sábado, 21 de novembro de 2020

No dia 21 de novembro de 1830, um assassinato traiçoeiro desestabilizou ainda mais o frágil governo do imperador Dom Pedro I. Em São Paulo, morria, vítima de um atentado, Giovanni Battista Libero Badaró, jornalista, político e médico italiano radicado no Brasil. 


Líbero Badaró



Nascido na Itália, na cidade de Laigueglia, em 1798, ele se mudou para os trópicos em 1826. Em solo brasileiro, tornou-se um liberal e viveu na cidade de São Paulo, onde atuava como médico e dava aulas gratuitas de matemática. Fundou o jornal O Observador Constitucional, em 1829, o que não era bem visto pelos absolutistas. Em São Paulo, alguns estudantes do Curso Jurídico fizeram uma campanha contra o governo monárquico. Os manifestantes tornaram-se criminosos para o ouvidor Cândido Ladislau Japiaçu e foram processados.


Rua Líbero Badaró



O Observador Constitucional fez campanha em favor dos acusados e atacou Japiaçu. Desafeto de Japiaçu, Libero Badaró sofreu um atentado no dia 20 de novembro, às 22h, quando voltava para a sua casa na rua São José (hoje rua Líbero Badaró). Suas última palavras antes de morrer foram "morre um Liberal, mas não morre a Liberdade". No dia seguinte, ele faleceu e sua frase virou símbolo da liberdade de imprensa. Sua morte ganhou grande repercussão, com milhares de pessoas no seu enterro e mais de 800 tochas acesas. O principal responsável pelo assassinato foi um alemão, chamado Stock, que se escondeu na casa de Japiaçu. O alemão foi preso, mas Japiaçu, apesar de processado, acabou absolvido. Segundo historiadores, a ordem para matar Badaró pode ter partido de Dom Pedro I. 

"(...) Terrível liberdade de imprensa, que clama a uns não matarás, a outros não prenderás, não substituirás o teu interesse ao dos mais; não te servirás de autoridade pública para satisfazer as tuas vinganças, não sacrificarás o teu dever ao poder! Incapazes de resistir à evidência dos argumentos positivos sobre que se apoia a necessidade de imprensa, os amigos das trevas se vestem da capa da moral e do sossego público, apontam os abusos desta liberdade, a calúnia, a difamação, as provocações diárias, os achincalhes continuados, que tornam a vida um suplício. É, meu Deus! Os abusos? E do que se não abusa neste mundo? Forte raciocínio! E porque se abusa de uma qualquer cousa, já, já suprima-se? E aonde iríamos com estas supressões? Um mau juiz abusa do seu ministério: suprima-se a magistratura; um mau sacerdote abusa da religião: suprima-se a religião; um mau marido abusa do matrimônio: suprima-se o matrimônio! Forte raciocínio, dizemos outra vez! Suprimam-se os abusos que será melhor. A lei contra os abusos existe; sirvam-se dela; e se não é boa, faça-se outra; e liberdade a todos de esclarecerem os legisladores, pela imprensa livre (...)"

Texto de autoria de Líbero Badaró, publicado no jornal Observatório Constitucional.

O fato complicou ainda mais a situação política do imperador, criticado por sua postura autoritária. No ano seguinte, no dia 7 de abril de 1831, Dom Pedro I abdicou do trono e mudou-se para Portugal, deixando a coroa para o seu filho, Dom Pedro II, de apenas 14 anos.




Fontes:
seuhistory.com
aventurasnahistoria.uol.com.br
google.com
gazetadopovo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...