpente,
O animal mais sutil que habita os campos."

No Canto X, Deus questiona Adão do motivo da desobediência:


Adão responde:
“Céus! em que aperto aterrador me imerge
Defronte do meu juiz o dia de hoje!
Ou hei de eu só da culpa o inteiro peso
Carregar sobre mim, — ou hei de a culpa
Também fazer pesar sobre outro eu mesmo,
Que vive desta vida de que eu vivo
E cuja falta, enquanto na pureza
Tão caro objeto para mim brilhasse,
Eu ocultar devia, não o expondo
Por queixas minhas a censura austera.
Mas agra força, precisão invicta,
Me levam violentado, porque temo
Sobre minha cabeça despedidas
Culpa e pena, cada uma em peso toda,
Cada uma de per si insuportável.
E... inda eu guardando pertinaz segredo,
Tu podes descobrir quanto eu oculte.
Esta mulher que para meu auxílio
Fizeste, — e, como dádiva perfeita,
Ma concedeste tão formosa e boa,
Tão amável, tão própria, tão divina,
De cuja mão nem mesmo eu suspeitava
O mal mais leve, e cujas obras todas
(Fossem em si quais fossem) eu supunha
Justificadas porque dela vinham, —
Esta mulher os proibidos frutos
Trouxe e deu-mos; comi também eu deles.”



Tendo falado assim, a Eva pergunta:
“Dize, mulher, o que fizeste?” — Eis ela,
Quase de todo opressa de vergonha,
Não tarda em confessar, tímida e breve
Diante do seu juiz. E assim responde:
“Eu comi deles; enganou-me a serpe.”


Adão no seu lamento por ter perdido o Paraíso, defende-se lamurioso:




“Depois de tão feliz... que penas curto!
Deste Mundo glorioso, apenas feito,
Eis o fim! E eu, que há pouco me contava
A glória desta glória, estou maldito...
De bem-aventurado que antes era!
Da presença de Deus vou ocultar-me:
Dantes todo o meu bem achava nela!...
Se o mal, que sofro, ali se limitasse,
Não fora o pior; merece-o minha culpa,
E eu os efeitos dela suportara:
Mas tal resignação nada aproveita;
Hoje e sempre o que bebo, ou como, ou gero,
É tudo maldição que se transmite.
— “Crescei, multiplicai” — Ó voz que outrora
Tão deliciosamente eras ouvida...

...Deus Criador, pedi-te porventura
Que do meu barro me fizesses homem?
Pedi-te que das trevas me tirasses,
Ou me pusesses em jardim tão belo?
Como não concorreu minha vontade
De modo algum para a existência minha,
De mais razão, de mais justiça fora
Que em meu antigo pó me convertesses...
Eu, que desejo resignar de todo
Quanto me hás dado, porque sou inábil
Para a tão árduas condições cingir-me,
Pelas quais obrigado eu conservava
Um bem que nunca procurado havia.


 

Canto XI - Após comerem do fruto proibido, Adão e Eva perderam o Paraíso. O Filho do Homem intercedeu por eles junto a Deus, que aceita os argumentos mas diz que eles não podem mais habitar o Paraíso. Manda, então o Arcanjo Miguel expulsá-los.




Canto XI 

“Em pró do homem consegues, Filho amado,
Teu rogo: dele faço um meu decreto,
Mas no Éden habitar não mais lhe cumpre:
A lei, que dei à Natureza, lho obsta.
Do celeste jardim os elementos
Que, puros e imortais, em si não sofrem
Porções grosseiras, sórdidas misturas,
Rejeitam-no, de si agora o lançam
Propínquo a podridão inevitável
Que da Fúria-Pecado recebera,
Monstro que empesta e desordena tudo
E que a pureza em corrupção transforma.
Quando eu o homem criei, também me aprouve
Com dois supremos dons enriquecê-lo:
Dei-lhe feliz ventura e eterna vida.
Perdeu, porque foi louco, o dom primeiro:
Envolto na aflição de mal eterno,
Pena atroz lhe ficara o dom segundo;
Para o salvar dispus-lhe o bem da morte:
A morte é do homem o final remédio.
Em cruéis tribulações acrisolado
E por obras que a fé lhe indique puras,
Acordará para segunda vida
Lá no tempo em que os justos renascerem,
E se erguerá da dita ao grau excelso,




Canto XII - Miguel conta para Adão e Eva o que vai suceder nos anos seguintes , fala de Abrão e do Dilúvio e de Noé.


Canto XII


Há de Abraão chamar-se em próprio tempo
O abendiçoado patriarca: um filho
Deixará, — e por ele um neto ilustre,
Igual do avô na fé, na ciência e fama.
Com doze filhos o ditoso neto
Parte de Canaã, entra no Egito:
Olha o Nilo que o rega e donde corre;
Lá deságua no mar por bocas sete.
A vir morar ali foi convidado
Por um dos filhos em faminto tempo, —
Filho, cujas ações no egípcio Império


John Milton conta a História do Gênesis, da Guerra entre Anjos e Demônios e como o Homem perdeu o Paraíso. É um poema sobre a criação e obra de Deus, mas que mesmo escrito por um seguidor convicto da palavra de Deus e protestante, contrário à Igreja Católica, nos mostra o lado Humano ante ao Divino.

A edição que li conta com a tradução de Antônio José de Lima Leitão, por ser antiga usa um português arcaico.




Fontes:
ebooksbrasil.org
bibliaon.com
ebiografia.com
rosacruz.blog.wordpress.com
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wattpad.com
wikipedia.org
mariafernandes.com.br




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