A História do Futebol no Brasil
Ainda no século XIX, Charles Miller ajudou a disseminar o futebol no Brasil, viu o esporte bretão crescer no país, sofreu com a derrota de 1950, mas não chegou a assistir a seleção brasileira conquistar sua primeira Copa. Filho de um escocês, que atravessou o Atlântico para trabalhar na São Paulo Railway Company, e de uma brasileira de ascendência inglesa, Charles Miller nasceu em São Paulo em 24 de novembro de 1874 e aos 10 anos foi estudar na Inglaterra, onde aprendeu a jogar futebol na Bannister Court School.
O futebol chegou ao Brasil com status de esporte de elite. Na Inglaterra, já era jogado por operários de fábricas, mas chegou a terras brasileiras por meio de estudantes de classe alta, que voltavam do Reino Unido com bolas e chuteiras na bagagem, como foram os casos de Charles Miller e Oscar Cox, os pioneiros da modalidade no Brasil.
Charles Miller no centro com a bola
Oscar Cox
Logo porém o futebol chegou às fábricas e foi se popularizando, até atingir as camadas mais pobres da população.
O exemplo mais simbólico é o do Bangu Atlético Clube, time fundado por ingleses, mas formado, em grande parte, pelos operários da Fábrica de Tecidos Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro. O clube foi o primeiro no estado a escalar um atleta negro, Francisco Carregal, em 1905. O feito fez com que, em 1907, a Liga Metropolitana de Football (equivalente à atual FERJ) publicasse uma nota proibindo o registro de "pessoas de cor" como atletas amadores de futebol. O clube, então, optou por abandonar a Liga e não disputar o Campeonato Carioca.
O Bangu ficou conhecido como um clube símbolo da luta contra o racismo no futebol brasileiro, mas foi o Vasco da Gama que entrou para a História ao conquistar um título com um plantel formado quase que inteiramente por jogadores negros, muitos deles "contratados" junto ao Bangu (à época, o futebol ainda era amador, e não havia contratações formais de atletas). O clube, que em 1905 já havia elegido um presidente mulato, Cândido José de Araújo, foi campeão carioca em 1923, seu ano de estreia na Primeira Divisão, e despertou a ira dos rivais. No ano seguinte, Fluminense, Flamengo, Botafogo e outros times abandonaram a Liga e fundaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), entidade à qual o Vasco só poderia se filiar se dispensasse seus 12 atletas negros.
Cabelo esticado e pó-de-arroz para disfarçar.
Cenas raras de Friedenreich, num jogo entre Paulistano e seleção francesa em Paris em 15 de março de 1925.
O Clube Atlético Paulistano de São Paulo, foi o primeiro clube brasileiro a fazer uma excursão para a Europa.
Liderados por Friedenreich, o primeiro jogo foi um massacre brasileiro em cima do selecionado francês: 7 a 2, resultado esse que encheu os olhos dos telespectadores que achavam os brasileiros muito pequenos para a pratica do futebol.
Depois desse jogo, a equipe realizou outros nove jogos pela Europa e somou um surpreendente cartel: Nove vitórias e apenas uma derrota, o que fez os brasileiros serem intitulados como os “reis do futebol”.
15/03/1925 (Paris) Paulistano 7 X 2 Selecionado da França
22/03/1925 (Paris) Paulistano 3 X 1 Stade Français
28/03/1925 (Cette) Paulsitano 0 X 1 Cette
02/04/1925 (Bordeaux) Paulistano 4 X 0 Bastidienne
04/04/1925 (Havre) Paulistano 2 X 1 Havre/Normandie XI
10/04/1925 (Strasbourg) Paulistano 2 x 1 Strasbourg
11/04/1925 (Berna) Paulistano 2 X 0 Auto Tour
13/04/1925 (Zurich) Paulistano 1 X 0 Seleção da Suiça
19/04/1925 (Rouen) Paulistano 3 X 2 Rouen
*28/04/1925 (Lisboa) – Paulistano 6 X 0 Selecionado de Portugal
*Nesse último jogo, a equipe do paulistano teve que se retirar de campo 15 minutos antes do final para não perder o navio de retorno ao Brasil.
Apesar do grande racismo no futebol brasileiro no início do século XX, o primeiro grande ídolo da modalidade no país foi justamente um mulato. Filho de um alemão com uma brasileira negra, Arthur Friedenreich foi o maior jogador brasileiro na época do futebol amador. Autor do gol que daria o primeiro título à Seleção Brasileira, o Sul-Americano de 1919, Friedenreich era mulato e tinha olhos verdes. antes de entrar em campo, o atacante esticava o cabelo rente ao couro cabeludo para parecer "mais branco".
Artur Friedenreich
Tática semelhante foi usada por Carlos Alberto, jogador que trocou o America pelo Fluminense em 1914. Como a camisa branca do clube de elite da zona sul contrastava com sua pele mulata, Carlos Alberto entrava em campo maquiado com pó-de-arroz, que, ao longo da partida, ia escorrendo junto ao suor. A torcida então passou a gritar "pó-de-arroz", que posteriormente se tornaria um apelido dos adeptos tricolores.
Carlos Alberto
O futebol hoje é o esporte mais popular e o que deu mais glórias para o Brasil.
Fontes:
wikipedia.org
google.com.br
youtube.com
historiabruno.blogspot.com
acervo.oglobo.globo.com/em-destaque
blog.futbox.com/colaboradores/oscar-cox
blogs.lance.com.br/gol-de-canela
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