Hoje vamos falar da obra Metamophorses, de Públio Ovidio Naso, nascido em 20 de Março de 43 a.C. próximo aos Montes Apeninos na Itália.
Considerado, ao lado de Virgílio e Horácio, um dos três maiores poetas latinos, Publius Ovidius Naso nasceu em Sulmo (atual Sulmona, na Itália), em 43 a.C., em uma família da classe dos equites, a segunda das ordens aristocráticas romanas. Mudou-se para Roma em 31 a.C. para estudar retórica, destinado a seguir a carreira de jurista, mas, após viajar para Atenas e a Ásia Menor em 23 a.C., e trabalhar em cargos administrativos em Roma, abandona o Direito e passa a se dedicar à poesia. Sua primeira obra foram os poemas epistolares de Heroides, publicados por volta de 19 a.C., seguidos por Amores (16 a.C.), Medicamina Faciei Femineae, a tragédia Medeia (hoje perdida), Ars Amatoria (2 d.C.), Remedia Amoris, as Metamorfoses (8 d.C., sua obra-prima) e Fasti. Mesmo tendo grande prestígio na época, foi banido pelo imperador Augusto em 8 d.C., por motivo até hoje não esclarecido, e teve que se mudar para a distante cidade de Tomis, no mar Negro (atual Constança, na Romênia). Escreveu então o poema elegíaco Íbis, os cinco livros de Tristia e as cartas intituladas Epistulae ex Ponto. Faleceu no exílio, em 17 d.C., sem poder realizar o sonho de retornar à Roma.
A estrutura de Metamorfoses constitui-se de 15 livros escritos em hexâmetro dáctilo( medida literária composta de 6 pés métricos por verso) com cerca de 250 narrativas em doze mil versos compostos em latim e que transcorrem poeticamente sobre a cosmologia e a história do mundo, confundido deliberadamente ficção e realidade, narrando a transfiguração dos homens e dos deuses mitológicos em animais, árvores, rios, pedras, representando o princípio dos tempos, chegando à apoteose de Júlio César e ao próprio tempo do poeta, ou seja, o Século de Augusto (43 a.C. - 14 d.C.). Este ciclo histórico apresenta a mitologia como uma etapa no desenvolvimento do mundo e do homem: Ovídio segue o conceito de Hesíodo e nos mostra as quatro idades cronológicas da mitologia clássica (conhecidas como a Idade do Ouro, a Idade da Prata, a Idade do Bronze, e a Idade do Ferro. Aproveitando tal abordagem das Eras do Homem, Ovídio uniu livremente os deuses aos mortais em histórias de amor, incesto, ciúme e crime.
Sujet du poèms(tema do poema)
In nova fert animus mutatas dicere formas corpora di coeptis (nam vos mutatis et illas) adspirates meis primaque ab origine mundi ad mea perpetuum deducite tempora carmen.
Faz-me o estro dizer formas em novos corpos mudadas. Deuses, já que as mudastes também, inspirai-me a empresa e, da origem do mundo ao meu tempo, guiai este canto perpétuo.
Existem cantos que falam sobre o Amor Sublime e a atração como nesse que fala do Amor entre Apolo e Dafne:
Primus!amor!Phoebi!Daphne!Peneia,!quem!non fors!ignara!dedit,!sed!saeua!Cupidinis!ira. Delius!hunc,!nuper!uicto!serpente!superbus, uiderat!adducto!flectentem!cornua!neruo “quid”que!“tibi,!lasciue!puer,!cum!fortibus!armis?” Dixerat;!“ista!decent!umeros!gestamina!nostros, qui!dare!certa!ferae,!dare!uulnera!possumus!hosti, qui!modo!pestifero!tot!iugera!uentre!prementem strauimus!innumeris!tumidum!Pythona!sagittis. Tu!face!nescio!quos!esto!contentus!amores irritare!tua,!nec!laudes!adsere!nostras”. Filius!huic!Veneris:!“Figat!tuus!omnia,!Phoebe, te!meus!arcus”,!ait,!“quantoque!animalia!cedunt cuncta!deo,!tanto!minor!est!tua!gloria!nostra”. Dixit,!et!eliso!percussis!aere!pennis impiger!umbrosa!Parnasi!constitit!arce eque!sagittifera!prompsit!duo!tela!pharetra diuersorum!operum:!fugat!hoc,!facit!illud!amorem; quod!facit,!auratum!est!et!cuspide!fulget!acuta, quod!fugat,!obtusum!est!et!habet!sub!harundine!plumbum.
Hoc!dues!in!nympha!Peneide!fixit,!at!illo
laesit!Apollineas!traiecta!per!ossa!medullas.
Protinus!alter!amat!;!fugit!altera!nomen!amantis,
siluarum!tenebris!captiuarumque!ferarum
exuuiis!gaudens!innuptaeque!aemula!Phoebes.
Vitta!coercebat!positos!sine!!lege!capillos.
Multi!illam!petiere,!illa!auersata!petentes
impatiens!expersque!uiri!nemorum!auia!lustrat,
nec!quid!Hymen,!quid!Amor,!quid!sint!conubia,!curat.
Dafne Penéia foi primeiro amor de Febo¹, nascido não do azar, mas da ira de Cupido. Délio, soberbo após ter vencido a serpente, vira-o dobrar o arco com a corda tensa: “Moço lascivo, por que portas armas fortes?” – disse – “isto convém aos meus ombros, pois posso, certeiro, ferir feras, como um inimigo, e com muitas flechadas matei Píton hórrida, cujo ventre pestífero um monte ocupava. Contenta-te em, com teu facho, excitar não sei que amores, nem queiras tomar os meus louvores.” Diz o filho de Vênus: “O teu arco, Febo, tudo atinge, e a ti eu; como os animais valem menos que um deus, tua glória é menor que a minha”. Disse e, fendendo o ar com as céleres asas, pousou na umbrosa fortaleza do Parnaso e da aljava tirou dois dardos de diverso efeito; um afugenta, o outro atrai amor. Este é dourado e brilha na ponta afiada; aquele, obtuso, sob o cano contém chumbo. Com este alveja a ninfa penéia, com outro atravessa a medula e os ossos de Apolo. Este ama súbito; do amante aquela foge, se alegrando em caçar feras nas profundezas das selvas; ela, êmula da casta Febe; uma fita envolvia os cabelos revoltos. Muitos a cortejavam; ela os repelia, buscando os bosques ínvios, livre de marido, indiferente a Himeneu, a Amor, e a núpcias.
¹ - Febo (romano)- Apolo (grego)
Vix!prece!finita,!torpor!grauis!occupat!artus, Mollia!cinguntur!tenui!praecordia!libro, In!frondem!crines,!in!ramos!bracchia!crescunt; Pes!modo!tam!uelox,!pigris!radicibus!haeret, Ora!cacumen!habent,!remanet!nitor!unus!in!illa. Hanc!quoque!Phoebus!amat!positaque!in!stipite!dextra Sentit!adhuc!trepidare!nouo!sub!cortice!pectus Complexusque!suis!ramos,!ut!membra,!lacertis Oscula!dat!ligno,!refugit!tamen!oscula!lignum. Cui!deus:!“At!quoniam!coniunx!mea!non!potes!esse, Arbor!eris!certe”!dixit!“meã;!semper!habebunt Te!coma,!te!citharae,!te!nostrae,!laure,!pharetrae; Te!ducibus!Latiis!aderis,!cum!laeta!triumphum Vox!canet!et!usent!longas!Capitolia!pompas. Postibus!Augustis!eadem!fidissima!custos Ante!fores!stabis!mediamque!tuebere!quercum; Vtque!meumintonsis!caput!est!iuuenale!capillis, Tu!quoque!perpétuos!semper!gere!frondis!honores.” Finierat!Paean;!factis!modo!láurea!ramis Annuit!utque!caputuisa!est!agitasse!cacumen.
Mal finda a prece, invade-lhe um torpor os membros, seus seios tenros são por fina casca envoltos, dos cachos crescem folhas e ramos dos braços; pés tão velozes fixam-se em lentas raízes, em seu rosto coberto, um brilho apenas resta. Entanto, Febo segue amando, e pondo a destra no tronco, sente o peito tremer sob a casca e, os ramos abraçando, qual membros, recobre-o de beijos, mas o tronco se esquiva aos seus beijos. Diz-lhe o deus: “Já que não podes ser a minha esposa, serás a minha árvore, sempre a terei nos cabelos, na cítara e aljava, ó loureiro; entre os chefes do Lácio ouvirás os alegres cantos e as triunfais pompas no Capitólio. Serás fiel guardiã do palácio de Augusto, e às portas estarás protegendo o carvalho; como jamais corto os cachos juvenis, com perpétua folhagem, serás sempre honrada”. Peã calou-se, e, inclinando a copa, feito fronte, o loureiro, com seus ramos, anuiu.
Apolo era o mais belo dos deuses, senhor das artes, música e medicina. Sabendo de seus enormes predicados, Apolo se vangloriou dizendo para Cupido, o pequeno deus do amor, que suas flechas eram mais poderosas do que aquelas do pequeno deus. Cupido disse-lhe que as flechas de Apolo eram poderosas, pois podiam ferir a todos, porém as dele eram mais, pois podiam ferir até mesmo o próprio deus Apolo, esse não acreditou e riu de Cupido.
Cupido então lançou uma flecha com ouro na ponta, no coração de Apolo, gerando a paixão dele pela moça Dafne, uma bela ninfa, filha do rio-deus Peneu. Em Dafne, Cupido lançou uma flecha com chumbo na ponta, gerando a repulsão por Apolo.
O deus apaixonado perseguia sua amada e essa fugia dele o quanto podia, até que ela pediu a seu pai para que lhe ajudasse e mudasse sua forma. Peneu atendeu ao pedido de Dafne e a transformou em uma planta – o loureiro. Apolo chorou por ter perdido sua paixão e disse que a levaria para sempre consigo, por isso, desde então, o loureiro acompanhou o deus Apolo tornando seu símbolo por todo o sempre.
Ovidio cita diversas façanhas de deuses e semideuses como a de Perseu e Medusa.
Ipse!manus!hausta!uictrices!abluit!unda; anguiferumque!caput!dura!ne!laedat!harena, mollit!humum!foliis!natasque!sub!aequore!virgas sternit!et!imponit!Phorcynidos!ora!Medusae. Virga!recens!bibulaque!etiamnunc!uiua!medulla uim!rapuit!monstri,!tactuque!induruit!huius, percepitque!nouum!ramis!et!fronde!rigorem. At!pelagi!nynphae!factum!mirabile!temptant pluribus!in!uirgis,!et!idem!contingere!gaudent, seminaque!exillis!iterant!iactata!per!undas. Nunc!quoque!curaliis!eadem!natura!remansit, duritiam!tacto!capiant!ut!ab!aere,!quoque uimem!in!aequore!erat,!fiat!super!aequora!saxum.
Ele mesmo lavou suas mãos vencedoras; e para não ferir na areia a face anguífera, cobre a terra de folhas e plantas marinhas e aí põe a cabeça de Medusa Forcínide.
Vara verde e vivaz em medula porosa sorve a força do monstro e ao contato endurece, e seus ramos e folhas ganham rigidez.
As ninfas do mar tentam de novo o prodígio noutras plantas e alegram-se por consegui-lo, e lançam as sementes delas no oceano. Agora a natureza dos corais é idêntica: endurece no ar, convertendo-se em rocha sobre o mar o que era vime embaixo dele.
Tenho uma edição de 1930 da Libbrairie Hachette em latim e francês.
Fontes:
usp.br
editora34.com.br
wikipedia.org
google.com
brasilescola.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário