Hoje vamos falar da peça de Molière, Tartufo.
"Orgon - Muito bem dito, milha filha, e para merecê-lo você só deve ter a preocupação de fazer-me a vontade."
"Mariane - É nisso também que deposito a minha maior glória."
"Mariane - Quem o senhor quer, meu pai, que eu diga que me toca o coração e que me seria agradável, por sua escolha, tornar-se meu esposo ?
Orgon - Tartufo.
Mariane - De modo algum, meu pai. Eu lhe juro. Por que fazer-me dizer semelhante impostura ?
Orgon - Mas quero que isso seja uma verdade; e para você é bastante que eu tenha decidido."
Mariane se desespera e vai ter conselhos com sua ama, Dorine, que lhe diz para não aceitar essa imposição de seu pai.
Mariane e Valère conversam sobre o assunto e esse lhe diz para seguir a vontade de Orgon, o que deixa a moça bastante arrasada.
Na verdade Tartufo está apaixonado por Elmire, mulher jovem e bonita esposa de Orgon.
Percebendo a atração que causa em Tartufo ela tenta usar isso para que Tartufo interceda junto a Orgon para que Mariane se case com Valère.
Durante várias passagens da peça Tartufo mostra a sua hipocrisia e falso moralismo, como aliás é comum em todas as pessoas de igual procedimento.
Ato II Cena II - Dorine e Tartufo
" Tartufo - Que desejas ?
Dorine - Vim dizer-lhe....
Tartufo (tira um lenço do bolso)
Ah! meu Deus, por favor, antes de falar, tome esse lenço.
Dorine - Como ?
Tartufo - Cubra estes seios que eu não poderia ver: coisas como essas ferem-nos a alma e dão origem à pensamentos culposos."
Na sociedade atual vemos inúmeros exemplos de pessoas dissimuladas que usam o nome de Deus, suas crenças seus costumes retrógrados e sua atitudes reacionárias para conseguirem proveitos para si próprios.
No Ato III, Cena III acontece o diálogo entre Tartufo e Elmire, onde esse declara o seu imenso amor para a esposa de Orgon. Elmire se diz ofendida e que vai contar para Orgon. Tartufo então se diz arrependido e que isso só aconteceu devido a grande beleza da mulher.
Damis, filho de Orgon, ouve tudo escondido numa sala anexa ao aposento, e junto com sua mãe contam tudo para Orgon que manda chamar Tartufo.
Ato III Cena IV
"Tartufo - Sim, meu irmão, sou mau, sou culpado, pecador, infeliz, cheio de iniquidade, o maior criminoso que já viveu; cada instante de minha vida está corrompido; ela nada mais é que um amontoado de crimes e de torpezas; e estou vendo que o Céu para meu castigo, quer mortificar-me nessa ocasião. Seja qual for a acusação que me fizerem, não terei o orgulho de defender-me.
Acredite no que lhe dizem, arme-se de cólera, e expulse-me de sua casa como um criminoso: por mais vergonha que eu sinta por causa disso, ainda é pouco."
Diante da eloquência do falso discurso e cegado pelos embustes de Tartufo, Orgon não acredita no filho e o repreende dizendo que ele estava atacando um homem santo!
Com isso Tartufo vai levando vantagens junto a Orgon, Alegando que o importante são os bens do Paraíso, pós morte e não os bens terrenos , ele faz com que o comerciante doe sua casa e seus bens para ele.
Finalmente Elmire consegue mostrar para o marido que Tartufo não é confiável, e um impostor.
Na cena Orgon fia embaixo de uma mesa enquanto Elmire incentiva Tartufo a cortejá-la. Não desconfiando da farsa, Tartufo repete todos seus votos de amor para Elmire
Orgon sai debaixo da mesa e expulsa Tartufo de casa, ao qual esse retruca : "A casa não é mais sua!, é você quem deve sair!"
Orgon fica arrasado e confessa para a família a loucura que fez doando seus bens para Tartufo. Algo o preocupava mais ainda. Um amigo seu, Argas, confio-lhe um cofre contendo papéis que implicariam muito o possuidor, e Orgon contou o segredo para Tartufo.
Na cena VI do último ato Valère traz a noticia que Tartufo entregou o cofre guardado por Orgon em confiança de um amigo e que tal fato fazia Orgon cúmplice. Além disso dizia que ele deveria fugir, porque a sua prisão era iminente.
Quando Orgon ia fugir, chega Tartufo e o impede, e diz que age em nome do Príncipe, e pede para que o oficial que o acompanha cumpra a ordem de prisão.
Nessa hora uma total reviravolta acontece, e o oficial dá voz de prisão a Tartufo.
Ao ir delatar Orgon ao Príncipe, foi descoberto que Tartufo já vinha aplicando golpes contra a boa fé de outras pessoas já há algum tempo, com outros nomes. Assim todos os atos de doação de Orgon são anulados pelo Príncipe e Tartufo vai para a cadeia.
Na peça, Molière mostra toda a hipocrisia da sociedade francesa da época, escorada por costumes conservadores e moralistas.
Assisti à peça no Teatro Maria Della Costa em 1985, tendo Paulo Autran como Tartufo.
Fontes:
Tartufo - Poquelin, Jean Baptiste - Abril - 1980wikipedia.org
google.com
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