Costuma-se atribuir a culpa pelas barbaridades dos governos, suas políticas públicas insuficientes, e suas mazelas aos políticos de uma maneira em geral, como se houvesse uma maneira de se governar sem políticos.
A política está presente em todos os nossos atos, desde que nascemos. O próprio choro de um bebe é um ato político, que demonstra a insatisfação dele com alguma coisa.
Quando você negocia com seu chefe, uma licença ou um aumento de salário, com um parceiro para namorar, ou com os pais para emprestarem o carro, tudo isso é um ato político.
Então você pode recriminar um mau político, não a política de uma maneira geral.
Mesmo o mau político foi colocado no cargo por alguns eleitores.
É uma pergunta recorrente de como o sociedade alemã foi tão alienada pelos crimes do nazismo.
Como uma sociedade tão sofisticada quanto a alemã foi capaz de dar suporte às barbaridades cometidas pelo regime nazista? Não é possível isentar o povo de responsabilidade, alegando que ninguém sabia o que estava acontecendo. A maioria sabia, sim, e provas disso não faltam. Por exemplo: a inauguração de Dachau, primeiro campo de concentração construído pelos nazistas, foi anunciada em 1933 numa entrevista coletiva. Ou seja: não dá para dizer que o regime ocultava os fatos e tentava manter a sociedade alheia aos crimes que estavam sendo cometidos.
“Só no estado de Hessen, havia mais de 600 campos, média de um a cada 15 quilômetros quadrados”, diz o cientista político americano Daniel J. Goldhagen, autor do livro Os Carrascos Voluntários de Hitler. “E Berlim, a capital do Reich, tinha 645 campos dedicados exclusivamente aos trabalhos forçados.” Uma rede dessa magnitude não existiria sem a conivência da sociedade – do burocrata que carimbava sentenças de morte ao maquinista do trem que transportava prisioneiros ou à manicure que delatava clientes “suspeitos” à Gestapo – a polícia secreta do Reich.
Uma reportagem do site da revista Superinteressante elenca 7 motivos que podem ter levado a população alemã a esse erro:
1. Tratado de Versalhes
O acordo de paz que encerrou oficialmente a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) forçou a Alemanha a assumir todos os custos do conflito. Ao assiná-lo, em 1919, o país perdeu 13% de seu território, 75% de suas reservas de ferro e 26% das de carvão, além de todas as colônias. Os alemães não esperavam um acordo tão rigoroso e se sentiram humilhado.
2. Sentimento nacional
Desde o século 19, sucessivos líderes alemães haviam insuflado um ardente nacionalismo entre o povo. O primeiro deles foi o chanceler prussiano Otto von Bismarck, que inventou a identidade germânica, unificou a Alemanha e fundou o 2º Reich.
Adolf Hitler seguiu sua cartilha, convencendo a massa de que a Alemanha era ameaçada por inimigos internacionais poderosos. “O Führer evocava a figura mística de Frederico Barbarossa, líder do Sacro Império Romano-Germânico [o 1° Reich]”, diz a historiadora alemã Marlis Steinert, biógrafa de Hitler. “Ele queria expandir o território e prometia que o 3º Reich traria de volta o passado de grande potência.”
3. Aversão à democracia e à política
O povo alemão nunca engoliu a República de Weimar (1919-1933), regime democrático que substituiu o império após a 1ª Guerra. Logo de cara, seus representantes foram responsabilizados pelas condições humilhantes impostas à Alemanha no Tratado de Versalhes. O Partido Social-Democrata tentou sustentar a democracia, mas não tinha apoio. “Todas as outras forças políticas eram favoráveis a um Estado autoritário”, diz Steinert.
4. Política econômica
As reparações impostas pelo Tratado de Versalhes e a Grande Depressão criaram um cenário explosivo na Alemanha. O índice de desemprego chegava a quase 30%. Hitler viu nessa situação uma oportunidade. Assim que chegou ao poder, em 1933, adotou uma política de incentivo à indústria baseada na produção de bens de consumo e na melhoria do padrão de vida das classes mais baixas.
5. Carisma de Hitler
O nazismo nunca teria chegado tão longe sem a liderança carismática de Hitler, um sujeito que hipnotizava multidões em seus comícios e tinha um poder de convencimento difícil de ser igualado. “No palanque, ele encarnava o mito do ‘corpo’ da Alemanha, cujo sistema circulatório era a massa que o aplaudia com devoção”, filosofa o cineasta sueco Peter Cohen no documentário Arquitetura da Destruição.
6. Terror
O medo dos órgãos de repressão ajuda a compreender o silêncio da sociedade alemã diante das atrocidades cometidas pelo regime nazista. Mas o clima de terror nem sempre foi generalizado. No início, a maioria dos cidadãos não se sentia ameaçada e até colaborava com a perseguição a judeus e comunistas. “A Gestapo não seria tão eficiente sem a ajuda de cidadãos comuns”, diz o historiador Eric A. Johnson, autor de Nazi Terror (“Terror Nazista”, sem tradução para o português). “Entre 1933 e 1939, 41% dos processos contra judeus na cidade de Krefeld foram iniciados por denúncias de civis.
7. Racismo
Hitler se valeu de um antissemitismo arraigado havia séculos na Europa. A cristandade medieval tinha alentado o mito de que judeus eram aliados do diabo, não tinham pátria e queriam dominar do mundo. Mas essa discriminação foi adaptada aos propósitos do Führer durante a vigência do regime nazista: deixou de ter base religiosa para assumir um caráter racial. Assim, a natureza “degradante” dos judeus passava a ser entendida como imutável, não adiantava tentar convertê-los.
Como a História sempre se repete hoje vivemos momentos parecidos em nosso país, com "salvadores da pátria" e falsos líderes. Temos que preservar a democracia e a informação como únicas armas para combater o fascismo e o autoritarismo.
Fontes:
super.abril.com.br/historia
google.com
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