sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Hoje vamos falar de um tema muito triste, a censura durante os anos da ditadura militar, especialmente dos filmes censurados.

Além de censurar livros, novelas e músicas, também censurou filmes que de alguma maneira desrespeitava o governo. Centenas de filmes foram censurados na época por motivos fúteis, como por exemplo sugestões de propagandas políticas, linguagem inadequada, cenas de sexo e qualquer outra coisa que desrespeitasse os ”bons costumes”. Nessa lista iremos apresentar alguns filmes dentre vários censurados pela ditadura.



LARANJA MECÂNICA, DE STANLEY KUBRICK (1971)

Filme inspirado no livro de Anthony Burgess, Laranja Mecânica causou bastante tumulto na época que foi lançado. Motivo? Cenas de estupro, violência e linguagem inadequada. A obra revolucionária de Stanley Kubrick causou muita polemica em vários países, principalmente no Brasil, que já sofria com a ditadura há um bom tempo. O filme só chegou aos cinemas brasileiros sete anos após seu lançamento, em 1978 e mesmo assim sendo censurado, com bolinhas pretas nas regiões intimas dos atores, o que causou piada na época pelo simples fato de que o nudismo incomodou mais o governo do que a violência explicita que o filme continha. Mesmo assim teve gente que conseguiu ” piratear” o filme na época, além de alguns amantes do cinema ainda se darem o trabalho de sair do país e ir assistir ao filme em algum país vizinho, como por exemplo no Uruguai.

Assisti esse filme com as famigeradas bolinhas que cobriam os órgãos genitais dos atores. Numa cena de estupro a atriz corria fugindo dos estupradores e todos torciam para que as bolinhas não conseguissem alcançar a velocidade da cena.





O BANDIDO DA LUZ VERMELHA, DE ROGÉRIO SGANZERLA(1968)

Com apenas 22 anos, o diretor brasileiro Rogério Sganzerla acabou produzindo um dos filmes mais polêmicos do cinema brasileiro ”O Bandido da Luz Vermelha”, filme que acabou entrando para a história como o maior representante do chamado cinema marginal brasileiro. O filme foi inspirado no bandido João Acácio Pereira da Costa, que assaltou diversas residências de pessoas ricas em São Paulo na década de 60. O filme trouxe muito polêmica na época, sendo censurado graças as suas cenas de sexo e nudez.




ÚLTIMO TANGO EM PARIS, DE BERNARDO BERTOLUCCI(1972)

Para alguns esse filme é um clássico romântico, uma das melhores obras da sétima arte, mas para outros esse filme é sinônimo de polêmica. Sendo clássico ou não, Último Tango em Paris é um filme que deu muito o que falar e, ainda dá até os tempos atuais. O drama erótico franco-italiano dirigido pelo polêmico diretor Bernardo Bertolucci foi censurado na época da ditadura graças as suas cenas de sexo e nudez, e só chegou nas telas brasileiras sete anos depois, em 1979. Mas como no caso de Laranja Mecânica, muitos amantes do cinema se locomoviam até outro país apenas para ver o filme e sua famosa cena da manteiga.



Emanuelle de 1974 com Sylvia Kristel 
interpretada pela holandesa Sylvia Kristel, provavelmente a atriz mais famosa pelo papel. O filme ultrapassou as barreiras do que era aceitável em filmes na época, com suas cenas de sexo, estupro, masturbação (sexo em aviões) e uma cena onde uma dançarina fuma um cigarro com sua vagina usando técnicas de pompoarismo. Diferentemente de outros filmes que tentavam evitar uma classificação adulta do MPAA, o primeiro filme de Emmanuelle abraçou o gênero e tornou-se um grande sucesso internacional. O filme é, até hoje, um dos mais bem-sucedidos filmes franceses e chegou a ser exibido nos cinemas locais por anos.




Claro que no Brasil ele foi censurado e  muitos anos foi liberado  com cortes.




IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA, DE JORGE BODANZKY(1976)

Uma produção encomendada por uma rede de televisão alemã, Iracema – um transa amazônica, demorou cerca de seis anos para chegar até os cinemas brasileiros. O filme de Jorge Bodanzky mostrava um lado desconhecido da Amazônia, onde crianças se prostituíam as margens da rodovia transamazônica, índios eram obrigados a trabalhar e florestas eram desmatadas. O governo não ficou nada feliz com o filme, já que ele fazia um contraponto a propaganda oficial da Amazônia na época.




PRA FRENTE, BRASIL, DE ROBERTO FARIAS(1982)

Fazer um filme sobre a ditadura militar em plena ditadura militar. Isso parece loucura, certo? Mas foi exatamente isso que Roberto Farias fez com ”Pra frente, Brasil”, onde Jofre (Reginaldo Faria) acaba sendo enganado com um comunista e é sequestrado por opressores. O filme deu muito polêmica na época, por que além de retratar a repreensão da ditadura militar, seu diretor, Roberto Farias tinha sido presidente da Embrafilme no auge da ditadura. Quando lançado em 1982, foi proibido em território nacional e, apenas em 1983 acabou sendo lançado novamente, depois de muita discussão por parte da justiça brasileira.



Império dos Sentidos:


Em 1976, quando O Império dos Sentidos - de Nagisa Oshima, morto nesta terça-feira - foi lançado, causou controvérsia não só no Brasil. Tivemos notícias de polêmicas na França, na Argentina. Ainda era um período de censura no país, e um filme como esse tinha todos os elementos para provocar uma movimentação muito grande, dada a situação da nossa cultura.

Tinha uma estética subversiva, que chocava os padrões da moralidade comum, mais conservadora. Ao mesmo tempo, era uma referência de possibilidades de abertura, do ponto de vista estético e também político. Discutia questões consideradas tabus. A ideia de que o homem goza com mais intensidade quando está asfixiado passou a ser uma fantasia recorrente em outros filmes. Trata da experiência de um gozo que possa transcender a forma de prazer comum. Esse gozo tem como horizonte, como limite, a morte. Lacan assistiu ao filme e ficou profundamente impressionado.

Foi o primeiro filme de sexo explícito liberado no Brasil após a abertura de 1979. Muitas pessoas iam até o cinema e saiam no meio da sessão escandalizadas.




Dona Flor e seus dois maridos 1976

Durante o carnaval de 1943 na Bahia, Vadinho (José Wilker), um mulherengo e jogador inveterado, morre repentinamente. Sua mulher, Dona Flor (Sônia Braga), fica inconsolável, pois apesar de ter vários defeitos, ele era um excelente amante. Após algum tempo ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Ela passa a ter uma vida estável e tranquila, mas tediosa, e de tanto "chamar" por Vadinho, um dia ele aparece nu na sua cama. Ela, então, pede ajuda a uma amiga, dizendo que quase foi seduzida pelo finado esposo. Um pai de santo se prontifica a afastar o espírito de Vadinho, mas existe um problema: no fundo, Flor quer que ele fique, pois ela tem um forte desejo que precisa ser saciado.



Enfim o conservadorismo e a hipocrisia, fizeram muito mal e contribuíram para o atraso do país.




Fontes:

stuckonpuzzle.wordpress.com
youtube.com.br
wikipedia.org
gauchazh.clicrbs.com.br
adorocinema.com

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