domingo, 13 de setembro de 2020

David Herbert Lawrence, ou D.H. Lawrence, escritor inglês, com uma longa lista de obras publicadas se estendendo por muitos gêneros literários, D. H. Lawrence, inicialmente celebrado por sua proeza na criação literária, embora de modo controverso; passou a ser visto como um representante da ideologia fascista e nazista na literatura. 


D.H.Lawrence



Tendo vivido e produzido quando esta ideologia, norteada pelo anti-semitismo, começava a se desenvolver de maneira mais acentuada e ganhar peso político. Foi chamado pelo filósofo Bertrand Russell, com quem trocou correspondências amistosas durante algum tempo, por "proto-fascista alemão", quando os contornos da ideologia nazi-fascista passaram a se desenhar de maneira mais clara.




Apesar do seu anseio por um ditador que legislaria inconteste sobre a classe operária de sua época (como expresso em sua correspondência com Bertrand Russell; como alternativa à república, que repudiava, Lawrence concebia como sociedade utópica "alguma forma" de socialismo.

"O amante de Lady Chatterley" foi proibido na época de sua publicação.


Resumo - O Amante de Lady Chatterley - Recentes




Capítulo I 


"A nossa época é essencialmente trágica, por isso nos recusamos a aceitá-la tragicamente. O cataclismo deu-se, estamos entre as ruínas, desatamos a construir novos pequenos habitat, a alimentar novas esperançazinhas. É uma tarefa difícil, já não há nenhuma estrada suave em direção ao futuro: rodeamos os obstáculos, ou passamos por cima deles. Seja qual for o número de réus que desabem, temos de viver. Esta era, mais ou menos, a posição de Constance Chatterley. A guerra tinha sido como um tecto que lhe caísse em cima, e ela compreendera que seria necessário viver e aprender. Casara-se com Clifford Chatterley em 1917, numa altura em que ele estivera na Inglaterra a gozar um mês de licença. Tiveram uma lua-de-mel de um mês. Regressara depois à Flandres, para voltar outra vez à Inglaterra, seis meses mais tarde, mais ou menos em bocados. Constance, a mulher, tinha então vinte e três anos e ele vinte e nove."


O homem que Contance recebe de volta está paralisado da cintura para baixo, e eles se recolhem na vasta propriedade rural dos Chatterley. Inteiramente devotado à sua carreira literária e depois aos negócios da família, Clifford vai aos poucos se distanciando da mulher.

"Ele era virgem quando casou e a parte sexual não tinha para ele grande significado. Eram tão íntimos, ele e ela, independentemente disso! E Connie sentiu-se feliz com essa intimidade que estava para além do sexo, para além da "satisfação" do homem; Clifford, de qualquer forma, interessava-se menos por essa satisfação do que a maior parte dos homens. Não, a intimidade era mais profunda, mais pessoal do que isso, e o sexo era apenas um acidente, ou um complemento, um desses processos curiosamente obsoletos, orgânicos, que persistem na sua própria inépcia, mas não são na realidade necessários."


DESIGN E PROCESSOS SOCIAIS: QUESTÕES DE GÊNERO NAS CAPAS DO LIVRO O AMANTE  DE LADY CHATTERLEY DESIGN AND SOCIAL PROCESSES: GEN




Isolada, Constance encontra companhia no guarda-caças Oliver Mellors, um ex-soldado que resolveu viver no isolamento após sucessivos fracassos amorosos.

Capítulo XVI


"Quando Connie chegou a casa foi submetida a um interrogatório. Clifford tinha saído à hora do chá e regressado antes da tempestade ter começado. E Lady Chatterley, onde estava? Ninguém sabia, apenas a senhora Bolton tinha sugerido que fora dar um passeio pelo bosque. Pelo bosque, com aquela tempestade! Pela primeira vez Clifford ficou num estado de nervos frenético. Estremecia a cada relâmpago e empalidecia a cada trovão. Olhava para a chuva torrencial, acompanhada de trovoada, uma chuva gelada como se fosse o fim do mundo. Ia ficando cada vez mais excitado."



Último romance do autor, O amante de lady Chatterley foi banido em seu lançamento, em 1928, e só ganhou sua primeira edição oficial na Inglaterra em 1960, quando a editora Penguin enfrentou um processo de obscenidade para defender o livro. Àquela altura, já não espantava mais os leitores o uso de "palavras inapropriadas" e as descrições vivas e detalhadas dos encontros sexuais de Constance Chatterley e Oliver Mellors. O que sobressaía era a força literária de Lawrence e a capacidade de capturar uma sociedade em transição.

Esta edição inclui o texto "A propósito de O amante de lady Chatterley", em que Lawrence comenta a controvérsia em torno do livro e justifica suas intenções literárias, e ainda uma introdução de Doris Lessing, vencedora do prêmio Nobel de literatura em 2007. Um apêndice e notas explicativas situam o leitor na geografia das Midlands e no vasto contexto social e político no qual a trama está inserida.




Capítulo XIX

"Mas não percebe - disse Connie - que tenho de me ir embora e viver com o homem que amo? - Não, não percebo, e não dou nada pelo seu amor nem pelo homem que você ama. Não acredito nessas escorregadelas. - Mas eu acredito, imagine! - Acredita? Minha querida senhora, garanto-lhe que é demasiado inteligente para acreditar no seu amor por Duncan Forbes. Acredite que até gosta mais de mim. Portanto, porque é que eu hei-de colaborar neste disparate? Ela achou que ele tinha de certo modo razão, e que era impossível esconder-lhe a verdade por mais tempo. Por quê? Porque não é Duncan que eu amo respondeu ela, fitando-o de frente. - Só lhe dissemos que era Duncan para o poupar. - Para me poupar? - Sim! Porque o homem que eu amo, e você vai-me odiar toda a vida por isso, é o senhor Mellors, o nosso antigo couteiro. Clifford, se pudesse, teria saltado da cadeira. Ficou amarelo, e olhou-a com ódio, com os olhos salientes de quem contempla uma catástrofe. Encostou-se, anelante, a olhar para o tecto. Finalmente recompôs-se. Isso é verdade? - perguntou, com um aspecto horrível. É, e sabe bem que é. Quando começou? Na Primavera. Clifford calou-se. Parecia um animal apanhado numa armadilha. - E era você a pessoa que estava no quarto da casa de campo, então? Ele, na verdade, sempre tinha sabido de tudo, interiormente. "


Temos de imaginar o furor que fez esse romance nos primeiros anos do século XX, na sociedade conservadora e reacionária da época. O livro foi censurado e não era uma leitura adequada para uma moça de família.





Fontes:
visionvox.com.br
wikipedia.org
companhia das letras.com.br
google.com

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