Literatura infantil no Brasil
O primeiros livros destinados ao público infantil foram escritos no final do século XVII e meados do século XVIII, com intuito educativo e moralizador. Foi assim com as histórias contadas por Charles Perrault para Luís XIV, na França no século XVII. Do mesmo modo, foi com as histórias dos irmãos Grimm, uma readequação dos contos de fadas. Antes desse período não se escrevia para as crianças.
Segundo Maria Antonieta Antunes Cunha: A história da literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança pelo que deveria passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta (1999,p22) Anteriormente, a criança participava da vida social do adulto, como também de sua literatura. Existia uma divisão nas classes sociais. Enquanto a criança da nobreza lia grandes clássicos, as outras crianças de classes inferiores liam e ouviam historias de aventura. “No Brasil, a literatura infantil tem início com obras pedagógicas e, sobretudo adaptações de obras de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das colônias”. (Cunha, 1999).
Os primeiros exemplares de livros infantis editados no Brasil datam do início do século XIX. Com a implantação oficial da Imprensa Régia, em 1808, tem início a atividade editorial e, desse modo, surgem as primeiras publicações destinadas ao público infantil, que consistiam principalmente em traduções de livros europeus.
Ainda no século XIX, é publicado o livro Contos infantis (1886), de Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira. Abrindo o século XX, Olavo Bilac e Coelho Neto editam seus Contos pátrios (1904) e Tales de Andrade, com o romance Saudade (1919), encerra o primeiro período da literatura infantil brasileira.
Ainda segundo autora Maria Antonieta, no Brasil foi Monteiro Lobato quem abriu as portas da verdadeira literatura infantil. O escritor de Taubaté foi o autor que criou obras destinadas às crianças em um tempo e espaço determinado. Retratou o Brasil de sua época, o sistema social vigente, seus valores, comportamentos, organização política e funções e rompeu com um tipo de literatura ideológica até então consumida pelas crianças brasileiras, em sua minoria, visto que a maioria estava privada do acesso aos livros.
A carreira do autor inicia-se em 1921, com a publicação de Narizinho Arrebitado, e prossegue até 1944, com o lançamento de "Os doze trabalhos de Hércules. As inovações de sua obra abrem as portas de uma nova era na literatura infantil brasileira, com orientação marcadamente pós-modernista.
A partir dos anos 60, com a multiplicação de programas e instituições de fomento, aliada a uma ampliação dos investimentos da iniciativa privada, observa-se um aumento expressivo na quantidade de livros infantis. O fruto desse contexto favorável foi o desenvolvimento de um comércio especializado e a migração de escritores consagrados que começam a se dedicar a esse campo, tais como Clarice Lispector, Vinícius de Moraes e Cecília Meireles.
História meio ao contrário
Ana Maria Machado
Seguindo outra linha, alguns autores dedicaram-se a recriar humoristicamente os antigos temas, como no caso de Ana Maria Machado, em História meio ao contrário, que apresenta a proposta de um conto de fadas invertido, onde o príncipe se casa com a pastora e a princesa vai cuidar de sua vida.
Em terreno mais comercial, a expansão do mercado favorece alguns gêneros como a ficção científica e o mistério policial. Nessa linha, destacam-se O gênio do crime (1973), de João Carlos Marinho, e "O fantástico homem do metrô" (1979), de Stella Carr.
Em outro polo, a poesia para crianças também apresenta um desenvolvimento considerável nesse período, por meio de obras como Ou isto ou aquilo (1964), de Cecília Meireles, Pé de pilão (1968), de Mário Quintana, e A arca de Noé (1974), de Vinícius de Moraes.
A partir do início dos anos 80, observamos o surgimento de uma etapa com ênfase no projeto gráfico, que passou de simples complemento dos textos à condição de agente autônomo e autossuficiente. Essa tendência atingiu o seu ápice com o lançamento de "O menino maluquinho" (1980), de Ziraldo, sucesso absoluto de público e crítica, que encabeça uma lista de livros que têm os aspectos visuais como centro e não mais como ilustração e reforço de significados confiados à linguagem verbal, assim como "Marcelo, marmelo, martelo" de Ruth Rocha.
Ziraldo
Ruth Rocha
No final dos anos 70 e inicio dos anos 80 a Professora Doutora Nelly Novaes Coelho criou o curso de Literatura infanto-juvenil na Faculdade de Letras USP.
Nelly Novaes Coelho
Tive o privilégio de ser seu aluno no Curso de Literatura Portuguesa na mesma faculdade.
Fontes:
infoescola.com
fapb.edu.br
google.com.br
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