Costuma-se dizer que a única coisa que o Brasil trouxe da Europa depois da Primeira Guerra Mundial foi a gripe espanhola.
Exageros à parte a participação brasileira no conflito mundial foi modesto.
No dia 3 de abril de 1917, o Brasil foi atingido inopinadamente por uma agressão, quando às 23:30 horas, navegando no Canal da Mancha a cerca de 10 milhas de costa ocidental da França, o navio mercante brasileiro Paraná, de 6 mil toneladas, pertencente à Companhia Comércio e Navegação, foi torpedeado e posto a pique. Na ocasião o navio ia em marcha reduzida, com todas as luzes regularmente acesas, ostentando em lugar iluminado e bem visível o nome de nosso país, com a bandeira nacional e o distintivo da empresa proprietária içados, como é de praxe entre os navios neutros. Depois do torpedeamento ainda foram disparados cinco tiros de canhão sobre a embarcação.
O Brasil, por sua vez, contava com uma força armada precária, cuja máxima experiência internacional até então tinha sido a Guerra do Paraguai. E foi assim, com um Exército incipiente, uma frota naval defasada e uma força aérea inexistente, que desafiamos o Império Alemão.
O Brasil enviou à guerra uma divisão de sete navios de combate. Entre eles, estavam os cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina. Essa divisão, segundo o historiador Luís de Alencar Araripe, a 7 de maio de 1918:
"Zarpou para Gibraltar, onde se reuniria à esquadra britânica, para participar da guerra antissubmarina. A Divisão de Operações de Guerra, composta de dois cruzadores e cinco contratorpedeiros, um navio auxiliar e um rebocador, sob o comando do contra-almirante Pedro Max Fernando de Frontin. A Divisão só chegou a Gibraltar em novembro de 1918, retida que foi na costa africana pela terrível pandemia que foi a gripe espanhola."
Além dessa divisão marítima, outra contribuição pontual do Brasil à guerra ocorreu no combate no ar, em auxílio à aviação de guerra britânica e aos feridos em combate. Como destaca, novamente, o historiador Alencar Araripe:
"Aviadores brasileiros combateram ao lado dos pilotos britânicos e franceses. Oficiais do Exército serviram na Frente Ocidental, em unidades do Exército Francês. Um deles, o tenente José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como general, foi o grande reformador da Escola Militar de Realengo, criador da mística do cadete de Caxias. Oitenta e seis médicos, incluindo dezessete professores de Medicina, quase todos civis, comissionados oficias, integraram a Missão Médica que partiu do Brasil a 18 de agosto de 1918 e até o fim da guerra trabalhou no hospital Franco-Brasileiro, mantido pelos brasileiros residentes em Paris."
Venceslau Brás assina a declaração de Guerra - outubro 1917
Além disso aviadores brasileiros serviram em unidades francesas e britânicas, tendo muitos deles perdido a vida. Não se deve esquecer que oficiais de nosso Exército foram incorporados a vários regimentos franceses da linha de frente, onde muitos se distinguiram em combate. Muitos tiveram os nomes citados em ordens do dia e foram agraciados com condecorações aliadas.
Mobilizou-se também um grupamento médico com a finalidade de instalar um hospital para tratamento de feridos de guerra na França.
Médicos brasileiros ma França
No país a perseguição com cidadãos e empresas alemãs foi grande, impedindo que os mesmos fizessem comércio com o exterior.
Para Marcelo Monteiro, autor do livro "U 93 - entrada do Brasil na Primeira Guerra", a participação do Brasil foi antes de tudo simbólica, já que o país não possuía uma força militar ou uma Marinha relevantes. “O Brasil não tinha estrutura nenhuma. Não tinha praticamente nada com o que pudesse contribuir diretamente no front. Era mais uma questão de apoio moral de um país das dimensões do Brasil”, avalia.
Contudo, ele ressalta que foi justamente esse esforço brasileiro que posteriormente contribuiu para a inserção do país no cenário diplomático internacional. Um exemplo emblemático foi a participação do Brasil na Convenção de Paz de Paris, que resultou na criação da Liga das Nações, precursora da Organização das Nações Unidas (ONU).
Fontes:
historiadomundo.com.br
eb.mil.br/exercoto-brasileiro
jonalggn.com.br
google.com
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