terça-feira, 13 de novembro de 2018

Dando continuidade aos livros mais pedidos na Fuvest e Enem vamos falar do maior escritor do Brasil, Machado de Assis, e sua obra Dom Casmurro.




Escrito em 1899, conta a história de amor, ódio e ciúme entre Bentinho e Capitu.
No começo da história Bentinho escuta uma conversa de sua mãe com José Dias, um amigo da família, tratando de seu envio a um seminário, como promessa feita por sua mãe.
Lá ele conhece Escobar, de quem se torna grande amigo.
Depois do curso de direito feito no Largo S.Francisco em S.Paulo, Bentinho casa-se com Capitu, um velho amor de infância. Escobar, por sua vez casa-se com Sacha, e logo tem uma filha, que em homenagem à Capitu, recebe o nome de Capitulina. Enquanto isso, Capitu e Bentinho não conseguem ter o seu filho.


Com o tempo Capitu engravida, e retribuem a gentileza batizando o menino com o primeiro nome de Escobar, Ezequiel.
Segundo Bentinho, o filho de seu relacionamento com Capitu parece cada vez mais com Escobar, morre repentinamente afogado na praia.
Bentinho e Capitu se separam após uma viagem para Europa. Bentinho retorna ao Brasil sozinho e Capitu morre no exterior.
Bentinho nunca reconheceu Ezequiel como seu filho legitimo, sempre atormentado achando que Capitu o traiu.
Por fim Ezequiel morre de febre tifoide, e Bentinho acaba seus dias na amargura e no remorso.
Esse romance, devido a sua trama, a força dos personagens principais e o drama que envolve a história, é um dos maiores romances da literatura brasileira.
A dúvida entre os críticos e os leitores da obra persiste até hoje. Afinal Capitu traiu ou não traiu Bentinho ?


O romance, entretanto, presta-se a muitas leituras, e é interessante ver como a recepção ao livro se modificou com o passar do tempo. Quando foi lançado, era visto como o relato inquestionável de uma situação de adultério, do ponto de vista do marido traído. Depois dos anos 1960, quando questões relativas aos direitos da mulher assumiram importância maior em todo o mundo, surgiram interpretações que indicavam outra possibilidade: a de que a narrativa pudesse ser expressão de um ciúme doentio, que cega o narrador e o faz conceber uma situação imaginária de traição.

Machado de Assis, autor sutil e de penetração aguda em questões sociais, arma o problema e testa seu leitor. É impressionante como isso vale ainda hoje, mais de um século depois do lançamento do livro. O romance é a história de um homem de posses que ama uma moça pobre e esperta e se casa com ela. Em sua velhice, ele escreve um romance de memórias para compreender melhor a vida.


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Capitu, até a metade do livro, é quem dá as cartas na relação. É inteligente, tem iniciativa, procura articular maneiras de livrá-lo do seminário etc. Trata-se de uma garota humilde, mas avançada e independente, muito diferente da mulher vista como modelo pela sociedade patriarcal do século XIX. Nesse sentido, Capitu representa no livro duas categorias sociais marginalizadas no Brasil oitocentista: os pobres e as mulheres. A personagem acabará por “perturbar” a família abastada, ao casar-se com o homem rico.



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Percebe-se, por isso, o peso do possível adultério em suas costas. Não se trata apenas de uma questão conjugal entre iguais, mas de uma condenação de classe. Bentinho utiliza o arbítrio da palavra para culpar sua esposa. Mas é ele quem narra os acontecimentos e, por isso, pode manipular os fatos da maneira que melhor lhe convém. Não se sabe até que ponto os fatos relatados correspondem ao que ocorreu, ou são uma interpretação feita pelo personagem, que, além de tudo, escreve que não tem boa memória.



O assunto da 'culpa' ou 'inocência' de Capitu é fonte de permanente discussão. No romance, o foco narrativo está centrado em Bento Santiago, o Dom Casmurro, favorecendo, portanto sua visão de que ela seria, de fato, adúltera. A escritora Lygia Fagundes Telles, por exemplo, que chegou a publicar artigo demonstrando a culpa de Capitu, em 2009 declarou ter percebido, afinal, que Capitu era inocente. O debate em torno dessa personagem criada há mais de um século é uma demonstração da força criativa da ficção de Machado. Muito já se debateu sobre a personalidade de Capitu. Um grupo de estudantes de Direito brasileiros inocentou a personagem da acusação de adultério por "falta de provas".

Essa é uma discussão interminável, e cada leitor terá a sua própria convicção sobre o suposto adultério. Às vezes as opiniões podem mudar de acordo com a releitura do livro, como foi no meu caso. Ora achava que Capitu era culpada, ora achava que era inocente.

Acho que Bentinho, usou a desculpa do adultério para justificar a sua culpa por uma vida que poderia ter tido e que não teve.

Nesse sentido, a questão central do livro não é o adultério, e sim como Machado introduz na literatura brasileira o problema das classes e, ainda, de forma inovadora, a questão da mulher. Dom Casmurro coloca no centro de sua temática a menina que não se deixa comandar e, em virtude disso, perturba a ordem vigente naquele ambiente social estreito e conservador.




Fontes:
guiadoestudante.abril.com.br
wikipedia.org
google.com.br



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