"- Mas que pretendes fazer agora? - Morrer. - Morrer? Que ideia! Deixa-te disso, Estêvão. Não se morre por tão pouco... - Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime; por mais aborrecível que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! tu não sabes o que isto é? - Sei: um namoro gorado... "
Assim começa o romance "A mão e a luva! de Machado de Assis.
Obra do escritor Machado de Assis, o romance A Mão e a Luva foi publicado no ano de 1874.
Na história de A Mão e a Luva, os dois amigos Luis Alves e Estevão cursam faculdade. Estevão era apaixonado por Guiomar, que não lhe correspondia. Irritado e sem motivação, ele quase abandona o curso mas volta após Luis Alves lhe ajudar com uma conversa.
Estevão a ama loucamente de forma pura e inocente. Jorge, sobrinho da baronesa deseja ascender socialmente e tem por Guiomar um amor “pueril e lascivo”. Com Luís Alves é diferente, ele só passa a admirar a moça com o decorrer do tempo, mas é um homem resolvido e ambicioso.
Jorge tem o apoio da baronesa e de sua empregada inglesa, Mrs. Oswald e pede a mão de Guiomar. Luís Alves faz o mesmo no dia seguinte. A baronesa pede a Guiomar que se decida entre os dois e a moça escolhe Jorge para não ver a madrinha zangada, mas a baronesa sabe que o desejo da afilhada é casar-se com Luís Alves.
Então, Guiomar e Luís Alves se casam. Jorge se conforma com a escolha da amada e Estevão sonha com seu suicídio durante o casamento. Entretanto, nada disso interrompe os planos do jovem e ambicioso casal que se unem felizmente.
O fim do livro justifica o título da obra. Veja:
"— Mas que me dá você em paga? um lugar na câmara? uma pasta de ministro?
— O lustre do meu nome, respondeu ele."
Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.
"O casamento fez-se, enfim. As lágrimas que a baronesa derramou, quando viu Guiomar ligada para sempre, foram as mais belas jóias que lhe podia dar. Nenhuma mãe as verteu mais sinceras; e, seja dito em honra de Guiomar, nenhuma filha as recebeu mais dentro do coração. Na noite do casamento, quem olhasse para o lado do mar, veria pouco distante dos grupos de curiosos, atraídos pela festa de uma casa grande e rica, um vulto de homem sentado sobre uma lájea que acaso topara ali. Quem está afeito a ler romances, e leu esta narrativa desde o começo, supõe logo que esse homem podia ser Estêvão. Era ele. Talvez o leitor, em lance idêntico, fosse refugiar-se em sítio tão remoto, que mal pudesse acompanhá-lo a lembrança do passado. A alma de Estêvão sentiu uma necessidade cruel e singular, o gosto de revolver o ferro na ferida, uma coisa a que chamaremos - voluptuosidade da dor, em falta de melhor denominação. E foi para ali, contemplar com os indiferentes e ociosos aquela casa onde reinava o gozo e a vida, e naquela hora que lhe afundava o passado e o futuro de que vivera. "
O título do romance, A Mãe e a Luva, foi escolhido de forma rigorosa por Machado de Assis e sintetiza o intuito da obra. Simboliza a perfeita união entre uma luva criada na medida de uma mão. Seria o casamento entre Luis e Guiomar.
Fontes:
infoescola.com
coladaweb.com
dominiopublico.gov.br
wikipedia.org
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