quarta-feira, 15 de abril de 2020

Morreu aos 94 anos o escritor brasileiro Rubens Fonseca.


Aos 94 anos, morre Rubem Fonseca | Lauro Jardim - O Globo



Rubem Fonseca, um dos mais aclamados escritores do Brasil, morreu nesta quarta-feira, 15. Ele sofreu um infarto em seu apartamento, no Leblon. Foi levado ao hospital, mas não resistiu. Fonseca completaria 95 anos no próximo mês.

Autor de livros como Feliz Ano Novo (1975) e Agosto (1990), o cronista de Juiz de Fora, Minas Gerais, deixou uma ampla obra que retratou o melhor e o pior do país – um estilo cru e telegráfico que chegou a ser apelidado de “realismo feroz”. Formado em direito, trabalhou como policial nos anos 1950 e passou a se aventurar na literatura na década seguinte, acompanhando uma renovação da literatura nacional, aliado à sua experiência com o cotidiano das ruas e do crime.

Seus primeiros escritos são contos sociais, produção marcada por Os Prisioneiros (1963) e A Coleira do Cão (1965). O primeiro romance veio em 1973, O Caso Morel, e o segundo, A Grande Arte (1983), lhe rendeu o prêmio Jabuti. Além da produção literária, Fonseca também assinou roteiros adaptados de suas obras. Pelo filme Stelinha (1990), recebeu o Kikito de Ouro no Festival de Gramado. As histórias de seu personagem mais conhecido, o detetive Mandrake, foram transformadas em série pela HBO, exibida entre 2005 e 2007.

Homenagem a Rubem Fonseca - Bloco 2 - YouTube

Rubem Fonseca inaugurou uma nova corrente na literatura brasileira contemporânea que ficou conhecida, em 1975 através de Alfredo Bosi, como brutalista. Em seus contos e romances utiliza-se de uma maneira de narrar na qual destacam-se personagens que são ao mesmo tempo narradores. Várias das suas histórias (em especial, os romances) são apresentadas sob a estrutura de uma narrativa policial com fortes elementos de oralidade. O fato de ter atuado como advogado, aprendido medicina legal, bem como ter sido comissário de polícia, nos anos 50 no subúrbio do Rio de Janeiro teria contribuído para o escritor compor histórias do submundo dentro dessa linguagem direta. Muito provavelmente devido a isso, vários dos personagens principais em sua obra são (ou foram) delegados, inspetores, detetives particulares, advogados criminalistas, ou, ainda, escritores.

Além do tom nitidamente policialesco, em que há geralmente um crime ou um mistério a ser desvendado, sua obra pode ser vista como uma paródia do gênero policial tradicional, visto que os crimes atuam apenas como um disfarce de suas críticas a uma sociedade opressora do indivíduo. No gênero policial tradicional o mistério funciona como uma casca que encerra um caroço; ali a “morte não é nada. O assassinato não é nada. O que transtorna é a selvageria do crime, porque ela parece inexplicável” (BOILEAU e NARCEJAC, 1991: 11). A Rubem Fonseca – mais do que simplesmente deslindar o ato criminoso – interessa registrar o cotidiano terrível das grandes cidades e, simultaneamente, por a nu os dramas humanos desencadeados pelas ações transgressoras da ordem.


Três livros de Rubem Fonseca | Fabricio Muller


Persistem, apesar disso, algumas semelhanças entre literaturas como a de Sir Arthur Conan Doyle (criador de Sherlock Holmes), que se insere nos parâmetros tradicionais do gênero, e a de Rubem Fonseca. Em ambos os autores, o enigma inicial fica por conta de um crime brutal (geralmente um homicídio) que gera toda uma atmosfera de mistério e tensão no romance e fará com que o leitor não desgrude os olhos de suas páginas antes do desenlace. Ainda podemos notar semelhança na maneira como se iniciam as investigações, isto é, o primeiro passo seja do investigador genial (Sherlock Holmes) ou do investigador comum (Mandrake, Guedes, Mattos, etc.), que será a visita ao local do crime em busca dos primeiros indícios que nortearão o processo investigativo. Além disso, encontramos outros exemplos quase irrelevantes do ponto de vista da comparação que estamos estabelecendo, mas que sugerem alguma semelhança, como a relação entre Mandrake e Wexler, em A grande arte (1983), e Sherlock e Watson como companheiros para solucionar crimes.




Fontes:
google.com.br
veja.abril.com.br
unicamp.br

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