Stanislaw Ponte Preta
No dia 30 de setembro de 1968 morria, no Rio de Janeiro, Sérgio Marcus Rangel Porto, escritor, radialista e compositor, mais conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Com uma intensa jornada de trabalho, ele escrevia para o rádio, TV, revistas e jornais, além de se dedicar aos próprios livros. Por conta da rotina puxada, ele, que era cardíaco, morreu de ataque do coração aos 45 anos.
Nascido no dia 11 de janeiro de 1923 na capital fluminense, Sérgio Porto ganhou fama por seu senso de humor refinado e pela crítica aos costumes nos livros "Tia Zulmira e Eu" e o Febeapá - Festival de Besteiras que Assola o País, uma de suas maiores criações. Ele ainda compôs a música "Samba do Crioulo Doido" e foi o criador e produtor do concurso de beleza "As Certinhas do Lalau". Boêmio e com admirável senso de humor, em sua memória um grupo de jornalistas e intelectuais fundou o semanário "O Pasquim", em 1969.
“É difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a assolar o País. Pouco depois da “redentora”, cocorocas de diversas classes sociais e algumas autoridades que geralmente se dizem “otoridades”, sentindo a oportunidade de aparecer, já que a “redentora*”, entre outras coisas, incentivou a política do dedurismo (corruptela do dedo-durismo, isto é, a arte de apontar com o dedo um colega, um vizinho, o próximo enfim, como corrupto ou subversivo – alguns apontavam dois dedos duros, para ambas as coisas), iniciaram essa feia prática, advindo daí cada besteira que eu vou te contar” (Febeapá 1, p.5) - (redentora*- ditadura militar)
Num primeiro momento, após o golpe de 1964, o presidente escolhido de forma indireta pelo Congresso Nacional, general Humberto Castelo Branco, prometia fazer do país uma democracia mas, aos poucos, tomou medidas que mergulharam a nação em plena ditadura: perseguiu a pessoas por suas ideologias, extinguiu os partidos políticos e criou o Serviço Nacional de Inteligência para vigiar os cidadãos, entre outras medidas similares.
Para conseguir estes objetivos, o novo regime colocou pessoas incompetentes em diversos cargos, qualquer semelhança co o momento atual não é mera coincidência, todas procurando agradar o governo e, assim, cometendo aquilo que o jornalista Sérgio Porto viria a chamar de "festival de besteira".
Nessa época, ele e outros tantos jornalistas contrários ao regime se reuniam na redação do Última Hora, no Rio de Janeiro, onde recebiam cartas e notícias que alimentaram as suas crônicas que, sob o heterônimo de Stanislaw Ponte Preta, demonstrava os erros do poder de forma irônica, especialmente contra Lacerda que era governador do então Estado da Guanabara.
Zulmira Ponte Preta nasceu no Rio de Janeiro, foi cozinheira da Coluna Prestes, paquera de Charles Darwin e colega de Albert Einstein. Não satisfeito em inventar para si mesmo um alter-ego, Sérgio Porto imaginou para ele toda uma família, o hilariante clã dos Ponte Preta, e criou uma das mais bem sucedidas brincadeiras entre criador e criatura da literatura brasileira. Tia Zulmira e eu é a seqüência da publicação da obra integral de Stanislaw Ponte Preta.
Em 1951 começou a usar o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta no Diário Carioca, tendo como inspiração um famoso personagem satírico de Oswald de Andrade, o Serafim Ponte Grande. Fez críticas teatrais e crônicas sociais, depois dedicou-se somente à crônica da vida artística. Sérgio casou-se com Dirce Pimentel de Araújo e com ela teve três filhas, lhes deram os nomes de Gisela, Ângela e Solange.
Frases de Stanislaw Ponte Preta
“O sol nasce para todos. A sombra para quem é mais esperto”
“Se mosquito fosse malandro, mordia antes e zunia depois”
Tirando a própria mulher, a gente deve recomendar tudo aquilo que experimentou e gostou
“Mais inútil do que um vice-presidente”
“Basta ler meia página do livro de certos escritores, para perceber que eles estão despontando para o anonimato”
“O mal do Brasil é ter sido descoberto por estrangeiros” (Deputado Índio do Brasil, Assembleia do Rio)”.
No ano de 1968, Stanislaw escreveu seu último livro, e neste mesmo ano foi vítima de um envenenamento em seu café, no intervalo de um dos shows que havia criado. Logo após este incidente, teve seu terceiro enfarte.
Fontes:
seuhistory.com
wikipedia.org
google.com
skoob.com.br
infoescola.com
zonacurva.com.br