segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 Hoje vamos falar da peça de Molière, Tartufo.


Molière

Jean Baptiste Poquelin, o Molière (1622-1673) foi um dramaturgo francês muito importante. Teve apoio da corte do rei Luiz XIV, o rei sol.  O Tartufo é de 1664. 

A peça recebeu muitas críticas da Igreja por retratar um falso religioso e moralista, Tartufo, que ludibriava a todos com seus discursos sobre Deus e o Paraíso e a hipocrisia de seus costumes.

Molière então remodela a peça e troca o seu nome para "Panulfo", sem intento,  porque a Igreja proíbe a peça de vez e mandar excomungar todos os espectadores.

O Tartufo é uma peça em cinco atos que conta a historia da família formada pelo rico comerciante Sr. Orgon, sua mulher, Elmire, sua mãe Senhora Pernelle, seus dois filhos, seu cunhado, seus empregados e o pretendente de sua filha, Valère.

Tartufo é um mal trapilho frequentador das missas, onde conhece o Sr. Orgon, ou por um mero acaso, ou por esperteza de seguir um homem rico e facilmente manipulável.




No Ato I Cena I, a Sra. Pernelle, mãe de Orgon conta como está feliz com seu filho por ter acolhido Tartufo em casa.


"Devo dizer-lhe que meu filho não fez nada de mais sensato do que recolher na própria aa tão devoto personagem que o Céu aqui enviou"


Organ um homem que se deixa levar pelas conversas de Tartufo, por sua carolice, pelo seu jeito de homem "santo", e quer casa-lo com sua filha Mariane.

Ato II Cena I

"Orgon  -  Muito bem dito, milha filha, e para merecê-lo você só deve ter a preocupação de fazer-me a vontade."

"Mariane - É nisso também que deposito a minha maior glória."

"Mariane - Quem o senhor quer, meu pai, que eu diga que me toca o coração e que me seria agradável, por sua escolha, tornar-se meu esposo ?

Orgon - Tartufo.

Mariane - De modo algum, meu pai. Eu lhe juro. Por que fazer-me dizer semelhante impostura ? 

Orgon - Mas quero que isso seja uma verdade; e para você é bastante que eu tenha decidido."


Mariane se desespera e vai ter conselhos com sua ama, Dorine, que lhe diz para não aceitar essa imposição de seu pai.

Mariane e Valère conversam sobre o assunto e esse lhe diz para seguir a vontade de Orgon, o que deixa a moça bastante arrasada.


Na verdade Tartufo está apaixonado por Elmire, mulher jovem e bonita esposa de Orgon.

Percebendo a atração que causa em Tartufo ela tenta usar isso para que Tartufo interceda junto a Orgon para que Mariane se case com Valère.

Durante várias passagens da peça Tartufo mostra a sua hipocrisia e falso moralismo, como aliás é comum em todas as pessoas de igual procedimento.

Ato II Cena II - Dorine e Tartufo

" Tartufo - Que desejas ?

Dorine - Vim dizer-lhe....

Tartufo (tira um lenço do bolso)

Ah! meu Deus, por favor, antes de falar, tome esse lenço.

Dorine - Como ?

Tartufo - Cubra estes seios que eu não  poderia ver: coisas como essas ferem-nos a alma e dão origem à pensamentos culposos."

 


Na sociedade atual vemos inúmeros exemplos de pessoas dissimuladas que usam o nome de Deus, suas crenças seus costumes retrógrados e sua atitudes reacionárias para conseguirem proveitos para si próprios.

No Ato III, Cena III acontece o diálogo entre Tartufo e Elmire, onde esse declara o seu imenso amor para a esposa de Orgon. Elmire se diz ofendida e que vai contar para Orgon. Tartufo então se diz arrependido e que isso só aconteceu devido a grande beleza da mulher.

Damis, filho de Orgon, ouve tudo escondido numa sala anexa ao aposento, e junto com sua mãe contam tudo para Orgon que manda chamar Tartufo.

Ato III Cena IV

"Tartufo - Sim, meu irmão, sou mau, sou culpado, pecador, infeliz, cheio de iniquidade, o maior criminoso que já viveu; cada instante de minha vida está corrompido; ela nada mais é que um amontoado de crimes e de torpezas; e estou vendo que o Céu para meu castigo, quer mortificar-me nessa ocasião. Seja qual for a acusação que me fizerem, não terei o orgulho de defender-me.

Acredite no que lhe dizem, arme-se de cólera, e expulse-me de sua casa como um criminoso: por mais vergonha que eu sinta por causa disso, ainda é pouco."

Diante da eloquência do falso discurso e cegado pelos embustes de Tartufo, Orgon não acredita no filho e o repreende dizendo que ele estava atacando um homem santo!



Com isso Tartufo vai levando vantagens junto a Orgon, Alegando que o importante são os bens do Paraíso, pós morte e não os bens terrenos , ele faz com que o comerciante doe sua casa e seus bens para ele.

Finalmente Elmire consegue  mostrar para o marido que Tartufo não é confiável, e um impostor.

Na cena Orgon fia embaixo de uma mesa enquanto Elmire incentiva Tartufo a cortejá-la. Não desconfiando da farsa, Tartufo repete todos seus votos de amor para Elmire

Orgon sai debaixo da mesa e expulsa Tartufo de casa, ao qual esse retruca : "A casa não é mais sua!, é você quem deve sair!"

Orgon fica arrasado e confessa para a família a loucura que fez doando seus bens para Tartufo. Algo o preocupava mais ainda. Um amigo seu, Argas, confio-lhe um cofre contendo papéis que implicariam muito o possuidor, e Orgon contou o segredo para Tartufo.


Na cena VI do último ato Valère traz a noticia que Tartufo entregou o cofre guardado por Orgon em confiança de um amigo e que tal fato fazia Orgon cúmplice. Além disso dizia que ele deveria fugir, porque a sua prisão era iminente.

Quando Orgon ia fugir, chega Tartufo e o impede, e diz que age em nome do Príncipe, e pede para que o oficial que o acompanha cumpra a ordem de prisão. 

Nessa hora uma total reviravolta acontece, e o oficial dá voz de prisão a Tartufo.

Ao ir delatar Orgon ao Príncipe, foi descoberto que Tartufo já vinha aplicando golpes contra a boa fé de outras pessoas já há algum tempo, com outros nomes. Assim todos os atos de doação de Orgon são anulados pelo Príncipe e Tartufo vai para a cadeia.

Na peça, Molière mostra toda a hipocrisia da sociedade francesa da época, escorada por costumes conservadores e moralistas.

Assisti à peça no Teatro Maria Della Costa em 1985, tendo Paulo Autran como Tartufo.


Fontes:

Tartufo - Poquelin, Jean Baptiste - Abril - 1980
wikipedia.org
google.com


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...