Hoje vamos falar do romance do escritor Cyro dos Anjos, o Amanuense Belmiro.
O livro foi publicado em 1937 e narra o cotidiano burocrático de um amanuense ( copista, àquele que escreve os textos à mão), que costumeiramente anota em seu diário os acontecimentos de sua vida cotidiana.
O Amanuense Belmiro é narrado em primeira pessoa por Belmiro Borba, personagem central, homem tímido e sonhador, ao mesmo tempo dotado de grande capacidade de observar a si e aos outros. Solteirão e empregado de repartição pública, em que era amanuense (encarregado geralmente de fazer cópias e/ou ofícios), vive em Belo Horizonte com duas irmãs mais velhas. Em uma noite de carnaval contempla uma jovem desconhecida, identificada posteriormente como Carmélia, por quem se apaixona, mas mantém-se distante, nunca revelando seus sentimentos. Paralelamente, vai sequenciando uma série de meditações que surgem a partir de conversas com um grupo de amigos (Jandira, Silviano, Redelvim, Florêncio, Glicério). Ao mesmo tempo relembra a infância, fazendo coincidir a amada Carmélia, que ele chama de donzela Arabela, com uma antiga namoradinha. Em tudo, Belmiro refugia-se nos sonhos, nas ilusões, raramente enfrenta a realidade, é incapaz de ações incisivas. O mundo pequeno desse homem é revelado gradativamente, por meio de uma espécie de diário, em que procuraria registrar cenas do cotidiano e reflexões e recordações.
Cyro dos Anjos
Desfila por esse diário uma fauna de personagens, amigos do amanuense: a “desejável” (que hoje chamaríamos de “boazuda” — “como a saúde de Jandira convida a um higiênico idílio rural”) Jandira, o anarquista Redelvim (“um anarquismo lírico, que não dá para atirar bombas nem praticar atentados”), que o autor conheceu numa república de estudantes, o filósofo Silviano defensor da conduta católica (“fugir da vida no que ela tem de excitante”), o jovem colega de repartição Glicério “que é novo na vida e na burocracia”, o tranquilo Florêncio, “homem sem abismos”, “homem sem história” sempre provido das melhores e mais recentes anedotas, etc.
O autor às vezes coloca em dúvida a utilidade de seu diário (“Se, acaso, publicar um dia este caderno de confidências íntimas, perdoem-me os leitores as anotações de caráter muito pessoal, que forem encontrando e que certamente não lhes interessarão.”), outras vezes o justifica (“Por que um livro?”, foi a pergunta que me fez Jandira, a quem, há tempos, comuniquei esse propósito. “Já não há tantos? Por que você quer escrever um livro, seu Belmiro?” Respondi-lhe que perguntasse a uma gestante por que razão iria dar à luz um mortal, havendo tantos.”)
A certa altura o autor (o livro é narrado em primeira pessoa) viaja ao Rio de Janeiro sob pretexto de uma missão profissional qualquer, mas na verdade para ver o embarque da amada platônica recém-casada para a lua-de-mel na Europa.
Fontes:
wikipedia.org
vestibular.uol.com.br
google.com
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