sábado, 18 de abril de 2020

Cleonice Seroa da Mota Berardinelli (em grafia antiga Cleonice Serôa da Motta Berardinelli)  (Rio de Janeiro, 28 de agosto de 1916) é uma professora  universitária brasileira, especialista em literatura portuguesa.








Sexta ocupante da cadeira nº 8, eleita em 16 de dezembro de 2009, na sucessão de Antônio Olinto, foi recebida em 5 de abril de 2010, pelo Acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco (Afonso Filho).

Cleonice Serôa da Motta Berardinelli nasceu no Rio de Janeiro em 28 de agosto de 1916, filha de Emídio Serôa da Motta e Rosina Coutinho Serôa da Motta. Sendo seu pai oficial do Exército, sujeito a sucessivas transferências, morou em inúmeras cidades do Brasil, mas mais longamente no Rio e em S. Paulo. No Rio fez, no Instituto Nacional de Música, todos os cursos teóricos, nos quais se diplomou, sob a orientação do Maestro Oscar Lorenzo Fernandez, que também era seu professor de piano, cujo curso interrompeu por ter que mudar-se para S. Paulo. Nesta capital terminou o curso secundário e fez, na USP, o curso de Letras Neolatinas, onde teve como professor de Literatura Portuguesa o eminente mestre Fidelino de Figueiredo, que, ao fim do ano, a convidou para ser sua assistente, o que realizaria os mais altos sonhos da recém-licenciada, não fosse uma nova transferência de seu pai, desta vez para o Rio, onde ela vem a conhecer o então Professor da mesma disciplina na Universidade do Brasil, Thiers Martins Moreira, que lhe faz o mesmo convite, definindo, então, o caminho que seria e continua a ser o seu.

A centenária escritor e intelectual brasileira conviveu com grandes nomes da literatura brasileira.

Sobre Manuel Bandeira ela diz:

"Manuel Bandeira foi um grande amigo meu, eu posso dizer é um grande amigo meu, porque, para mim, ele continua sendo um dos meus melhores amigos, uma pessoa encantadora, suave, gentil, generosa, inteligente, alguém de quem realmente eu gostava e gosto muito."



Cleonice Berardinelli lê poemas de Mario de Sá-Carneiro nesta segunda-feira, no Real Gabinete Português de Leitura
Foto:
Agência O Globo
/
Fábio Seixo

Dona Cleo — como é carinhosamente chamada por alunos e colegas e grande amiga da cantora Maria Bethânia, que já gravou diversos poemas de Pessoa.



                         Cleonice Bernadinelli e Maria Bethânia

Precoce, ela encantou o poeta Alberto de Oliveira, fundador da cadeira número oito da Academia Brasileira de Letras, que após ouvi-la escreveu versos prometendo rezar por ela. Quase 90 anos depois, Cleonice tomaria posse da mesma cadeira oito da ABL.

Ela conta como foi o primeiro encontro dela então uma menina com o poeta nu hotel na cidade de São Lourenço - Minas Gerais.

Foi em março de 1926 que Cleonice com 9 anos de idade conversava na varando do hotel com outras meninas mais velhas do que ela, quando viram chegar um hóspede novo no hotel um senhor de cabelos grisalhos e vestido distintamente.

Todas queriam saber quem era àquele senhor. Coube a Cleonice a descoberta de que era o poeta Alberto de Oliveira, que pediu para que ele se juntasse junto delas.

Ficaram grandes amigos, e por coincidência 90 anos depois Cleonice Berardinelli assumiu a cadeira número 8 da ABL que tinha sido do poeta.


Sobre os heterônimos de Fernando Pessoa, poeta português, da qual ela é uma das maiores conhecedoras no mundo ele escreve:

"O Fernando Pessoa diz em uma carta muito importante escrita ao poeta e crítico literário (Adolfo) Casais Monteiro, que acabou conhecida como “carta sobre a gênese dos heterônimos”, que o Alberto Caeiro nasceu primeiro. Ele afirma: “Sinto que nascera em mim o meu mestre”. Então, Caeiro será considerado por seu ortônimo (a própria pessoa) e pelos outros, como mestre. É o único que morre. Em 1915, o Caeiro morre jovem, puro e inocente. Um poeta especial. Diferente dos outros (Dona Cleo começa a declamar poesias de Caeiro). Quando ele morre, Álvaro de Campos escreve uma página de prosa lindíssima, bastante poética, em que diz: “Mestre, meu mestre querido, coração de meu corpo…”. Há uma relação de reverência dos outros heterônimos para com Caeiro, principalmente de Álvaro de Campos, que é o oposto dele. Campos é torrencial, escreve poemas enormes, como a Ode marítima, com 940 versos."

Apesar da idade avançada, não pensa em parar (“sem trabalho, seria uma espécie de deserto ao meu redor”). Em entrevista ao Correio, Cleonice transborda vivacidade e, pelo ofício latente, leciona sem perceber. A intimidade com Fernando Pessoa, a tornou a maior estudiosa no Brasil do poeta português.


D.Cleo com Adriana Calcanhoto



Mesmo com a idade avançada ela participou de projetos dos variados sobre literatura portuguesa. Em 2014, no Real Gabinete Português de Leitura, a imortal faz um recital de poemas de Mario de Sá-Carneiro, ao lado da cantora Adriana Calcanhotto, que cantou e tocou junto com a escritora que declamou poesias.

Ao mesmo tempo, Dona Cleo participou de dois documentários: um no qual leu Fernando Pessoa com Maria Bethânia. O outro, do diretor carioca Guilherme Begué

Sua predileção pela literatura portuguesa começou na Faculdade de Letras da USP em 1936, bem no início da faculdade, teve aulas de literatura  com o professor Fidelino de Figueiredo, que segundo ela despertou a paixão pela literatura lusitana.


Ela também escreveu sobre o poeta Sá de Miranda.Referência maior nos estudos da literatura portuguesa no Brasil, Cleonice Berardinelli se debruçou nesse vasto universo da poesia lusa para selecionar os mais de 250 sonetos aqui reunidos e apresentados em seus contextos históricos e literários. Terceiro volume da Coleção Cleonice Berardinelli, o livro apresenta, além da antologia de sonetos e de pequenos textos biográficos dos 33 poetas, ensaios da autora a respeito da obra desses autores. Cinco séculos de sonetos portugueses é um panorama singular da poesia portuguesa. Um mapa precioso para uma viagem de infinitas descobertas.








Fontes:
jornalggn.com.br
academia.org.br
wikipedia.org
sociedadedospoetasamigos.blogspot.com
travessa.com.br
youtube.com
oglobo.globo.com

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