A tomada de poder por Adolf Hitler surpreendeu Thomas Mann durante uma viagem de palestras pela Holanda, Bélgica e França. Ele decidiu então não mais voltar ao país. Ali começava seu exílio duradouro. "Não sonhei e não cantaram em meu berço que eu acabaria passando meus melhores dias como emigrante, banido de casa e condenado a um indispensável protesto político. Nasci mais para ser um representante do que para ser mártir", confessou.
Por muito tempo ainda, Thomas Mann continuou tentando através de seu silêncio evitar uma ruptura definitiva com o país e a quebra do contato com o público alemão. Apenas em 1936 ele tomou uma posição clara em relação ao regime. A gota d'água foi um texto publicado pelo diário suíço Neue Zürcher Zeitung, que tentava imprimir a Mann traços antissemitas.
Silenciar perante o mal irreparável?
Somente então Thomas Mann quebrou definitivamente seu silêncio: "Um escritor alemão, acostumado à responsabilidade através da língua, deve agora silenciar? Silenciar absolutamente perante o mal irreparável, que no meu país foi e é praticado em corpos, almas e espíritos, no direito e na verdade, na humanidade e na pessoa? Não foi possível. E assim vieram as manifestações de minha parte contra o programa nazista. Minhas posições contrárias a ele ficaram inevitavelmente claras, tendo levado ao absurdo e ridículo ato de meu expatriamento".
Após ter perdido a nacionalidade alemã em 2 de dezembro de 1936, Thomas Mann permaneceu por algum tempo na Suíça, emigrando mais tarde para os Estados Unidos. O Ministério de Esclarecimento Popular e Propaganda do regime nazista anunciava em janeiro de 1937: "Thomas Mann deve ser apagado da memória de todos os alemães, por não ser digno de carregar o nome de alemão".
Indignado, o escritor declarou a respeito dos nazistas: "Acusam-me de ter insultado a Alemanha, ao ter-me declarado contra ela? Eles têm a incrível ousadia de querer se confundir com a Alemanha. Talvez não esteja longe o dia em que o povo alemão vá preferir qualquer coisa menos ser confundido com eles".
O desespero gerado pela miséria e a incerteza quanto ao futuro, a facilidade humana de acreditar na demagogia e nas soluções autoritárias, a necessidade de resgatar a autoestima nacional depois das humilhações do Tratado de Versalhes foram alguns dos fatores que fizeram da Alemanha um terreno fértil a ser semeado pelos nazistas. O discurso de um líder carismático como Adolf Hitler oferecia segurança e a perspectiva de melhores dias, com promessas e a perspectiva de melhores dias, com promessas e ilusões demagógicas...
Qualquer semelhança com o Brasil atual não é mera coincidência ! Talvez a diferença se resuma na eloquência do ditador nazista e em seu carisma. Nem isso tem o fascista brasileiro.
Fontes:
dw.com/pt-br/1936-thomas-mann
educacao.uol.com.br
google.com.br
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