terça-feira, 1 de setembro de 2020

Nietzsche aos 18 anos de idade.
Friedrich Nietzsche



Em 15 de outubro de 1844, nasceu Friedrich Wilhelm Nietzsche no vilarejo de Röcken, na então Prússia (hoje Alemanha). Filho de pastor luterano, seu pai morreu cinco anos após o seu nascimento, deixando a mãe viúva com três filhos para criar. Vai para Naumburg com a sua família por questões financeiras, onde passa toda a sua infância. A sua formação teve como base uma educação rígida e os princípios luteranos. Por motivos financeiros, em sua adolescência, porém, o filósofo começa a traçar os primeiros questionamentos acerca da religião.


“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”


Quando criança, Nietzsche mostrava-se diferente dos seus colegas, apresentando um rigor com os estudos e um comportamento de severo autocontrole. Ainda na infância, o filósofo começou a sofrer sérios problemas de saúde jamais diagnosticados com precisão e que o acompanhariam por toda a sua vida. Problemas de visão que o levaram à cegueira quase total no fim de sua vida e dores de cabeça muito fortes acompanharam-no durante muito tempo e debilitaram muito a sua saúde.

Retrato de Friedrich Nietzsche

Aos 14 anos de idade e por seu desempenho notável, Nietzsche ganhou uma bolsa de estudos na Escola de Pforta, tradicional colégio alemão. Nessa instituição Nietzsche aprendeu latim e grego. Por meio de seus estudos, também começou a questionar os ensinamentos cristãos.


"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas."



Para Nietzsche, os principais temas abordados por todos os filósofos até o século XIX, como Deus, Ser, Razão, Sentido, Verdade, Ciência, Produção, Beleza, Ordem, Justiça, Estado, Revolução, Família, Demonstração, Lógica, seriam construções, valores morais ocidentais, que domesticavam o homem e anulavam sua criatividade. Os valores do mundo estão, portanto, baseados em nada – a cultura que não supera isso é uma cultura niilista.


"Há homens que já nascem póstumos."




Ao terminar os estudos básicos, o filósofo começou os estudos em teologia na Universidade de Bonn, por influência de sua mãe. Logo ele muda de curso, contrariando-a, transferindo-se para os estudos de filologia e voltando-se para o idioma grego. Em Bonn conhece o professor Friedrich Wilhelm Ritschl, que o estimulou ao estudo das tragédias gregas e apresentou-o à filosofia do alemão niilista e pessimista Arthur Schopenhauer.


Arthur Schopenhauer fez parte dos estudos de Nietzsche em sua juventude.
Arthur Schopenhauer

O niilismo é um conceito filosófico que acredita no vazio; que não há verdades absolutas que alicerçam as tradições.



Do latim, o termo “nihil” significa “nada”. Trata-se, portanto, de uma filosofia, que apoiada ao ceticismo, é destituída de normas indo contra os ideais das escolas materialistas e positivas.

Note que o termo niilismo é utilizado de diferentes maneiras. Para alguns estudiosos é um termo negativo, pessimista, associado à destruição, anarquia e negação de todos os princípios (sociais, políticos, religiosos).

Já para outros filósofos, a essência do conceito, se observada de maneira mais minuciosa, pode levar a libertação do ser humano.

Por meio da corrente niilista, o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, propõe a “ausência de sentido” atrelado ao conceito de “Super-Homem”. Eles surgem a partir da “Morte de Deus”, ou seja, da ausência de qualquer princípio.

Dessa maneira, estando os homens destituídos de normas, crenças, dogmas, tradições, eles regerão suas vidas (livre arbítrio). Isso resultará na criação de “homens novos” por meio do que ele denomina de “vontade de potência”.

De tal modo, o poder e os valores fruto das instituições (religiosas, sociais e políticas) tornam-se inexistentes. Surge assim, um homem livre e não corrompido por qualquer tipo de crença, o qual realiza suas próprias escolhas.

Quando o “Super-Homem” determinado por Nietzsche adquire esse poder, ocorrerá a transmutação de todos os valores.


Nietzsche foi um dos maiores filósofos do século XIX e deixou contribuições importantes como "Assim falou Zaratustra, um livro para todos e para ninguém (Also Sprach Zarathustra, Ein Buch für Alle und Keinen, 1883-85).  Nessa trama centrada na figura do sábio solitário Zarathustra, o conceito do super-homem surge necessário quando o homem já não mais se identifica com os seus semelhantes, com os demais homens. A necessidade da superação, reafirmando os valores imutáveis da natureza (como a força vital, o amor e o devir)¹ tornam-se indispensáveis para que não se perca a própria identidade em meio ao caos do mundo, mesmo que isso não seja aceito ou bem interpretado pela sociedade .

Nietzsche criticava os valores morais e cristãos que os poderosos impunham contra os mais fracos, subjugando-os assim por meio de dogmas e conceitos.


O filósofo alemão Friedrich Nietzsche.


As religiões sempre usaram a dicotomia entre virtude e pecado, gratificando a primeira com o "Paraíso" e a punindo a segunda com o "Inferno". Agindo assim sempre dominaram e conduziram o ser humano aos seus próprios interesses. 



Friedrich Nietzsche - Pensador


Nietzsche acreditava que a base racional da moral era uma ilusão e por isso, descartou a noção de homem racional, impregnada pela utópica promessa - mais uma máscara que a razão não autêntica impôs à vida humana. O mundo, para Nietzsche, não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era, portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso, e, por isso, se está dissolvendo e transformando-se em um constante devir². A única e verdadeira realidade sem máscaras, para Nietzsche, é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante.


Nietzsche era um crítico das "ideias modernas", da vida e da cultura moderna, do neo nacionalismo alemão. Para ele, os ideais modernos como democracia,socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência do "tipo homem". Por estas razões, é, por vezes, apontado como um precursor da pós-modernidade.

Nietzsche fotografado por Hans Olde no verão de 1899

A figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazista, tendo sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. 


Todavia, Nietzsche era explicitamente contra o movimento antissemita, posteriormente promovido por Adolf Hitler e seus partidários. A este respeito, pode-se ler a posição do filósofo:



Sem dúvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito além da apropriação feita pelo regime nazista. Ainda hoje, é um dos filósofos mais estudados e fecundos. Por vários momentos, inclusive, Nietzsche tentou juntar seus amigos e pensadores para que um fosse professor do outro, em uma espécie de confraria. Contudo, esta ideia fracassou, e Nietzsche continuou sozinho seus estudos e desenvolvimento de ideias, ajudado apenas por poucos amigos que liam em voz alta seus textos, que, nos momentos de crise profunda, ele não conseguia ler.


Nietzsche teve problemas com os nervos e chegou a ter um colapso mental, fato que transformou totalmente sua vida, fazendo-o viver aos cuidados da mãe e om a morte dessa de sua irmã 

Elizabeth Föster Nietzsche, era assumidamente antissemita. Casada com um propagador dos ideais antissemitas, ela passou a tomar conta dos manuscritos e da produção intelectual de seu irmão. Elizabeth Nietzsche editou arbitrariamente os manuscritos de seu irmão, e publicou por conta própria uma versão montada por ela da obra Vontade de poder.

A obra editada pela irmã possuía caráter antissemita, algo que Nietzsche achava horrível quando ainda estava bem de saúde. Mais tarde, Elizabeth conheceu Hitlerr pessoalmente e passou a ele várias informações acerca da obra de seu irmão, quando este já estava morto.

Por uma interpretação marcada pelas fraudes de sua irmã, Nietzsche tornou-se uma espécie de mentor intelectual do nazismo, imagem que somente foi desconstruída

quase 50 anos depois, com os estudos de Giorgio Colli e Mazinno Montinari, que resultaram na edição e publicação da obra completa do filósofo alemão.

99 doses de Nietzsche | Revista Bula

Em 1900, após onze anos de uma vida improdutiva e quase vegetativa, Nietzsche falece aos 56 anos de idade.





¹;²-conceito filosófico que mostra a mutação e a transformação pela qual todos passamos durante a existência.



Fontes:
wikipedia.org
mundoeduaao.uol.com.br
guiadoestudante.abril.com.br
google.com
dicio.com.br

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